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Lia

Finalizei passando um gloss por cima do batom vermelho. Me senti poderosa para mais um dia de luta.

Gabriel me olhava de canto de olho pelo retrovisor, saimos de casa sem dizer uma palavra sequer ao outro.
Quando chegamos desci e fui até Nanda que estava sentada em um banco com fones julgando com o olhar todos que passavam ali.

Me sentei ao seu lado e comecei a julgar junto com ela, a mesma riu retirando os fones me cumprimentando.

—Muito fofoqueira você– disse ao desfazermos o abraço.

—É cada coisa que eu escuto– Nanda disse rindo.

Continuamos conversando e obviamente falando da vida alheia já que não tinha nada de tão interessante assim pra fazer.

—Fernanda Smith!.

Uma voz masculina chamou por Nanda que virou bruscamente. Ela saiu do banco quase correndo indo até a pessoa. Os dois tiveram que se segurar pra não cairem no chão.

—Quanto tempo– o garoto falou.

—Só o que? Três anos!?– Nanda retrucou.

Os dois se aproximaram até mim, e Nanda nos apresentou.

—Lia, esse é o Paul um velho amigo. Paul essa é a Lia– esbocei um sorriso genuíno.

Paul tinha uma aparência fisica boa até. O rosto não tanto simétrico mas com a mandíbula marcada.
Ele tinha o corte do cabelo em um quase estilo militar. Aparentemente parecia ter a mesma idade que algum dos meninos. Óculos de leitura estavam no moletom azul marinho que ele usava.

O mesmo me olhava de cenho franzido obviamente pensando que eu deveria estar tarando ele apenas com o olhar.

—Me diz que você largou o drogado do Samuel e agora ta com essa gata?– A voz de Paul tomou conta do lugar.

Nanda abriu e fechou a boca várias vezes procurando palavras. Paul se deu por vencido com o silêncio da amiga.

—De verdade até eu ficaria com ela se não gostasse da mesma fruta que você– apontou pra mim.

Ergui as sombrancelhas rindo.

—Liga não, ele é gay– Nanda explicou.

Minha expressão de dúvida deu lugar a uma divertida.

—Da mesma maneira que você é dos dois times, Fernanda– Paul retrucou.

Nanda apertou os lábios formando uma linha fina tentando esconder um sorriso.

Ele se despediu da gente indo pra sabe Deus onde.

O sinal tocou indicando que as aulas iam começar, Nanda me acompanhou e fomos rindo o caminho inteiro.

—Serio? Bissexual?– Soltei uma risada nasal.

Nanda revirou os olhos, mostrou a língua entrando em sua sala.

Caminhei até meu lugar que ficava bem ao fundo, tinha poucos alunos, fiquei mexendo no celular até a sala começar a ficar lotada de tantos seres humanos.

(...)

De acordo com o professor nós alunos deveríamos ter uma espécie de aula prática para quando for no futuro estarmos apto ao trabalho.

Porém, quando decidi fazer o curso de perícia criminal eu pensei que ia ser qualquer outra coisa estudada menos que eu estaria presenciando uma cena teatral de necrotério.

Professor explicava como seria esse trabalho prático e que deveria ser em dupla, e como eu sou tão social quase não encontro alguém com cara de que realmente gostasse da coisa.

O Filho Do Meu PadrastoOnde histórias criam vida. Descubra agora