𝐒𝐂𝐑𝐄𝐀𝐌

009.

26 de Setembro de 2016 - 20h15.

Casa da família Hill - Redwood, Califórnia

Desde os seis anos de idade, Katherine Hill ouvia todo mundo dizer que ela falava como uma adulta. Não foi surpresa para ninguém quando a garota prodígio decidiu que sua profissão dos sonhos era ser advogada. Seus objetivos profissionais envolvem vestir terninhos imponentes enquanto planeja a defesa de seus clientes em um escritório repleto de samambaias em Manhattan.

Katherine é o tipo de garota que transita com determinação, praticamente derrubando qualquer um que cruze seu caminho, e que ri alto demais de qualquer coisa que ache engraçada. Mas que levava suas responsabilidades, sendo extracurriculares ou não, bem a sério, num nível quase insano.

A Hill vem de uma família bem estruturada, sua mãe é formada em engenharia civil, embora esteja afastada do trabalho por conta da gravidez de risco, já seu pai trabalha como contador em uma empresa popular da cidade. Ambos os pais da garota costumam dizer que vieram do nada, tudo aquilo que construíram veio do esforço e muito estudo deles. O senhor e a senhora Hill são descendentes de famílias pobres, cresceram e conseguiram se estabelecer como uma das famílias mais ricas e respeitadas da cidade.

Assim como Katherine, seus pais estudaram a vida toda em colégios públicos, e conseguiram bolsas de estudo nas faculdades desejadas. E esse era um dos muitos motivos para a garota estar deitada na cama, lendo um livro com o título "Gravidade Quântica" na capa, enquanto todos os seus amigos estão em uma vigília/festa em plena segunda-feira. Ela ansiava por alcançar feitos maiores que os de seus pais, ansiava por seguir seus passos e conquistar tudo por mérito próprio. E se para isso tivesse que perder parte da adolescência, ela estava mais do que disposta a perder.

Katherine estava passando a página 58 do livro quando seu celular vibrou sobre a cama. Ela ignorou, imaginando que fosse uma mensagem de uma de suas amigas, Emily ou Letty, insistindo para que ela fosse à festa. Mas o celular continuou vibrando sem parar. Suspirando pesadamente, ela colocou o marca página onde havia parado de ler e pegou o celular.

— Número desconhecido? — Katherine franziu o cenho para a tela do celular. Ela deslizou o dedo na tela e atendeu. — Oi?

— Olá, Katherine. — Uma voz rouca e arrastada a cumprimentou do outro lado.

— Quem tá falando?

— Isso é clichê. Você é a melhor garota da turma, tenho certeza que pode fazer melhor do que isso. — Respondeu a voz com uma risadinha.

— Cara, do que você está falando? — Katherine se mexeu desconfortável na cama.

— Estou falando das regras dos filmes de terror, clichê atrai desgraça, sabia?

— Kieran, seu idiota. — Katherine riu. — Por que não disse que era você desde o início? Estava começando a ficar assustada.

— Não sou o Kieran. E acho bom ficar assustada mesmo, isso mostra que você é inteligente. Uma garota que está sozinha em casa deve ficar assustada quando recebe uma ligação estranha.

Katherine sentiu um calafrio percorrer os ombros. Levantando-se, ela caminhou até a janela para ver o lado de fora. Seus pais saíram para jantar, mas prometeram voltar antes das nove horas.

— Se não é o Kieran, então quem é? — Perguntou, enquanto afastava a cortina e espiava o lado de fora. — Emily, é você?

— Não, não sou um dos seus amiguinhos viciados em filmes de terror. Sou alguém disposto a trazer os filmes para a vida real.