A declaração

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Tewksbury abriu a porta e suspirou ao me ver ali.

— Entre por favor. – Ele disse.

O clima parecia pesado. Será que ele está com tanta raiva assim de mim?

Entrei e me sentei. Ele se sentou em minha frente e ficou calado. Tinha um lugar ao meu lado, e o lugar à minha frente ficava bem mais afastado. Ele realmente não quer ficar perto de mim.

— Tenho algo para lhe contar. – Ele começou. – Mas antes, gostaria de um lanche?

— Não, obrigada. A tensão tirou minha fome.

— Tudo bem. – Ele respirou fundo e continuou. – Eu... Como você está? – Ele se enrola com as palavras.

— Estou bem. Pelo visto você também está bem, já que parece estar cheio de pretendentes. Deveria dar uma chance para alguma delas.

— Preciso lhe contar uma coisa.

— Por favor, me conte logo. Não aguento mais essa tensão pairando no ar.

— Bom... Eu... Eu não estou atrás de nenhuma esposa no momento. E essas garotas da vila não me agradam. Elas... São muito superficiais. E não são tão bonitas quanto... Enfim, não tem chance de que eu me apaixone por alguma delas.

— Só tinha isso para me contar? Gostaria de se gabar do seu estado de solteiro e pronto?

— Não não, acho que você não entendeu.

— Não gosto de informações nas entrelinhas.

— Eu gosto...

Ouvimos uma batida na porta e Tewksbury parou de falar.

— Droga! Quem veio atrapalhar dessa vez? – Ele pergunta para si mesmo.

Meu amigo se levantou e abriu a porta.

— Senhor Williams? O que faz aqui?

— Gostaria de lhe chamar para um jantar em minha casa.

— Ótimo! Aceito a proposta. Quando seria? – Ele fala com pressa.

— Hoje às 18:00 horas.

— Tudo bem. Até mais.

— Sabe... – O homem impede Tewksbury de fechar a porta. – Minha filha está muito animada para lhe conhecer melhor.

— Oh, tudo isso é por sua filha?

— Ah não não, eu, minha esposa e meus filhos queremos mostrar hospitalidade. Você já está aqui há um mês e parece muito solitário.

— Espere, hoje às 18:00 horas?

— Sim, por quê?

— Acabei de me lembrar que estarei ocupado. Visitarei uns amigos na cidade. – Tewksbury é um ótimo ator.

— Que pena... Marcamos para outro dia então.

— Tudo bem. Podemos marcar depois? Estou ocupado agora.

— Claro. Até logo meu jovem.

— Até logo senhor Williams.

Ele fecha a porta, respira fundo e se senta ao meu lado. Nossa proximidade me deixa nervosa.

— Por que rejeitou esse jantar?

— Porque já fui em uns três jantares aqui na vila, e todas as famílias tentaram me fazer gostar de alguma garota da família.

— Essa situação deve ser cansativa e constrangedora.

— E é mesmo... Mas como eu falava...

— Não precisa continuar. Acho melhor eu ir embora, você precisa descansar. – Digo me levantando.

My dear, dear Lord | HolmesburyOnde histórias criam vida. Descubra agora