012.

109 18 123
                                    

27 de Setembro de 2016 - 16h47

Mental Health Care Center - Redwood, Califórnia

Ewan estremeceu ao descer do ônibus, percebendo de repente o quanto estava com frio. Ele afundou as mãos nos bolsos da jaqueta e encolheu os ombros. O ar tinha um frescor característico das tardes frias de Redwood, e parecia que ia começar a chover a qualquer momento. Enquanto caminhava pela rua, gradualmente, o prédio distante entrou em foco: uma estrutura baixa e ampla, em um tom nude, com portas de metal marrom uniformemente espaçadas.

Ele abriu a porta e entrou no Centro de Cuidados à Saúde Mental de Redwood. Ewan caminhou pela recepção, observando o pequeno número de pessoas na sala de espera.


— Boa tarde. — A recepcionista sorriu amigavelmente assim que ele se aproximou.

— Boa tarde. — Ewan se apoiou no balcão. — Tenho uma consulta marcada às cinco. O Doutor Velmond de Los Angeles me deu um encaminhamento. — Ele tirou o papel do bolso e entregou a recepcionista.

— Ah sim, Ewan Mitchell, certo? — A recepcionista perguntou e quando ele assentiu em concordância, ela se afastou para procurar sua ficha. — Você foi designado para passar com a Doutora Allen, mas ela pediu um afastamento há alguns dias, então tivemos que redirecionar os pacientes dela para o Doutor Jones, okay?

— Okay. — Ewan respondeu, sem dar muita importância a isso.

— Pode se sentar, ele deve chamá-lo dentro de alguns minutos. — A recepcionista se levantou e caminhou para fora de sua visão, desaparecendo no corredor.


Ewan tirou a jaqueta e caminhou pela recepção, sentando-se em uma poltrona afastada dos outros pacientes que também aguardavam atendimento. Ele repousou a jaqueta na poltrona vazia ao seu lado.


Aposto 10 pratas que a terapeuta pediu esse afastamento porque não está preparada para lidar com o seu caso.


Ewan balançou a cabeça, tentando espantar inutilmente aquela voz.


Tenho certeza que ela leu o caso e achou a maior loucura. Cá entre nós, filho, é realmente meio louco.

— Não começa. — Ewan sussurrou, mantendo o olhar baixo, sabia que se olhasse para qualquer outra direção encontraria ele. Ele tirou o frasco laranja de medicamento do bolso, abriu e pegou uma pílula, engolindo-a mesmo sem água.

O que foi, Ewan? Os antipsicóticos não estão funcionando mais como antes? Está tendo que reforçar a dose? — Debochou a voz. — Finalmente, costumávamos conversar o tempo todo antes, mas aí você começou a tomar os remédios e me fez desaparecer por um tempo, tem noção de como isso foi chato?

— Nós não conversávamos, você não parava de falar e eu só pedia para você me deixar em paz.

— Ei, shiu! — Uma velha senhora que estava na poltrona da frente lendo uma revista se virou e apontou para uma placa na parede.

"Atenção. Silêncio, por favor."


Ewan mordeu o inferior da bochecha e desviou o olhar. Estava irritado por estar respondendo aquela maldita voz e irritado por aquela velha senhora estar mandando ele calar a boca. Sabia que estava agindo como um maluco, falando com alguém que sequer estava realmente ali, mas era difícil se manter quieto quando tinha alguém falando e falando sem parar em sua cabeça.


— Ewan Mitchell? — A recepcionista o chamou. — Por aqui, por favor.


Ewan respirou fundo enquanto passava as mãos pelo rosto. Ele se levantou, caminhou até o bebedouro e pegou um copo de água com as mãos um pouco trêmulas, estava pronto para seguir a secretária quando um toque no ombro o fez parar e olhar para trás. Assim que virou, viu aquele rosto pálido, com sangue escorrendo pela boca quando a abriu em um maldito sorriso sádico.


𝐒𝐂𝐑𝐄𝐀𝐌Onde histórias criam vida. Descubra agora