Brilho cruel no olhar

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- Sam, acho melhor você deixar isso, e vamos embora logo. - Lolla pediu, franzindo a testa. Me voltei pra ela, tampando meu nome com a mão, na parede.

- Claro que não, tá louca?! Aquele imbecil do Logan escreveu meu nome aqui, tentando fazer alguma gracinha. - Insisti. Ela balançou a cabeça.

-E se for alguém, se passando por ele? Tentando pregar uma peça? - A mesma perguntou. Parei, tirando a mão de cima do meu nome.

- Mas... Hey, porque afinal você está defendendo ele tanto? - Perguntei, erguendo uma sobrancelha.

- Ele é meu amigo de infância, Sam. Eu não vou destruir nossa amizade por qualquer coisa. - Ela respondeu. Sorri, com um toque irônico.

- Vai dizer que querer te obrigar a transar com ele, é uma coisa pouca. - Sussurro. Lolla abriu a boca, e quase gritou:

- Ele pode ter feito isso. Mas ainda é meu amigo, e quer saber mais?! Eu vou na festa de aniversário dele, semana que vem. - Encarei ela, atônita. Primeiro Arya, indo com ele, depois Lolla.

Fiquei em silêncio por algum tempo, apenas observando sua expressão exaltada.

-Eu... Não estou te reconhecendo. - Falei, lentamente. Ela gesticulou com a mão.

- Olha, desculpa. Eu sei que você não deve gostar dele mesmo, mas... - Fomos interrompidas por uma voz que veio do lado de Lolla.

- Brigando, crianças? No meio da rua? - Me voltei. A voz era familiar. Bati os olhos em Jimmy. O cara que provavelmente matou meus pais. Eu tinha certeza.

Lolla ergueu os olhos para ele.
- Veio me irritar de novo, assassino? - Falei, com voz repugnante. Ele se virou para mim, fazendo cara de sonso.

- Assassino? Porque me chama assim? - Ele perguntou, com um sorriso de canto. Franzi o lábio, e respondi:

- Cala sua boca, olha o que você ta falando. Matou meus pais por causa de dinheiro, e fica ai, se fingindo. - Falei, fazendo cara de desagrado. Lolla se indireitou, parecendo se tocar.

- Não matei seus pais, tola. Quantas vezes tenho que repetir? - Ele exclamou. Olhei de relance para meu nome.

- Vou te denunciar para a policia. Você pagará por ter matado meus pais. - Sussurei.

- Faça isso, e dou entrada a um processo, e você terá que pagar os milhões que seus pais me deviam, bastarda. - Ele falou, enojado.
Juntei as sobrancelhas, cerrando os punhos.

- Meus pais iam te pagar! Não precisava ter matado eles! - Quase geitei, batendo um pé no chão.

- Ainda bem que morreram! Sabe por que? Agora ou eu tenho esse dinheiro, ou eu tenho. Não tem escolha, de qualquer jeito, você terá que me pagar! - Ele berrou.

- Você me da nojo! Para que tanta ganância, a ponto de destruir uma família?! Você destruiu minha vida, olha o que você fez! - Gritei, apontando em volta.

- Eu podia estar nesse momento, na minha escola, com meus antigos amigos. Poderia chegar em casa hoje, e dar um abraço na minha mãe e no meu pai. Poderia terminar mais um dia feliz. Mas não posso. Porque? Porque eles estão mortos. Mortos! - Eu gritei, a voz falhando em alguns pontos, entregando minha fraqueza para o homem que estava à minha frente.

Lolla se virou pra mim, com a feição de preocupação.
- Sam... - Ela tentou dizer, mas Jimmy interrompeu:

- Eu não LIGO para suas lamúrias de filha infeliz, ok? Eu só quero, e terei meu dinheiro. Eu já disse. Te dou até o fim do ano para conseguir meio milhão de reais. Que é o que seus pais deviam. - Suas palavras soaram frias, em tom de ameaça.

Apertei os olhos, focando em seu olhar.

- Se não...? - Perguntei. Ele fechou ainda mais a cara.

- Se não, nós nos veremos mais tarde. - O mesmo completou, se virando rapidamente, e caminhando pesadamente para o outro lado.
Lolla apenas me encarava.
Engoli em seco, esfregando o rosto.

- Hey, você está bem? - Ela perguntou, suavemente. A olhei, com os olhos marejados.

