Seria coisa da minha cabeça?
Ou eu estava mesmo, entre espíritos malignos?
Que pareciam apenas crianças, mas afinal, não era tão simples...
Bufei. Eu não podia deixar Agatha ali. Mas também não podia ficar ali.
Poxa, tinha tanta coisa para acontecer, foi acontecer logo isso?! Fazer a Agatha desmaiar e me deixar cagando lá, no canto?!
- Decididamente, você não sairá viva dessa brincadeira - Eu ouvi uma voz grossa e forte, grunhir pela casa inteira.
Apertei os olhos. Queira eu ou não, já tinha me acostumado com aqueles sustos.
- Não tenho mais medo de vocês. - Eu disse, firme. Uma risada explodiu, junro com a vidraça da janela da casa. Me abaixei, relutante em me cortar com os pedaços de vidro.
- VOCÊ PENSA NÃO TEMER À NÓS. MAS OLHE VOCÊ... NÃO CONSEGUE SUSTENTAR A SI MESMA! - Uma voz estridente de adolescente berrou, fazendo minha cabeça latejar.
Trinquei os dentes, tentando focar apenas em uma coisa:
Respirar.
Eu não estava conseguindo respirar. Tudo parecia sufocado, eu quase não conseguia ver Agatha, com o volume de poeira que a escada fez levantar.
Eu não conseguia conciliar o que era realidade, e o que era coisa da minha cabeça. Porque aquilo não podia ser real, eu só podia estar delirando, depois de ouvir aquela história.
Foi ai que o ar desfocou. Na minha frente, surgiu a imagem contorcida de uma criancinha, que segurava um ursinho branco com uma gravata roxa, nas mãos. Era uma menina. A barra do vestido rasgado, ela me encarava, com um ar sapeca. Notei que de sua cabeça, escorria um filete de sangue, que descia até seu ombro.
Procurei tentar focar mais o olhar. Então eu vi, com certa dificuldade, uma caixinha de música, do lado da garotinha, que exibia uma linda bailarina em cima, girando em torno da música de ninar.
Mas a feição da bailarina, não estava feliz.
****Arya
Abri os olhos, com uma sensação ruim.
A sala estava escura. Ainda era cedo, pela fraca luz que entrava pela janela. Samantha não tinha dormido em casa. Poxa, Lolla estava preocupada.
Bufei, e levantei do colchão, subindo as escadas para o quarto da mesma, e abrindo a porta.
Ali estava escuro. Lolla ainda não havia acordado ainda. Mas não quero nem saber, vou a procura de Sam, mesmo se ela não vir.
Talvez se eu acordar ela delicadamente, ela queira me acompanhar...
Peguei um travesseiro do chão, respirando fundo, e olhando para a garota que estava deitada, sem nenhuma preocupação, como se tudo estivesse bem no seu sono.
Sorri, maldosamente, e levantei o travesseiro, logo o abaixando de novo, o batendo na cara de Lolla, que pula, e senta na cama, assustada, olhando para os lados.
Eu não seguro o riso, e me afasto para trás, rindo com a expressão de raiva dela.
- Você tá louca?! Vai bater travesseiro na sua vó! - Lolla grita, gesticulando os braços, nervosamente.
- Se minha vó estivesse viva, eu iria mesmo. Mas a essa hora, procurar a cova dela para fazer isso, não está nos meus planos. - Eu falo, soltando o travesseiro no chão, e me apoiando em sua cômoda.
Ela me fuzila com o olhar, me fazendo rir mais.
- Vamos, levanta, quero ir procurar a Sam. Ela não dormiu em casa. Estou com uma sensação ruim. - Eu digo, tentando parar de rir da cara dela.
- ...Será que aconteceu alguma coisa...? - Lolla balbuciou, agora com a feição preocupada.
- Será que Alyce tem alguma coisa a ver? - Ela perguntou para o ar. Fiz uma cara de deboche, e coloquei as mãos na cintura.
- Vamos chuchu, não precisa pensar, é só levantar e me seguir. - Falei, depressa. Ela revirou os olhos, e pôs a coberta para o lado, saindo da cama lentamente.
Ri baixinho com sua expressão, e sai do quarto, balançando a cabeça.
****Carol
Estouro a bolha de chiclete, e encaro Logan, com feição de tédio. Ele nunca mais vai me dar atenção. Mesmo que eu faça tudo que ele peça, nunca mais ganhei algo em troca.
Observei ele sorrir e piscar para a última garota, que saía da casa, finalmente. Revirei os olhos, sem que ele pudesse ver, e fiz uma expressão de deboche.
Ele se voltou para mim, e fechou a porta, suspirando cansado.
- Então... Cansou de brincar com as suas vadias ai? - Eu disse. Observei ele passar a língua pelos lábios, e sentar no sofá.
- É, cansei. A noite inteira, foi cansativa, e prazerosa também. - Ele sussurrou, tirando do bolso da jaqueta de couro preta, um maço de cigarro. Franzi a testa. Ele nunca fumou. Apenas depois daquela cirurgia, que ele ficou diferente.
Me aproximei dele, de um jeito sensual, me esgueirando em sua frente. Ele me olhou, e deu um sorriso de lado, virando um pouco a cabeça, acendendo o cigarro.
- Mas você é meu namorado. Agente voltou, lembra? Tínhamos que ter um tempo para nós também... - Eu sussurrei, passando os dedos pelo seu ombro.
Logan guardou o maço de novo, e balançou a cabeça, dizendo:
- Só voltei com você, porque queria alguém para me ajudar com as coisas que tenho que fazer. - Ele assoprou a fumaça.
- Mas nada envolve sexo ou beijinhos entre eu e você. - Ele terminou, levantando, me deixando sozinha novamente.
Então era isso. Eu estava sendo usada.
E o mais engraçado, era que eu não pretendia parar.Sam
Apertei os olhos, passando a mão pelo rosto, tentando sustentar Agatha em meu braço.
Porque diabos aquilo tinha que acontecer logo agora?! Poxa!
- Não adianta Sam. Você está cercada. Não tem ninguém do seu lado. - Uma voz áspera e escandalosa gritou na minha cabeça. Agatha escorregou, mas a sustentei como último motivo para continuar ali.
Droga! Meu outro braço doía, provavelmente quebrado. Quem iria encontrar agente ali?!
Então a porta abriu, cautelosamente. Com o olhar ainda embaçado, eu consegui ver um homem, com um capuz preto, que descia até seu tornozelo.
Ele entrou, e observou a casa, até chegar o olhar em mim. Eu não sabia se sentia medo, ou alívio.
Quando o senhor percebeu que eu estava parada no meio do cômodo, e que carregava alguém em um doa braços, ele arregalou os olhos, e exclamou algo para si mesmo, que eu não pude ouvir.
Ele veio em minha direção, e meu olhar quase apagando, apenas consegui registrar as palavras:
- Não se preocupe, está tudo bem, vou te ajudar. Não... Tente se manter...! - Então minhas pernas perderam as forças, e eu cai no chão, sem lembrar de mais nada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tem alguém aí? - Volume 1
HorrorA escola estava ali desde muitos anos atrás. Ninguém sabe ao certo o que antes existia em seu lugar. Há quem acredite que era apenas uma estrada de terra, há quem acredite que era uma simples casa abandonada, e há os que acreditem que ali era um c...