Ghosting; Starchaser

08 - Regulus

"Nós deveríamos nos conhecer"

"Não."

     Obviamente, nós não deveríamos nos conhecer.

     É raro que coisas boas aconteçam, é raro que eu reconheça quando acontecem comigo - e, aparentemente, é raro que durem muito.
     Com certeza poderia ter sido pior, não poderia? Claro, eu me apeguei um pouco, mas mesmo assim... Posso lidar com isso.

"Ele não para de te encarar." Crouch tenta me convencer disso há alguns minutos.

"Não Barty, Potter é meio tonto, ele deve estar olhando para o nada - que por acaso coincide com a gente."

"Não. Barty definitivamente está certo." Evan se insere na discussão. "Tadinho, olhe para aqueles olhos de cachorrinho abandonado..."

"Meu deus, e agora ele fechou os olhos e se jogou para trás, será que percebeu que a gente percebeu?" Crouch sussurrou alto para mim e Rosier que estávamos quase colados tentando nos ouvir.

"Acho que ele só deve estar chateado com alguma coisa."

"Aposto que você deixaria ele um pouco mais feliz."

"É mais fácil Regulus dar o golpe final."

"Aposto que ele morreria feliz, eu morreria feliz."

"Eu também." O loiro concordou.

     Eu mal percebi quando começaram a ir dançando até o sofá ou quando Barty me deu um empurrão 'acidental', murmurando um pedido de desculpas falso.

"Droga!" Um pequeno pânico tomou conta de mim, imediatamente me levantei e puxei Potter até o quarto de Sírius, procurando alguma camisa que coubesse nele.

      Ri de deboche ao encontrar uma antiga blusa do time da escola, com certeza combina melhor do que qualquer estampa de banda, ainda que meu irmão pareça ter a coleção de todas as bandas que algum dia existiram.

     Minha risada aparentemente puxou a atenção de James, que ficou um pouco distraído encostado contra a porta, em um suspiro, ele tira os óculos e quando os coloca de novo sorri. Deus, o sorriso dele é bonito ao ponto de sua tristeza ser realmente penosa.
     Por algum motivo, provavelmente o que Pandora me explicou ser uma versão de álcool mais eficiente e rápida do que cerveja, não consigo me controlar ou me impedir de andar silenciosamente e percorrer o risco nas costas dele.

     O risco branco da ferida já cicatrizada chamou minha atenção porque lembro desse dia. O jogo do segundo ano, quando um dos garotos da Corvinal empurrou ele contra a arquibancada e Potter bateu de costas contra uma ponta de ferro exposto da estrutura. Lembro de ter me levantado de supetão e descer correndo ver o que aconteceu, encontrando com Sírius no caminho, e lembro de Pandora xingando em alto e bom som o jogador que cometeu a falta.

     De repente, ele ficou de frente para mim e eu segurei minha respiração. Minha mão continuava em contato com a pele, agora deslizando pelos malditos músculos bem definidos.

"Regulus." A voz de Potter me chamou e, como por um comando suave, levantei meu rosto.

"James."

"Obrigado pela camiseta limpa." Ele se afastou. "Vamos voltar para a festa, sim?"

"De nada."

     Claro, James Potter, sempre fugindo.

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