Visito minha velha amiga - Capitulo 12

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Eu acordei ansiosa, não para ir a escola, e sim para tentar visitar Márcia. Ela era tão legal, uma pessoa tão boa... Importou-se de viajar pra cá, só pra ficar perto de mim! Ela sim, eu considerava minha segunda mãe.

Eu olhei para a mesinha de cabeceira branca do lado da minha cama. O Celular estava lá, intacto. Suspirei e pensei: "Porque não...?" - Contrai os lábios e peguei-o, o ligando. Eu não queria nada muito caro, ou luxuoso, mas parecia que Alyce fazia de tudo pra eu me sentir uma garota rica. Se é que eu não era já, né? Tudo o que eu sabia, é que fui adotada por duas pessoas ricas, e que essas pessoas pareciam não querer cuidar de mim tanto assim, mesmo tendo me adotado. Eu sei que sou muito desconfiada das coisas, mas às vezes parece que eles foram forçados a me adotar. Eu sei, deve ser mais uma dessas loucuras da minha cabeça.

A porta abre devagar, e silenciosamente. Aparece Jane. Ela vê que estou acordada, e que estou mexendo no celular. Ela abre um largo sorriso, e diz:

- Bom dia! Ora, mas que surpresa maravilhosa! Resolveu pegar seu presente? - Eu sorri de lado, timidamente, e disse:

- É... Acho que não iria resistir por muito tempo. - Eu digo. Jane sorri, se aproxima de mim e senta na cama.

- E a escola? Está conseguindo pegar alguma matéria?

- Você sabe, que com aquela escola... - Eu parei de falar, arregalei os olhos e prendi a respiração. O quarto escuro, Jane não havia acendido a luz. Mas eu vi, com uma clareza, um vulto atrás de Jane, e uma mão suja e cortada atrás dela, quase tocando seu ombro.

Jane deve ter se mexido, desconfortável, porque o vulto sumiu da mesma rapidez que surgiu.

- Hã... Algum problema, Sam? - Ela perguntou com a expressão preocupada. Eu soltei o ar, e disse, balançando a cabeça:

- N-Não... Não é nada. - Eu respondi, sentando na cama, e esfregando a cara. - Acende a luz, por favor? - Ela levantou rapidamente, e acendeu. Olhei ao redor do quarto. Nada. Não tinha mais nada. Engoli em seco, e deixei o celular em cima da cama, dizendo:

- Bem... Deixa-me ir pra escola. - Jane me olhou, estranhando.

- Já? Ainda é cedo! - Ela disse. Eu fiz que sim com a cabeça, e respondi:

- Sim, apenas quero passar na casa da Márcia. Gosto muito dela. - Jane assentiu, e sorriu, saindo do quarto.

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Tpquei a campainha da casa da Márcia, e esperei por alguns segundos. Apreciei a casa, que apesar de estar localizada em um bairro nobre, era humilde.

Márcia apareceu na porta, e logo que me viu, abriu um alegre sorriso, e disse:

- Samantha! Que bom que veio! Estava querendo te ver. - Eu sorri e respondi:

- Eu também queria te ver. - Ela abriu a porta e deu passagem pra mim. Entrei pedindo licença, olhei em volta. Aquela casa parecia com a minha antiga...

- Então... Como está você? Conte-me tudo. - Ela disse com aquele jeito alegre e descontraído que me tranquilizava sempre.
Ela me conduziu a sala, e me fez sentar no sofá.

- Espere aqui, vou arrumar um lanche para gente... - Ela foi dizendo. Eu ergui a mão e disse:
- Não, eu já tomei café. Daqui a pouco vou pra escola, então... Não se incomode. - Ela sorriu, e assentiu. Quando ela sentou do meu lado, ouvimos passos descendo as escadas.

Virei-me e vi o marido dela, senhor Jorge. Sorri, e levantei indo na direção dele e dizendo:

- Jorge! Quanto tempo... Tudo bem? - Ele sorriu alegre, e disse me dando um beijo na bochecha:
- Ho, Sam. Tudo ótimo. Fiquei sabendo dos seus pais... - Eu deixei o sorriso cair um pouco do meu rosto, e disse triste:

- É...

- Mas que diabos, vamos falar de coisas alegres não? - Márcia cortou. Sentei de novo no sofá, enquanto Jorge sentava no outro.

- Então minha filha... Você está bem? - Márcia perguntou de novo. Sorri e respondi tristemente:

- É... Estou bem. Mais ou menos. Tudo está tão estranho. - Márcia contraiu os lábios e disse:

- Para nós também esta estranho. Bem... E como vai sua nova vida? - Eu balancei a cabeça dizendo:

- Confusa. Muitas coisas aconteceram tão rapidamente desde que meus pais morreram... - Eu contei aos dois tudo que aconteceu comigo. Eu não omiti nenhum detalhe, nem dos fantasmas e da minha suspeita de assassinato dos meus pais. Eu costumava me abrir tanto com aqueles dois... Eram meus segundos pais.
Quando terminei de contar que eu achava que meus pais tinham sido assassinados, os dois estavam brancos.

- Hã... Vocês estão bem? - Eu perguntei assustada com o estado deles. O senhor Jorge deixou uma lágrima escapar dos olhos dele.

- Não é nada minha filha. É que sempre fomos tão apegados a seus pais... e pensar que eles possam ter sido assassinados...- O senhor Jorge respondeu. Márcia contraiu os lábios e suspirou, tentando sorrir.

- É... Mas pense que muita coisa pode mudar.

- Mais do que já mudou? - Eu perguntei. Márcia balançou a cabeça.

- Pode mudar. Só que para melhor.

- Eu só sei que não vou sossegar enquanto não saber quem matou meus pais.

- Pode ter sido apenas um acidente. - O senhor Jorge tentou me consolar. Balancei a cabeça, levantando.

- Não acho isso. E tenho meus motivos. Agora, tenho que ir. Ir pra escola... - Entortei a cara, e Márcia sorriu.

- Não se preocupe. Não deve ter nada de mais nessa escola. Vá com Deus, minha filha. - Ela levantou e me deu um abraço, seu Jorge se despediu com um sorriso e Márcia foi abrir pra mim.
- Fique bem, minha filha. Que tudo de bom de aconteça. - Márcia desejou. Eu sorri, e sai, dando de cara com Logan saindo também. Ele parecia atrapalhado, a mochila caindo pelo ombro, os tênis desamarrados, ele procurava fechar a porta.

Ri e me despedi de Márcia com um aceno de mão. Aproximei-me mais de Logan, e disse:

- Atrasado, né? - Ele se virou pra mim, agitado.

- Há... Bem... É. - Ele sorriu, terminando de fechar a porta. - Hã... Pode segurar pra mim, por favor? - Ele me deu uma apostila e um caderno. Segurei enquanto ele amarrava os cadarços então nós ouvimos um grito vindo de dentro da casa dele:

- LOGAN! AINDA ESTÁ AI?! VÁ LOGO, PESTE. QUEM É ESSA GAROTA?! - Logan fechou os olhos, e trincou os dentes, respondendo:

- É uma amiga, já estou indo, não se preocupe. - Ele deixou o outro tênis desamarrado, e pegou as coisas da minha mão. Logan suspirou e nós começamos a tomar caminho da escola.

- Hã... Desculpe se estou sendo intrometida... Quem era aquela mulher que gritou com você? - Ele franziu a testa, parecendo se segurar pra não me dar uma resposta grossa.

-... É minha mãe. - Ele finalmente respondeu. Engoli em seco, e resolvi deixar, mas depois de um tempo, ele disse relutante:

- Minha mãe é louca. Na verdade, é uma longa história. Desde que eu era pequeno... - Ele disse, mas se interrompeu no meio da frase contrai os lábios, e disse:

- Não tem que me contar. Tudo bem esquece que eu perguntei. - Ele pensou um pouco, depois sorriu, e disse:

- Em geral, as pessoas não dizem isso, elas normalmente pedem para eu continuar a falar. - Eu sorri, e dei uma cotovelada de leve no braço dele.

- Se for pra você contar com aquela cara de bunda que você estava não precisa contar. Prefiro ver você rindo, eu esqueço que estou caminhando pra um cemitério. - Ele arregalou os olhos, olhando rapidamente para o relógio de pulso dele.

- Estamos atrasados! O portão vai fechar, vamos, se não, não entramos hoje.

Ele começou a correr, e acho que nesse meio, acabamos apostando corrida pra ver quem chegava mais rápido chegamos juntos e eu quase desmaiei com o que eu vi.

Tem alguém aí? - Volume 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora