🇨🇵 XIX 🇧🇷

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Sinopse: Nívea passa por uma situação terrível e mais constrangedora do que a ocorrida meses atrás e somente Melissa e Felipe serão capazes de ajudá-la mas... será que a ajuda deles é o suficiente?

***

Ao ver a cena já no meio do salão entre os outros convidados, vejo meu pai sendo abraçado calorosamente e minha mãe ao lado observando os dois, sorrindo.

- Meu anjo, venha aqui! Veja só quem veio comemorar com a gente! - ela me chamou ao me ver.

Engoli em seco e minha respiração acelerou. Ambos se desvencilharam do abraço e ao me encarar, aqueles olhos predadores vieram na minha direção como se estivesse me deixando nua.

- Pequena Nívea! - o sorriso venenoso ao falar - Que prazer enorme revê-la...

Me aproximei devagar ficando ao lado da minha mãe.

- Oi, Sr Heitor - respondi tentando forçar um sorriso.
- Como têm passado? - o olhar dele se dividiu entre o meu rosto e o meu decote.
- Bem, obrigada.
- Estou muito chateado com a senhorita, viu? Das últimas vezes em que seus pais estiveram almoçando conosco na churrascaria, você não os acompanhou.

Senti um tom de ameaça ao ouvir ele falar desse jeito.

- Nívea agora tem uma vida social agitada, mon amie - meu pai disse descontraído - Difícil encontrá-la final de semana em casa.
- Eu imagino, minha filha passa pela mesma fase - deu um meio sorriso de lado virando-se para o meu pai e novamente pra mim - Mas então? Cadê o meu abraço?

Abriu os braços esperando que eu fosse retribuir. Não havia uma parte do meu corpo que não estivesse tensa. Me aproximei lento e lhe dei um abraço frio, pelo lado esquerdo, segurando-o pelos ombros e evitando me aproximar.

Mas para ele foi pouco.

Sua mão direita discretamente pousou acima do meu bumbum e a esquerda nas minhas costas, fazendo com que meu corpo fosse de encontro ao dele. Por causa do pequeno salto do meu sapato, ficamos em uma altura próxima.

E eu senti. Senti nojo, senti meu estômago rasgar, senti enjôo ao aspirar o perfume que usava, me senti invadida quando ele socou duro por entre as minhas pernas mesmo usando uma calça social. Me sentia suja. Fez por poucos segundos, mas o bastante para pensar que estava sendo violentada por horas.

- Coisinha linda que você é - disse me pegando pelo queixo e se afastando.
- Bebe alguma coisa? - meu pai o levou para o seu círculo de amigos - Falta você saber a boa nova...

As vozes foram se afastando e eu fiquei ali parada sem conseguir me mexer de frente para a porta aberta. Toquei o tecido do meu vestido, não senti nenhum rastro do abuso mas a vontade de vomitar me subia pela garganta. E então, ela apareceu na porta ao lado do irmão: de batom vermelho, os cabelos presos em um coque no alto, deixando alguns fios soltos pelo rosto exibindo um sorriso que imediatamente sumiu ao ver o desespero tremer nos meus olhos.

- Amiga, que houve? - a ruiva segurou no meu rosto.
- Tu tá gelada - Felipe passou a mão no meu braço tentando me aquecer.
- Me levem pro meu quarto! - implorei baixinho - Me levem pro meu quarto!
- Calma, primeiro você precisa sair do lugar - ela me pegou pelo braço me levando na direção do corredor, cumprimentando alguns presentes, disfarçando e sorrindo amarelo - Boa noite a todos, boa noite - Felipe veio logo atrás de nós duas.

Entramos no quarto e então pude desabar em lágrimas. A vontade que eu tinha era de sumir, de me jogar pela varanda do quarto, de qualquer coisa que me livrasse daqueles segundos medonhos. Melissa e Felipe me observavam calados por alguns minutos esperando eu me acalmar.

- Amiga, a gente não vai poder ficar o tempo todo aqui no seu quarto - ela finalmente quebrou o silêncio entre os dois - mesmo eu querendo muito.
- Conta pra gente o que aconteceu, Nívea - Felipe pediu com os braços cruzados na altura do peito.

Ma Petite Princesse - 1a TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora