— Desista, soldado — A voz do major ecoou pelo campo de treinamento. Ele estava me provocando, eu sei que estava. — Você sabe que não consegue! Saia daí! — Eu não vou cair nas provocações desse filho da puta.
Eu terminei de me arrastar na lama por baixo das cordas, a chuva forte quase me impedia de ver as coisas na minha frente. Quase.
Eu me levantei e corri, as botas me impedindo de escorregar na terra molhada. Eu ouvia os gritos dele e ignorava totalmente, eu sabia o que ele estava fazendo e não ia cair nos joguinhos.
— Tá parecendo uma tartaruga de tão lenta! — Ele gritou e eu revirei os olhos enquanto escalava a corda.
Eu estava em primeiro com uma puta vantagem.
Soltei um palavrão quando minha mão escorregou da corda e eu caí no chão, as costas batendo no chão duro e molhado. Ouvi risadas e aquilo me subiu um ódio. Olhei para trás e todos os meus superiores estavam rindo, menos ele. Olhei para a gincana e Harper Lee estava quase saindo debaixo das cordas.
Eu me levantei e voltei a subir a corda, focada apenas no sino no topo, Harper também estava subindo as cordas agora.
As risadas foram cortadas quando o sino tocou, eu balançando a corda para tocá-lo enquanto sorria vitoriosa. Todos me encaravam boquiabertos, sem nenhuma exceção.
A cara de espanto dele deu lugar a um sorriso, um sorriso orgulhoso e aquilo me fez sorrir mais ainda.
Eu odeio aviões. Que porra de plano foi esse?
O carro chacoalha e eu dou uma apertada no volante.
MAS NEM FUDENDO!
— Ei Lottie, tá se cagando de medo né? — Brian pergunta no rádio.
— Vai dar meia hora de cu com relógio parado, O'Conner — Eu devolvo a provocação, meu tom de voz sendo de raiva.
Eu escutei as risadas e quase xinguei tudo e todos mas eu tenho modos.
— É o seguinte Dom, vamos fazer essa missão o mais discreto possível — Sr Ninguém fala e eu quase gargalhei.
A palavra discrição não combina com a gente.
— Eu sempre sou discreto — Mente que nem sente vagabundo.
— Se conseguir concluir essa missão com sucesso, eu troco minha cerveja belga por um barril de coração — Sr Ninguém diz fazendo eu e Dom dar risada.
— Você não sabe o que tá perdendo — Eu e Dom dizemos no rádio em uníssono.
— Tá na hora gente — Brian diz no rádio. Quase dava pra sentir sua excitação.
Eu tava tremendo igual uma vara verde quando o portão de carga abriu, os motores dos carros roncando. Meu irmão está querendo me matar e não tá sabendo dizer. É isso.
— Hora de trabalhar — Dom fala no rádio antes de dar ré no carro e pular do avião.
Pular. Do. Avião.
Letty foi a próxima, fazendo o mesmo. Depois Brian e Tej.
Eu fechei os olhos, rezei pra qualquer santo ou Deus que exista e sei ré, gritando quando senti o carro caindo em queda livre.
— PUTA QUE PARIU! — Eu gritei alto, o medo passando e a adrenalina assumindo o controle.
Eu dei um sorriso sincero. Um sorriso suicida. O famoso sorriso Toretto.
— Valeu gente, mas eu vou ficar aqui — Roman diz no rádio. Quase conseguia imaginar ele fazendo sinal de paz e amor. Do tipo: Valeu, fui.
— Você não precisa fazer nada! O paraquedas é guiado por GPS! — Letty grita.
— Tej! — Meu irmão gritou dessa vez. Diminui o som do rádio.
— Desculpe galera, mas eu e o piloto vamos ficar observando e cuidando de vocês aqui de cima — Roman fala. Coitado, nem imagina.
— Não, eu que peço desculpas — Tej falou e eu podia jurar que ele estava sorrindo.
Tudo o que ouvi no segundo seguinte foi o grito estridente de Roman.
— EU TE ODEIO TEJ! — Ele gritou fazendo todo mundo rir.
O chão estava se aproximando e eu estava ficando cada vez mais elétrica. Eu tinha sonhado com ele, isso tinha parado a alguns anos mas parece que com a volta dele, isso também voltou.
Eu não estava nem um pouco ansiosa para o dia que teria que o encarar cara a cara. Não estou nem um pouco preparada para o que irei dizer.
Eu acho que vê-lo naquele túnel, ouvir sua voz, mesmo que por um segundo, preocupado comigo. Causou sensações em meu corpo que a tempos não aconteciam. Isso não deveria acontecer, eu não deveria permitir que ele invadisse meus pensamentos e controlasse as batidas do meu coração. Ele não tinha esse direito.
O painel começou a apitar, indicando que estávamos perto demais do chão. Quando vi meu irmão acionando o paraquedas, eu fiz o mesmo. Batendo em alguns galhos de árvores até chegar perto da estrada. Soltei meu carro do paraquedas no momento em que vi que estava próxima demais do asfalto.
— UHUUUUUU — Gritei quando meu carro deu um tranco mas acelerou pelo asfalto quando as rodas tocaram o chão.
— Checando — Meu irmão disse no rádio.
Ok.
Ok.
Ok.
— Devíamos repetir isso mais vezes — Eu falo no rádio e escuto a gargalhada do meu irmão.
— Com certeza — Ele garante e eu dou um sorriso.
— Dois malucos — Letty diz e eu balanço a cabeça concordando enquanto acelerava para colocar meu carro na fila.
Fiquei atrás de Dom, Letty atrás de mim e Brian atrás dela. Tej que era o grandalhão, estava por último.
— Relaxa Roman, a gente volta pra buscar você
— ESSE NÃO ERA O PLANO! — Ele grita no rádio e todo mundo gargalha.
Eu tive um mau pressentimento enquanto dirigiamos, parecia que algo aconteceria. Olhei pela floresta, meus olhos parecendo ser puxados pra lá.
Inicialmente não vi nada, apenas árvores. Grande coisa.
Até que eu consegui ver, no desfiladeiro, um pouco longe. Tinha um carro estranho dirigindo, parecia ter sido construído próprio pra isso e não comprado. Eu queria imaginar que fosse qualquer coisa, que pudesse ser Roman mesmo que eu soubesse que não era possível.
Voltei a olhar pra estrada, vendo o comboio e suspirei.
— Ele deve estar no ônibus — Brian disse.
Olhei novamente pra floresta e vi o carro acelerar. Eu não estava nem um pouco preparada para o que iria acontecer.
Deus me ajude.
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Laços - Deckard Shaw (Livro Um)
FanfictionNão existem muitas fanfics do Deckard e muito menos do Jason Statham. Então eu, sendo uma boa fanfiqueira da madruga, decidi escrever uma. Espero que gostem, sinceramente. Sou fascinada pelo universo de Velozes e Furiosos desde quando eu era uma c...