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Lia

Como eu havia dito: tudo muito bem pra da errado hoje.

Primeiro eu quase perdi novamente o horário de ir pra faculdade, tomei uma bronca do professor mandando eu refazer um trabalho que demorei semanas acordada pra terminar e agora estou diante de uma poça de vidros quebrados por todo canto– se é que esse termo existe.

—Você só pode ter feito doutorado em burrice pra ter feito isso acontecer.

—Não houve nada, larga de ser exagerada– diz Gabriel me fazendo revirar os olhos.

—E voce é um imbecil por não prestar atenção.

—Você é uma histerica que ta reclamando por nada

Ponho a mão na cintura. Gabriel adere uma postura reta.

—Idiota

—Insuportável

—Cala boca

—Histérica

—Por que você não evapora?– retruco.– Seria um favor pra humanidade.

Gabriel não disse mais nada e saiu esbarrando em mim propositalmente.

Bufei em frustração. Olho mais uma vez os papéis que me foram entregues vendo o que ainda tinha pra fazer. Não sei onde eu tava com a cabeça quando aceitei fazer parte disso, nem opção de poder pensar eu tive.

Olhei milhares de vezes pra aquela lista pensando em fazer duas coisas e quatro não, e assim por diante.
Passei a mão no pescoço fazendo uma massagem pra aliviar a tensão.

Tento por tudo não ter que revirar diante da cena que vi; uma das mulheres que seria responsável pelo buffet ou sei lá. Estava toda engraçadinha pro lado do Gabriel, aquilo me deu ânsia.

—Meu radar de ciúmes está apitando desesperadamente pra cá– Elisa surge no meu campo de visão.

A encaro demonstrando um pouco de desdem.

—Você andou bebendo?

—Ah. Só uma garrafa de vinho. Ainda to de ressaca– responde ela.– Mas não mude de assunto. Você ta com ciumes do Shawn paraguaio– inclina a cabeça na direção dele.

—Digo e repito: você exagerou e feio no vinho, ta até vendo coisa onde não existe– mudo o rumo da conversa.

Elisa respira fundo, pega um copo de uísque de uma das meses de degustação que tem ali.

—Vou entender essa sua resposta como um sim– levanta o copo em um brinde bebendo o líquido em seguida.

Ela virou todo líquido de uma só vez na boca. Fez uma careta engraçada sentindo a bebida quente descendo pela garganta.

—Não se fazem mais whisky's como antigamente– diz Elisa.

Sorri discretamente dela.

Elisa pegou a planilha das minhas mãos e tirou dois marca texto de cores diferentes de narnia, começado a grifar umas coisas. Ela tinha uma expressão de seriedade no rosto.

Pouco tempo depois ela me devolve, a lista parecia um carro alegórico com tanto rosa e amarelo neon.
Ao lado de cada coisa que eu tinha que fazer ainda estava escrito "fazer isto" ou "não fazer" os de rosa eram os que eu não necessariamente precisava fazer.

—Vamos "violar o sistema"– ela faz aspas com os dedos.

Franzo as sombrancelhas.

—Eu quero é morar no circo.

Elisa revirou os olhos com a minha resposta.

Ficamos ali por mais duas horas o que rendeu mais caos. Paul que se ofereceu pra ajudar estava mais era flertando com todos os homens que chegavam por ali. Desistiu dos foras e foi atrás da minha mãe quando ela apareceu.

Kevin como sempre um artista nato começou a dançar querendo parecer a Shakira, no fim ele desistiu da dança e virou degustador de doces.
Amanda aparentava ter por volta dos 37 anos, mãe de dois filhos de cinco anos, dona de casa. A coitada não parava quieta e brigava com os meninos por estarem mais atrapalhando do que ajudando– confesso que eu apoiei ela nessa parte.

Por volta das seis da tarde Jackson chamou a gente pra um after mas eu estava tão cansada que decidi ir pra casa me trancar na sala de cinema com um balde de pipoca, um pote de sorvete e um suco de maracujá enquanto assisto algum filme depressivo ou documentário.

Cheguei em casa e corri direto pro banheiro, acabei tendo uma surpresa com a amiga vermelha. Agora ta explicado o motivo de toda minha raiva nos últimos dias.
Tomei um banho relaxante e coloquei uma roupa confortável, por sorte não tenho cólica mas a fome por besteira que me da nesses dias é insana.

—Vai com calma sua formiguinha– ouço a voz do meu pai.

—O máximo que pode acontecer é eu ficar com mais fome ainda– respondi pegando duas fatias de bolo de chocolate.

—Como foi seu dia?– Pergunta após dar um beijo na minha testa.

—Cansativo. Você me acredita que o Gabriel quebrou mais de cinquenta taças?! Foi terrível– mordi um pedaço do bolo.

Meu pai sorriu sarcasticamente, colocou o copo na pia se virando pra mim.

—Na minha época quando um casal implicava com o outro, no futuro eles namoravam.

Comecei a tossir quando ele terminou de falar.

—Por favor, pai.– Consegui falar depois da crise de tosse.– Isso era na sua época e além de tudo Gabriel e eu somos "irmãos"– fiz aspas no ar.

—Infelizmente este é um tabu que ainda não foi cem por cento quebrado– suspirou.– Vocês dariam um belo casal.– Finalizou sua fala com uma piscadela indo embora.

Afastei todos os pensamentos que invadiram minha mente e me desloquei até meu quarto, fiquei assistindo até umas nove da noite depois que dormi não lembro de mais nada.

XXXXX

Amo o pai da Lia. Elisa tá igual eu no bimestre passado na escola.

Vamos concordar que flertar implicando é e sempre será elite.

Curtam e comentem bastante🙃

O Filho Do Meu PadrastoOnde histórias criam vida. Descubra agora