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Gabriel

—Gabriel, planeta terra chamando.

Luna estala os dedos na frente do meu rosto me chamando atenção. Balança a cabeça afastando os pensamentos lembrando do motivo de estar aqui. Com ela.

Luna simplesmente apareceu na minha casa sem mais e nem menos, então não tive outra opção a não ser de ter que vim me encontrar com ela. Acredito que ela deve ter se esquecido o fato de eu não gostar de grude, ficava toda hora querendo me abraçar. Aquilo estava me irritando.

—Comece a dizer o motivo de você ter aparecido do nada– minha voz soou mais ríspida do que imaginei.

Ela ajeitou a blusa ao corpo deixando uma parte dos busto visível, desviei o olhar.

—Quem faz as perguntas sou eu. Você simplesmente voltou pra Londres me deixando abandonada, sequer respondia minhas mensagens.

Revirei os olhos com seu interrogatório.

—Talvez eu tenha deletado seu número– forcei um sorriso.– Agora pode dizer como foi que me encontrou.

Luna bebeu um pouco do suco, um sorriso sinico tomou seus lábios.

—Em um dia normal andando pela cidade encontrei aquele seu amigo. O que fornecia o pozinho magico pra gente– seu sorriso aumenta.– Colocamos a conversa em dia e ele me chamou pra aquela festa, desconfiei que você estaria lá.

Passei a mão na nuca. A situação estava parecida com aquele ditado: quanto mais eu rezo mais assombração me aparece.

Luna colocou o braço na mesa apaiando a cabeça entre as mãos, mordeu o lábio inferior olhando pra mim.

Eu nem me surpreendo com o fato do Samuel ter falado sobre mim– porque obviamente isso aconteceu– para ela, os dois eram até então proximos quando estavamos no Mexico.

Pago a conta e saímos dali não quis estender muito a conversa, o que foi dito foi o bastante pra mim. Luna começou a se animar quando perguntei onde ela estava hospedada.

—Tem certeza de que não quer vim, docinho– apertei os dedos no volante ouvindo esse apelido horrível.

—Luna, eu não quero ser rude, mas faz um favor. Não volta a me procurar, o que tivemos já passou e eu não gosto de manter contato com ex.– Tensionei o maxilar.– Ainda sendo ex ficante.

Ela tirou o cinto saindo do carro, entrou no hotel sem olhar pra trás. Voltei a colocar o carro em movimento, olhei pro céu vendo que provavelmente iria chover hoje, uma coisa rara em Londres e quando isso acontece eu só preciso de uma cama e uma boa caneca de chocolate quente.

Chego colocando o carro na garagem. Saio do veículo entrando em casa. A primeira coisa que encontro ao entrar é uma cena de pai e filha, assim que Lia põe o olhar em mim revira os olhos, faço uma careta a provocando.

—Informaram que o jantar já vai ser servido, não se atrasem– Marcos nos avisa, da um beijo na testa da filha e sai.

Lia adquiri uma expressão de quem comeu um limão. Cruza os braços na defensiva.

—Seus amigos perguntaram do motivo de você não ter ido pro jogo. Mas não se preocupe, fiz questão de dizer que você saiu com a sua namoradinha.– Sorriu forçado dando ênfase na última palavra.

Passei a língua no canto interno da boca, Lia revirava os olhos com meu silêncio.

Analiso-a de cima abaixo lendo sua linguagem corporal. Ela evitava olhar diretamente para mim, seus braços continuavam cruzados à frente do corpo, os lábios levemente franzidos.

O Filho Do Meu PadrastoOnde histórias criam vida. Descubra agora