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Gabriel

No site do aplicativo de comida diz que a entrega é em até dez minutos, já se passaram trinta e nada do meu café da manhã chegar.

Acordei era por volta das 12:00pm com uma leve dor de cabeça. Como dei folga para a maioria dos funcionários e Celeste é uma delas tive que optar pedir comida pelo aplicativo.

Porque se eu inventasse de esquentar uma água provavelmente ia pôr um incêndio nessa casa.

De cinco em cinco segundos dava uma conferida tanto no aplicativo quanto lá fora para ver se minha compra estava chegando. Confesso que quando estou com fome me torno ansioso- mais que o normal.

Só não posso reclamar porque fiz o pedido tarde. Depois de muitas orações minha refeição já estava pronta pra ser digerida. E claro, pedi contando com a Lia também.

E por falar nela, a mesma continua dormindo, aposto como entrou em coma.

-Não fale, não respire e nem pense perto de mim- foi só falar no diabo.

Lia desceu o último degrau passando por mim sem dizer mais nada.

Vi que ela se direcionava até a cozinha e a segui, cheguei ela já mastigava um pedaço de maçã.

-Nossa como essa Ariel é mau educada- puxei a cadeira me sentando-, nem espera os outros para comer- coloquei um pouco de suco no copo.

Lia me olhava confusa.

-Me chamou do que?

Tomei um gole do suco me voltando à ela.

-Ariel. Sabe, a pequena sereia daquele filme da Disney- Lia continuava com a expressão de dúvida.- Você ontem ameaçou a se jogar na piscina dizendo que ia virar uma sereia.- Ela fechou os olhos com força e colocou a mão na cabeça.

Nem preciso comprovar que ela ta com uma enxaqueca daquelas.

Resolvemos fazer nossa refeição dentro de casa e não no jardim. Em silêncio. Paz.

Pude observar algumas manias dela durante esses minutos: a primeira delas é que ela não come a borda do pão e não come uvas roxas.

Percebi outros detalhes que foram em seu rosto. Lia tem um formato de rosto angelical- por mais que ela não tenha nada parecido com um anjo-, simetrico, mandíbula marcada, nariz fino como se tivesse passado por algum procedimento estético.

E o que me chamou mais atenção foram seus olhos e sua boca carnuda.

Pra falar a verdade ela é bem bonita mas muito marrenta pro meu gosto.

-Ta me olhando como se eu fosse um pedaço de carne, por quê?- sai do transe voltando a comer.

Balancei a cabeça afastando os pensamentos.

-Lia, eu não lembro de ter te visto no casamento dos nossos pais- mudei de assunto.

Ela deu outra mordida no sanduíche.

-É porque eu não vim. Aliás nem faz diferença eles só tem cinco meses de casado- deu de ombros.

Tombei a cabeça pra trás sorrindo de sua fala.

-Você realmente não sabe nada sobre sua mãe né- apoiei o braço na mesa-, eles vão fazer um ano juntos já.

Lia abriu e fechou a boca supostamente procurando palavras mas não se pronunciou mais.

Terminamos nossa refeição depois de um tempo. Lia me obrigou a lavar louça e demorei meio minuto segundo ela lavando um talher.

Arrumamos o que tinhamos bagunçado e cada um foi para um canto.

Lia foi pra biblioteca e eu fiquei jogado no sofá mexendo no celular sem nada de interessante para fazer.

A campainha tocou por um período até eu lembrar que dei folga até pro mordomo.
Grunhi e fui até a porta que fora aberta de supetão revelando cinco animais.

A batida da porta acertou meu nariz.

-Bom dia.... O sol já queimou a fazendinha carbonuzou o bezerro e a vaquinha e assou a dona galinha.- Kevin disse em meio a uma dancinha super vergonhosa.

Revirei os olhos.

-Ò seu branquelo já são três da tarde, então significa que é "boa tarde" e não "bom dia"- Elisa fez aspas com os dedos deferindo um tapa de leve nele depois.

Segurei o riso.

Nós seis ficamos nos encarando até que alguém resolvesse abrir a boca.

O que não foi boa ideia porque todos começaram a falar ao mesmo tempo, dando de entender nada.

-Calem a boca, ok!? Primeiro que vocês deveriam estar de ressaca e segundo o que fazem aqui?- Interroguei.

Jackson tomou a frente do grupo falando pelos outros.

-O que nós, seus velhos amigos vinhemos fazer na sua casa em plena segunda feira à tarde?- Usou o espírito filósofo.

Suspirei profundamente.

Jackson é bom em argumentos mas demora muito pensando neles e escolhendo as palavras corretas.

-Bem, nos acordamos neste dia ensolarando que, por incrivel que pareça está belíssimo- passou o braço pelo meu ombro-, resolvemos nos juntar e sequestrar você e a Lia- sorriu.

Franzi o cenho.

-Basicamente tirar vocês desse covil que chamam de casa- acrescentou.

Olhei para o inicio do corredor avistando Lia, ela estava bastante distraída lendo um livro que nem notou nossa presença ali.
Somente quando ia subir a escada foi abordada por Nanda, a fazendo levar um susto.

Lia arregalou os olhos encarando Nanda, provavelmente raciocinando sobre quem seria aquela louca.

Nanda arrastou Lia até onde estávamos deixando-a mais confusa.

-Seguindo o ritmo do Jackson. A gente resolveu chamar vocês para sair- Nanda falou ainda agarrada a coitada da Lia.

Passei a mão no cabelo.

-E para onde iriamos?- Ergui as sobrancelhas.

-Fazer compras.

-Jogar basquete.

Elisa e Jackson falaram em uníssono. Minha prima fuzilava ele com os olhos. Bem, as garotas só iam ficar vendo a gente jogar.

-Combinamos que iríamos ao shopping- ela colocou a mao na cintura. Juro que minha prima ficou parecendo uma xicara.

Jackson deu de ombros ignorando ela.

Eles começaram a discutir entre si pra ver o que iriamos fazer pelas próximas horas, Lia me olhava como se estivesse pedindo ajuda para se livrar da Nanda enquanto Samuel e Kevin estavam parados perto do sofá vendo toda a cena.

Tentei não rir da cara de desespero da Lia que estava pedindo socorro com os olhos.

XXXXX

Voltei, mais um capítulo.

Na vida sou o Gabriel a diferença que minhas compras pela internet demoram um mês pra chegar.

Aproveitem a leitura amores.

O Filho Do Meu PadrastoOnde histórias criam vida. Descubra agora