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— Eu sou foda — Murmurei, sorrindo para a tela do computador assim que acessei o sistema de armas.

Era um único clique e eles não teriam como lutar.

— Boas notícias? — Virei o rosto pro lado vendo Deckard ali, inclinado sobre a mesa.

— Eu entrei. Consigo bloquear o sinal do satélite por 6 minutos. Eu teria que ter mais tempo pra conseguir bloquear o sinal por mais tempo — Expliquei vendo ele sorrir.

— Seis minutos? Pode ser o que precisamos. — Ele olhou para um ponto qualquer, imaginando as possibilidades, e então voltou a olhar pra mim. — Melhor do que um pedaço de pau nos olhos — Ele ironizou e eu dei risada.

— O que é, literalmente, o que temos pra lutar — Eu disse o óbvio e Deckard inclinou o rosto levemente pro lado, sorrindo de canto e com os olhos brilhando.

Eu queria estar com tanta esperança quanto ele. Era mais fácil pensar do que botar em prática pra mim.

— Mas já conseguimos com menos, certo? — Ele lembrou e eu dei risada, concordando com um aceno de cabeça.

Ele sorriu, se inclinou mais, me deu um beijo na testa e saiu andando. Eu suspirei assim que ele se afastou o suficiente, voltando a olhar para o computador e depois para a janela, vendo o sol brilhar lá fora.

Me levantei e fui até a geladeira, peguei duas garrafas de cerveja e saí da oficina, andando até o morro que eu sabia que Hattie estava. Parei ao lado dela, colocando as cervejas na mesinha de madeira.

— Você acordou e saiu sem nem dizer um bom dia — Eu fiz um biquinho, vendo ela sorrir e abrir uma das garrafas de cerveja.

— Perdão pela minha falta de educação — Ela disse em um tom de deboche e nós duas rimos.

Fiquei mais perto dela, deitando a cabeça em seu ombro e sentindo a cabeça dela se apoiar na minha.

— Me diz o que está te incomodando — Pedi baixinho e ouvi ela suspirar. — Estarei com você até depois da morte, lembra? Pode me dizer qualquer coisa — Eu continuei falando. Eu queria ela sorrindo, por isso fiz uma gracinha. — No máximo, você só leva um esporro — Eu levantei os ombros e pude sentir suas bochechas se mexendo enquanto ela sorria.

— Vamos aproveitar o tempo que ainda temos — Ela disse e se virou pra mim, me puxando para um abraço.

Eu sabia que minha morte iminente não era a única coisa a incomodando, mas deixei que ela achasse que estava me distraindo.

— Quer ser sentimental agora, Hattie Shaw? — Debochei, meus olhos já estavam marejados.

— Eu quero que saiba, que não importa o que aconteça hoje, você sempre será a minha pessoa — Hattie se afastou, me olhando nos olhos. Suas mãos seguravam meu rosto como quem segurava um punhado de areia que voaria com o menor vento.

— Você também é a minha pessoa, Hattie — Eu sussurrei, me inclinando e ficando com a testa colada na dela. — Me promete uma coisa?

— Que eu vou puxar o seu pé se você morrer hoje? — Ela perguntou e nós duas rimos.

— Não, bobona — Eu me afastei pra olhá-la e vi que ela percebeu o quão séria eu estava. — Prometa que não vai abandoná-lo, não de novo. Se eu não estiver aqui pra cuidar de vocês dois, me prometa que não vai deixá-lo sozinho — Eu pedi, implorando com os olhos.

Eu senti as mãos de Hattie tremendo contra o meu rosto, então coloquei minhas mãos por cima das dela. Vi ela balançar a cabeça, concordando e me puxar para um abraço apertado.

Laços - Deckard Shaw (Livro Um)Onde histórias criam vida. Descubra agora