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27 de Setembro de 2016 - 22:56

Lanchonete Frankie & Johnnie's - Redwood, California

Ewan estava apoiado sobre o balcão, rabiscando com uma caneta uma folha de nota fiscal já rasurada. A lanchonete estava vazia, os últimos clientes, um casal, pediram lanches para viagem.


— Merda. Ewan, me ajuda aqui. — Chamou Frankie, entrando na lanchonete carregando duas caixas de cerveja Corona.


Ewan deixou o balcão e correu até a porta, o ajudando com uma caixa.


— Johnnie não veio mesmo? — Perguntou Frankie.

— Ele passou por aqui mais cedo, não estava tão cheio então eu disse que segurava as pontas... — Ewan o ajudou a guardar as cervejas no frigobar. — Já posso ir?

— Já fechou o caixa, né? — Perguntou o velho Frankie e Ewan assentiu. — Então pode ir, só tire o lixo antes.


Ewan desatou o nó do avental azul nas costas e o tirou. Ele adentrou aos fundos da lanchonete, caminhando até o pequeno armário de onde tinha deixado sua jaqueta e seu celular. Ewan recuperou ambos e guardou o avental.


— Vejo você amanhã. Não esqueça o lixo! — Gritou Frankie, enquanto dava a volta no balcão para fechar a parte da frente da lanchonete.


Ewan vestiu a jaqueta e pegou uma garrafa de cerveja gelada do frigobar, já havia deixado o dinheiro na caixa registrada, então não se incomodou em avisar Frankie. Ao se abaixar para pegar os dois sacos pretos, lotados de entulhos e restos, seu celular tocou em seu bolso, estava recebendo uma ligação. Na tela, indicava "Número desconhecido". Ele deslizou o dedo para recusar a ligação e voltou a guardar o celular no bolso.

Ewan empurrou com as costas a pesada porta de ferro dos fundos da lanchonete, estava com uma mão ocupada com os sacos de lixo e a outra com a garrafa de cerveja. Depois que a atravessou, a porta bateu fortemente se fechando ao não ter mais suas costas para mantê-la
escancarada.

O beco era iluminado por uma única luz fraca vinda de um poste. À sua direita não havia saída, apenas um caminho escuro que terminava numa parede escura, à sua esquerda, o longo e mal iluminado beco seguia reto, mas era possível ver uma rua no final. Ali, há poucos metros, ele avistou uma grande caçamba verde de lixo. Ewan caminhou até a caçamba, abrindo a grande tampa e mantendo-a levantada, ele fez uma careta com o fedor que saia dali de dentro, mas jogou os dois sacos de lixo e fechou a tampa. Ewan encostou na caçamba e enrolando a mão na camiseta que vestia, abriu a garrafa de cerveja.

A luz do poste começou a piscar incessantemente, demonstrando que poderia apagar a qualquer momento e deixar o azarado que estivesse naquele beco em meio ao breu. Sabendo que o azarado seria ele, Ewan tirou o celular do bolso já preparando-se para ligar a lanterna caso fosse preciso. No momento em que desbloqueou o aparelho, o toque de seu celular ecoou novamente.

"Número desconhecido" Indicava novamente. Sem dar muita importância, Ewan tomou um longo gole da cerveja antes de atender.


Olá, Ewan. — Cumprimentou a voz do outro lado da linha.

— Quem está falando?

Se eu me revelar agora isso perde totalmente a graça.

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