Senti uma lágrima fria descer pela minha bochecha, se misturando com o vento gelado da manhã.

- Vem cara.... Ainda temos que comer alguma coisa, e vir para essa escola. - Lolla disse, me puxando pelo pulso.
Cada vez mais, tudo parecia afundar. Para que continuar vivendo?
                            ****

Arya

Os fortes braços, com músculos desenhados e definidos, agarravam o volante, o virando com facilidade. Eu observava cada movimento daquele deus grego que estava a minha frente, pouco me ferrando para Agatha, que estava jogada no espaçoso banco do carro.
Suspirei ao ver os deliciosos olhos azuis pelo retrovisor do carro. Depois fiz cara de maioral para a garota a minha frente, no banco do passageiro, que olhava com cobiça para Logan.
Franzi a testa, me voltando para Agatha.
O carro parou em frente ao hospital.
- Camily, pode levar ela até lá? Ficamos esperando aqui, no carro. - Ele pediu, para a garota seu lado, que acentiu prontamente, saindo do carro. 
Sorri para os olhos que me observavam pelo retrovisor.
A porta do lado da cabeça de Agatha se abriu, e a que atendia por "Camily", a puxou, não conseguindo muito.
Revirei os olhos, e agarrei Agatha, rapidamente, e falei:
- Minha FIA, olha como se acorda uma pessoa - Sem exitar, dei um tapa na cara de Agatha, que emitiu um barulho sonoro.
A cabeça dela foi para o lado, e piscou os olhos, lentamente.
Me olhou, franzindo a testa.
- Quem... - Bufei, a jogando para fora do carro, que saiu cambaleando, confusa, olhando a tudo e a todos.
Camily segurou seu braço, fechando a cara, e a conduzindo para a entrada do hospital.
Sorri, satisfeita, e fechei a porta, me repondo em meu lugar, fingindo que não me alegrava, ter os olhos misteriosos do rapaz colados em mim, pelo retrovisor.
- Então, seu nome é Arya. - Ele disse, depois de um tempo, me observando. Acenti com a cabeça.
- Agressiva você, hen? - Ele perguntou, sorrindo, com um toque de malícia.
- Ah, as vezes perco a paciência. - Respondi, maquinalmente.
- Hm... Admiro garotas assim. - Ele disse, ainda com os olhos azuis penetrantes me encarando. Parecia perceber qual era exatamente todos meus sentimentos naquela hora. Sorri, abaixando o olhar.
- Sei. Então você é aquele que faz sucesso entre as garotas da escola, né? - Perguntei, sorrindo do mesmo jeito malicioso dele.
- Talvez... - Ele suspirou, colocando as mãos os braços na cabeceira do banco. Minha nossa senhora... Que braços... Fortes... Agh, Arya, o que você está pensando?!
Repreendi a mim mesma, ouvindo sua risada debochada.
- Bem, de qualquer forma, queria te chamar para ir na minha festa. Semana que vem. Acho que sua prima vai - Ele disse, desviando o olhar para a rua.
- Sim... Acho que ela vai tentar chamar a amiga dela também, a Sam. - Respondi, dando de ombros.
Percebi que seus olhos ficaram mais vivos, e voltaram a me encarar.
- Sa... Sam? - Ele arquejou, fazendo por um momento uma expressão inocente, com um toque de dor. Franzi a testa.
Seus olhos voltaram a parecerem mortos, e com um brilho terrorista na pupila.
- Sim. Conhece? Claro que já, né? - Perguntei, ainda estranhando. Ele assentiu lentamente.
- Sim... Conheço.
- Porque pareceu perder o interece de conversar, quando toquei no nome da Sam? - Perguntei, diretamente. Ele se voltou para mim.
- Nada.
- Para de gracinha, fala. - A expressão dele endureceu, e ele tirou as mãos da cabeceira do banco.
- Nada de mais. - Falou.
Seus olhos eram estranhos. Eu não tinha percebido antes, mas eles pareciam mortos... E ao mesmo tempo, possuíam um brilho cruel em seu interior. Mas por um momento, esse brilho desapareceu. Deu lugar a um Logan doce... (Ainda gostoso) um Logan diferente desse que agia no momento.
Eu não sabia o que era. Mas eu iria descobrir. Nem que fosse a última coisa que eu faça na vida.

Tem alguém aí? - Volume 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora