A fome e o frio apertaram e Katsuki sentiu que pegaria um resfriado a qualquer momento se continuasse com aquelas roupas completamente encharcadas, não podia se dar ao luxo de ficar doente. Sentiu um calafrio na espinha pelo frio das roupas molhadas, e decidiu subir as escadas daquele casarão e procurar algo para enrolar-se e esquentar-se enquanto suas roupas secavam.
Subiu a escadaria indo para direita, evitando a ala norte como o esquisitão ruivo tinha dito. Abriu a primeira porta que avistou e por sua sorte havia um quarto em perfeito estado ali. O quarto era decorado em tons creme e os moveis antigos eram de uma madeira escura, as cortinas pesadas que cobriam toda a parede a esquerda tinham bordados de flores com um fio dourado que se destacava na cor neutra, havia uma penteadeira com uma gama de vidros ornamentados que provavelmente seriam produtos de beleza que pareciam muito antigos, mas será que duraram tantos anos assim?
Uma porta dupla dentro do quarto chamou a atenção de Katsuki, ao abri-la deparou-se com um banheiro grande e bem organizado, uma banheira de água quente estava posta e o vapor da água parecia muito convidativo. Haviam shampoos e sais de banhos numa pequena mesinha posta ao lado da banheira e um trocador se prostava uns metros a frente junto a uma cadeira que continha uma muda de roupas, uma toalha e chinelos. Será que o esquisitão tinha preparado tudo aquilo? Mesmo depois de ter sido um cavalo?
Aquilo no momento não importava a Bakugou, tinha uma banheira de água quente e roupas secas. Parecia loucura demais, mas era melhor um lugar estranho com um doido mal educado do que voltar para casa aquela altura do campeonato. Tirou suas roupas e entrou na banheira quente, sentindo seu corpo afundar e seus músculos relaxarem, respirou fundo e ouviu um novo som de trovão e pela janela enorme do banheiro conseguiu ver um raio cortar o céu.
Depois pensaria no que fazer, naquele momento a água quentinha e relaxante se tornara um ponto de refugio do caos que estava sua vida no momento. Afundou na banheira até que estivesse completamente submerso, com lembranças da discussão acalorada com sua mãe, das lágrimas de ódio que saltaram de seus olhos e uma grande raiva crescente dentro de si. Ajeitou-se na banheira e respirou fundo novamente, passou as mãos pelos cabelos e olhou para cima, observando o lustre e as ornamentação que havia naquele teto.
Lavou-se calmamente, sem pressa para acabar aquele banho mas quando sentiu a água esfriar e seu estômago voltar a sinalizar que estava com fome saiu do banho relaxante, secou-se e vestiu as roupas secas que estavam na cadeira.
Esperava que naquele casarão, tivesse algo decente para comer. Sentia-se com a fome de um dragão. Desceu as escadas lentamente, não deixando de reparar nos detalhes e não deixando de torcer para que não encontrasse o esquisitão ruivo. Não sabia onde ficava nada, então saiu abrindo portas e desvendando qualquer local que pudesse, na expectativa de encontrar logo a cozinha.
Ao abrir uma das portas, deparou-se com uma mesa de jantar enorme, de madeira escura e nobre, repleta dos mais variados pratos que fizeram o estômago de Bakugou fazer um barulho considerável. A ponta da mesa estava o esquisitão ruivo, com uma taça nas mãos e bebendo algo vermelho e espesso, de primeiro momento chutou por vinho, mas parecia vermelho vivo demais para ser vinho e espesso demais para ser comparado.
Katsuki ficou imóvel, encarando o ruivo e pensando o que deveria fazer.
— Sente-se e coma, não coloquei veneno algum na comida. — O ruivo bebeu do cálice de líquido desconhecido.
— Por que tanta hospitalidade? — A pergunta soou direta e levemente grossa.
— Fui educado desta forma. — O dar de ombros foi leve.
Katsuki se serviu de um pouco de cada coisa que havia na mesa, sem deixar de encarar o ruivo. O receio de que ele tentasse estuprá-lo ou matá-lo era real, até porquê aquele homem era um completo desconhecido e na mente de Katsuki aquele estranho estava bebendo SANGUE.
— Quem é você?
A pergunta do loiro foi acompanhada de uma garfada, e segurou-se para não suspirar de prazer. Aquilo estava delicioso. Levou outra garfada a boca tentando não parecer um desesperado, porém em sua defesa, não comia nada desde as 10h da manhã.
— Eu quem tenho que lhe perguntar isso — O riso soprado que saiu do ruivo irritou Katsuki. — Você invadiu minha casa.
— Sua casa era considerada abandonada até meia hora atrás. — A resposta foi seca.
— Isso parece abandonado pra você? — O levantar de uma sobrancelha também irritou Katsuki.
— Já viu a fachada dela? — Bebeu um gole do suco de laranja que estava num copo, mantendo uma postura de ataque.
O ruivo riu soprado novamente e negou com a cabeça, gesto que fez por dar-se por vencido com a argumentação do loiro.
— O que fazia por essas áreas? Ninguém vem para cá, e se vem evitam passar por minha propriedade.
— Estava caminhando, e quando a chuva começou procurei o melhor lugar para me abrigar. — Reapondeu o loiro, revezando entre falar e comer.
Dar uma resposta verdadeira desencadearia ter que relatar uma verdade que não queria nem sequer relembrar.
— Quem é você? — Perguntou novamente, mudando o assunto e realmente por querer saber quem era ele.
— Eijirou Kirishima. Muito prazer. E você, quem é?
— Katsuki Bakugou.— Não disse o "muito prazer" para não se tornar um mentiroso compulsivo.
Kirishima havia sentido que o loiro escondia o verdadeiro motivo de estar ali, e se não queria o revelar não o forçaria a tal. Apenas deixou que tal assunto morresse e pensou em como fazer tal proposta.
Katsuki Bakugou era humano. Não havia nenhum traço de misticismo em seu sangue, e isso era tantador a Kirishima. Como um vampiro Eijirou tinha uma necessidade de se manter alimentado de tempos em tempos, e estava pessoalmente cansado de ter que tomar sangue de bolsas que eram trazidas até ele do hospital. Sentia falta de ter um contade com seres humanos e poder morde-los, sentia falta de poder sair a noite para caçar e ter momentos prazerosos com humanos, faziam séculos que não saia daquela mansão. Mas propor aquilo a um completo estranho era loucura, e ele sabia.
— Katsuki Bakugou, você tem emprego? — Decidiu-se por começar de maneira leve e o loiro negou com a cabeça ocupado demais mastigado. — Quantos anos tem?
— Isso virou uma entrevista de emprego, é? — O olhar de deboche fez Eijirou sorrir.
— Talvez, mas isso depende de suas respostas.
— Já te falaram que você é um cara muito estranho? — O loiro voltou a comer, sem tirar os olhos do ruivo que gargalhou.
— Esse adjetivo nunca foi me designado. — Sorriu bebendo mais do líquido vermelho do cálice. — Vamos, responda minha pergunta e quem sabe ganha um bom emprego.
— 19 anos, faço 20 no mês que vem.
O ruivo balançou a cabeça positivamente pensando em como propor que aquele loiro bonito permanecesse em sua casa, com comida, hospedagem e um bom salário em troca de seu sangue.
— Que emprego pretende me oferecer? — O loiro serviu-se de mais um pouco de comida.
Estava na rua e sem emprego e aquele cara parecia ter um bom fundo bancário. E ele não era assim todo mal. Tinha um rosto bonito e parecia ser tranquilo de se lidar, a pior coisa que poderia lhe propor era a prostituição.
— Aceitaria permanecer aqui, receber hospedagem, comida e um bom salário desde que tenha que me dar um pouco de seu sangue toda semana?
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It's ok have a deal with a vampire, right? - Kiribaku
Hayran KurguUma mansão abandonada, no topo de uma das colinas mais altas da cidade, um local aonde ninguém se arrisca a subir pelos rumores de tal local ser mal assombrado. Katsuki sempre foi imprudente, e sua impulsividade não o poupou de subir aquela colina n...