🇨🇵 XVI 🇧🇷

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Sinopse: Final de férias. Nívea e Eric entram em uma discussão tensa, pois o professor não concorda com a educação liberal que a jovem recebera dos pais.

Volta às aulas e Nívea precisa encarar um personagem em sala de aula encarnado no homem que lhe levou ao céu durante o último fim de semana de férias.

***

Duas pequenas bandejas de café da manhã vazias estavam sobre a cama contendo apenas pratos com migalhas de pão, torradas, iogurtes, uma xícara de café e um copo, ambos vazios e papéis toalhas amassados. Eric estava sentado à mesa do notebook lendo algo na Internet, enquanto eu navegava pelo Instagram sentada na cabeceira da cama com o corpo coberto até os seios pelo lençol branco. Nisso, recebi uma chamada da minha mãe.

- Quem está te ligando? - Eric perguntou sem se virar com os braços dobrados e repousados no alto da cabeça ainda olhando para a tela, relaxado na cadeira.
- Quer conhecer a voz de Dona Helena Toledo? - perguntei à ele em resposta.
- Fique à vontade.

Aceitei a chamada e coloquei no viva voz apenas abaixando um pouco o volume.

- Oi mãe, bom dia!
- Oi meu amor, bom dia. Como você está? Acordou agora?
- Mais ou menos - tapei a boca segurando uma risada - quase não dormi.
- Como foi a festa do Felipe? Vocês se divertiram?
- Ah, foi legal. Mas aí teve briga na boate e viemos embora.
- É mesmo? - o tom de voz preocupado - Vocês se machucaram?
- Não, não. Estamos bem, não se preocupe. E você e o meu pai? Como estão?
- Tudo correndo bem, o Congresso está maravilhoso.
- Que bom.
- Você e a Melissa vão fazer alguma coisa hoje?
- Ah mãe, não sei, a Meli está dormindo ainda. Talvez role shopping de tardinha, como a gente sempre faz né...
- Tá certo então. Como que está o saldo da sua conta? Você tem dinheiro?
- Acho que sim. Ainda não olhei o aplicativo do banco hoje.
- Tá, vou fazer uma transferência pra você passar o fim de semana. Amanhã de noite, estamos de volta tá bom? Estamos morrendo de saudade, meu amor.
- Eu também mãe, manda um beijo pro meu pai.
- Mando sim, vou ter que desligar agora, temos uma programação marcada para as dez da manhã. Beijo.
- Beijo.

E desliguei. Olhei para o lado e vejo Eric voltado na minha direção, sentado na cadeira com os braços cruzados, as pernas esticadas, me olhando sério e atento por trás dos óculos transparentes. Deus, ele poderia ser mais lindo do que já é?

- O que foi? - perguntei.
- É isso mesmo o que eu entendi? Seus pais não estão em casa? - ele questionou.
- Não. Por que acha que passei a noite com você? Se na minha casa tivesse telefone fixo aí sim eu estaria encrencada caso minha mãe ligasse pra lá.
- Sim, ouvindo a conversa e você me falando isso, consegui ligar uma coisa na outra - percebi sua voz alterada - Nívea, você desembarcou ontem sozinha voltando de viagem e ninguém foi te buscar?

Eric nunca me chamou pelo nome desde que começamos a nos encontrar. Isso não era nada bom.

- Claro que não. O Lipe e a Meli foram me buscar. Meus pais viajaram na quinta-feira. Ontem nós três saímos e o resto você já sabe.
- Então, para os seus pais, você está agora na sua casa?
- Isso mesmo.
- E sozinha?
- Acertou. Foi a primeira vez que isso aconteceu, Eric. O prédio onde moramos tem uma boa segurança. Já aconteceu dos meus pais saírem e eu ficar em casa sem eles. Não tem perigo.

Ele continuava a me observar pensativo. E isso fez o meu cérebro latejar.

- Seus pais te criam totalmente solta no mundo - afirmou - e você só tem 15 anos.
- Eles trabalham muito - falei justificando - e são bons pais.
- Bons pais? Deixando a filha adolescente ir para boates?
- E qual o problema? Eu estava com os meus amigos!
- Sabe o que poderia ter acontecido com você se eu não tivesse ido te buscar ontem? Sabe? - o tom repreensivo na voz me assustou - Eu sou professor daquela universidade que fica na esquina! E conheço todo o tipo de gente que frequenta aquele lugar! Te tirei de lá porque sabia exatamente como a noite ia terminar: em pancadaria! Não foi o que sua amiga disse no telefone?
- Era a minha primeira vez saindo pra dançar, Eric - falei calmamente mas com a voz trêmula - E como você falou, os meus pais permitiram!
- Ótimo, muito bom, não sou ninguém para apontar o dedo, com certeza você sabe o que é certo e o que é errado. Além disso, eles te mimam o suficiente a ponto de rechearem a sua conta bancária, desde que seja uma boa filha e que não dê a eles dor de cabeça. Pais atenciosos pra quê né?

Ma Petite Princesse - 1a TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora