•013•

311 10 0
                                    

Gabriel

Estacionei o carro na garagem entrando em casa após trancar o veículo.
Praticamente me arrastei até o sofá me jogando em seguida.

Evoluir carga ok, mas pegar peso além do costume nem tanto. Principalmente quando você não treina mais.

—Vai tomar um banho– escultei a voz do meu pai.

Abri os olhos o vendo parado como uma estátua.

Os dias tinham se passado e ele voltou de viagem, juro que estava melhor antes.

—Por um acaso você me escutou, Gabriel?– Dei um sorriso forçado como resposta.

—Qual foi pai? Eu já tenho 25 anos e você não precisa me mandar tamar banho– fechei os olhos novamente.

Senti meu pai me cutucar, abri somente um olho e mesmo hesitando me levantei.

—Se você já tem 25 anos por que ainda mora aqui?!– Senti um tom de sacarmos misturado com sermão.

Virei o rosto pro lado olhando pra qualquer coisa.

Ficamos em silêncio, silêncio nada confortável. Era sempre assim quando eu falava algo e meu pai vinha querer argumentar.

—Depois passa no meu escritório, preciso falar com você.

Dei as costas subindo as escadas.

Estava cansado, já era quase onze da noite e eu só queria minha preciosa cama.

Na entrada do corredor era possível escutar um som extremamente alto, passei pelos milhares de quartos até encontrar o de Lia, estava aberta somente uma fresta da porta, a mesma estava sentada à escrivania rabiscando alguns papéis enquanto ouvia música. Não dei importância e segui pro meu quarto.

Vinte minutos depois estava indo de encontro com meu papai. Por ora, eu estava andando em passos de tartaruga.

Nem me dei ao luxo de bater, nem me importaria se ele estivesse em algum momento improprio.

—Melhor economizar a lista de sermão porque eu ouvi o suficiente durante uma semana– avisei fechando a porta.

Fez sinal para que eu me sentasse e assim fiz, Joseph estava lendo uns documentos que com certeza vai demorar séculos.

Aproveitei que a cadeira era giratória e fiquei parecendo uma criança, pelo menos assim esquecia um pouco do tédio que se acomulava naquele lugar.

Passado um tempo enorme enfim meu pai guardou a papelada em uma gaveta e se dirigiu ao cofre para fazer sabe-se sei lá o que.

Quando notou minha presença já foi logo me lançando um olhar de repreensão por estar mexendo em um globo de decoração.

—Minha lista de sermão para sua viagem produtiva ainda não se esgostou– afroxou a gravata–, mas não é sobre isso que quero falar.

Relaxei na cadeira entrelaçando as mãos.

—Já faz quase um mês que a Lia está aqui e vocês começaram com o pé esquerdo na relação– se sentou.

Cocei a nuca com pressentimento de que aquela conversa ia ser chata.

—Então quero que vocês saiam juntos para poderem se conhecer melhor– falou me deixando com cara de tocha.

Ergui tão rapido a coluna que aposto ter deslocado a lombar. Encarei meu pai no fundo dos olhos tentando assimilar o que ele acabara de dizer.

Ele quer que eu passe um dia inteiro com a Lia?

—Você quer que eu saia com ela?– Pisquei repetidas vezes.

Ele concordou com a cabeça.

—É muito bom. Vocês se conhecem melhor e quem sabe, param de brigar– deu de ombros.

—A gente não briga.

Meu pai me encarou com cara de poucos amigos como se dissesse que ele não esteve presente em uma discussão minha com a Lia.

Há dois dias, Lia e eu estavamos até nos dando bem, mas como alegria dura pouco eu inventei de comer uma fatia de bolo que tinha na geladeira.

E quando ela entrou na cozinha parou por um momento antes de começar a me xingar por ter comido o bolo dela.

Eu até argumentei, discutimos e meu pai chegou bem no meio dos xingamentos.

E como sempre sai como errado.

—Ta, aquele dia foi porque ela não sabe dividir– me defendi.

Senhor Joseph não deu tanta importância e prosseguiu com seu discurso.

—Está avisado. Leve–a para sair amanhã, sua única obrigação– largou a bomba me deixando ali plantando.

Resmunguei algumas coisas pra mim mesmo na intenção de entender que eu vou ter que sair com a Lia. Já não basta que convivo com ela todos os dias.

Antes de sair guardei um daqueles bonequinhos que fica mexendo o braço sem parar, já estava me irritando.

(...)

Depois de muita luta finalmente encontrei minha doce e adorada irmã– essa menina quando não quer ser encontrada se esconde numa facilidade– no jardim com fones olhando para o nada.

Bem a cara dela isso.

Chamei sua atenção que fora completamente em vão ela até percebeu que eu estava ali mas não fez questão de querer falar comigo.

Na quinta vez eu já estava sem paciência por não obter respostas retirei seus fones e seu celular deixando-os comigo.

Nem preciso dizer que ela quase fez vexame para coisa toda.

—Você é um idiota– resmungou.

Dei de ombros.

—Muda o disco– falei e puxei a cadeira me sentando a sua frente.– Seguinte, primeiramente eu não queria está fazendo isso, segundo fui obrigado e...– fui interrompido.

—Terceiro que se você não falar eu pego meu celular e deixo você falando com o vento– disse seria erguendo a sombrancelha.

Passei a língua nos lábios.

—Ok, vai fazer algo hoje além de ficar em casa fazendo nada?

Lia fingiu pensar pra tentar se livrar de mim.

—Nanda me chamou pra sair e...

Soltei uma risada sincera com sua resposta.

—Nanda ta viajando e nem adianta falar que a Elisa te chamou pra fazer sabe-se sei la o que porque ela não teve folga do trabalho– coloquei um sorriso divertido nos labios.

Lia passou a mão pelo rosto pensando novamente em outra desculpa.

—Ta, na verdade não vou fazer nada– deu de ombros.

—Fica pronta em vinte minutos. Antes que você pergunte, sim vamos sair– me coloquei de pé.

Ela me olhava com desdém.

—Ah pronto. Deseja que eu coloque uma roupa de gala não?– Debochou.

Olhei fixamente e por misérios segundos meu olhar foi direto pra sua boca. Subi os olhos encarando os dela no mesmo segundo.

—Não, uma roupa confortável é o suficiente– entreguei suas coisas e sai.

Mas antes deixei um aviso:

—Só não se atrase porque eu odeio gente que não tem compromisso– pisquei e fui me arrumar.

XXXXX

Cá estamos com mais um capítulo.

Lia de fone ignorando tudo parece eu enquanto professor explica a matéria

O Filho Do Meu PadrastoOnde histórias criam vida. Descubra agora