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— Eu não acredito que fez aquilo. — Hattie falou assim que sentamos nos nossos lugares. Hattie em uma ponta, eu no meio e Deckard na outra.

Eu odiava voo comercial, principalmente assentos no corredor.

— Ele só iria nos atrasar. — Ele justificou e nós duas reviramos os olhos.

Hattie se levantou para ir ao banheiro enquanto ainda dava tempo e eu peguei o pingente em meu pescoço, mexendo para tentar amenizar meu nervosismo. Eu agradecia profundamente que meu irmão ainda não tenha descoberto nada, já que foi viver no fim do mundo.

O pingente era de diamante em formato de coração, frio e duro. Ele brilhava em várias centelhas de arco-íris a qualquer luz que o tocasse. Era o único cordão que eu usava junto com o meu crucifixo.

— Não podemos fazer isso. — Eu sussurrei. Deckard olhou pra mim. — Já é ruim isso poder matar todo mundo, mas vamos tirar essa máquina misteriosa de um complexo de segurança máxima impossível de ser acessado e, magicamente, fazê-la arrancar isso de mim. — Eu soltei um riso fraco, sem humor. — Francamente...

— Sabe o que realmente acho? — Deckard sussurrou, inclinando o rosto para se aproximar de mim. Ele sorriu ao olhar o pingente em meus dedos. — Não sabia que ainda tinha isso. — Seus olhos subiram para os meus, suaves e calorosos, porém distantes enquanto era levado para as lembranças.

Eu não estava diferente.

— Por que guardou? — Ele perguntou, o tom de voz ficando mais baixo e os olhos com um brilho mais intenso.

— Por que não guardaria? — Retruquei e ele sorriu, a covinha em sua bochecha aparecendo.

— Justo. — Murmurou e eu dei um sorriso.

Ficamos nos encarando por alguns segundos, meu sorriso diminuindo aos poucos.

— Eu acho que...

— Nós ficaremos bem, ok? Vamos fazer isso dar certo. — Ele disse com a expressão mais séria que eu já tinha visto. Eu senti que ele não se referia totalmente a nossa situação atual, tinha algo mais que ele queria dizer, porém não disse.

— Mas se não conseguirmos? — Eu me atrevi a sussurrar e vi ele engolir em seco.

Ele estava pensando na possibilidade. Agora qual possibilidade?

— Decks, você sabe que a única outra opção é...

— Sem chance. — Ele me interrompeu no mesmo segundo, aproximando mais o rosto do meu.

Eu perdi a respiração naquele momento, sentindo sua respiração contra o meu rosto já que nossos narizes se tocavam. Ele me olhou nos olhos, descendo até a minha boca. Eu o vi engolir em seco. Quando eu iria me aproximar, Hattie se jogou no assento ao meu lado fazendo nós dois nos afastarmos rapidamente.

— O que eu perdi? — Ela perguntou.

— Nada. — Falei, balançando a cabeça de um lado para o outro freneticamente.

— Oi, cheguei! Sou o Tom. — Ouvimos a voz de Hobbs na entrada do avião. Eu não perdi o sorrisinho de Hattie quando ele entrou.

Ele andou até a gente, cumprimentando qualquer um em seu caminho. Quando viu Deckard, ele sorriu abertamente.

— Olá! — Disse e olhou para os assentos. — Vamos ver, onde está meu lugar?

Eu olhei para Deckard que não parecia nem um pouco feliz e segurei ao máximo a gargalhada que eu queria dar.

— F1, F2... — Ele olhou para Deckard, desfazendo o sorriso. — Foda-se. — Tossi, disfarçando a risada. Hobbs olhou para Hattie e sorriu. — Oi. — Acenou e Deckard o olhou, claramente com ciúmes da irmã mais nova.

Laços - Deckard Shaw (Livro Um)Onde histórias criam vida. Descubra agora