Caronas inusitadas

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Sai de lá, arrastando Agatha comigo. Eu não iria entrar na casa outra vez, muito menos ficar ali. Com passos apressados e cansados ao mesmo tempo,atravessei a rua da casa de Agatha, que olhava para tudo, confusa.

- Para onde você está me levando? Me solta! - Ouvi ela grunhir. Ignorei suas palmadas, mas a soltei quando a mesma acertou uma pancada em meu braço machucado.

- Aii!!! Maluca, porque fez isso?! - Eu exclamei, levando minha mão a meu braço esquerdo, e vendo ela se afastar cambaleante de mim.

- Porquê? Eu nem te conheço! Como vai me arrastando para qualquer lugar assim? - Ela me fuzilou com o olhar. Minha vida tinha que ser assim. Quando eu acho que finalmente está ficando tudo bem, a vida me empurra dentro de uma ribanceira.

- Olha, eu vou te levar no médico, e você vai voltar a ficar bem. Não se preocupe. - Eu disse, somente. A mesma me encarou como se eu fosse doida.

- Eu não vou a lugar algum com você. Onde está a Emily? Ela tinha que estar em casa agora. - Agatha arquejou, olhando de um lado para o outro na rua. Parei, atônita.Foi impressão minha, ou ela perguntou da irmã mais nova, morta?

- Emily? Sua irmã? - Balbuciei, cuidadosamente. Ela se virou para mim, com uma expressão intrigada.

- Sim, minha irmã. O que tem a ver com isso? - Ela me perguntou, com um certo tom agressivo na voz. Por um momento, enxerguei a Agatha de antes. Aquela que não falava comigo. Que não contava de si mesma, e que não se importava de responder as pessoas de forma rude.

- Agatha, eu quero te ajudar. Vem comigo, você vai entender tudo. - Falei, aflita. A mesma juntou as sobrancelhas.

- Eu não sei quem é você. Não preciso de ajuda. Apenas vou procurar minha irmã mais nova, que com certeza está por ai, com o Lee enchendo a cabeça dela. - Agatha sussurrou, gesticulando com os dedos na frente do rosto.

Ela parecia uma pessoa com problemas mentais. Aquela que não diferenciava a realidade do imaginário, o futuro do passado.

- A... Agatha... - Tentei dizer, mas fui interrompida por uma exclamação de surpresa, vinda um pouco mais distante de nós.

- Samantha! Meu deus, como demorou pra te achar! - Me virei para a direção do som, vendo Agatha se encolher e colocar a mini toca na cabeça. Avistei Arya, e logo do seu lado, Lolla, que observava com curiosidade. Juntei as sobrancelhas, e esperei elas se aproximarem.

- O que aconteceu? Porque dormiu fora? - Lolla chegou perguntando, confusa. Balancei a cabeça, gesticulando com as mãos e olhando nervosamente para Agatha.

- Não, er... Na verdade, nem dormi. - Eu disse, tentando mudar de assunto. Arya ergueu os ombros, e disse:

- Sinto que aconteceu alguma coisa errada, morango. Tenho que dizer, que você foi muito irresponsável em dormir fora, sem falar nada. Mas não tem problema, também sou doida. - Sua expressão era rebelde e de quem não se importava em dizer o que estava pensando ou o que sentia em relação as pessoas.

Me aproximei dela, prestando atenção para ver se Agatha não estava ouvindo.

- É uma longa história. Irei contar apenas o essencial. Caímos da escada, acho que quebrei o braço e ela... Bem, ela parece que perdeu a memória. - Cochichei. Arya juntou as sobrancelhas. Provavelmente não havia entendido nada.

- Porque diabos estão na frente de um cemitério? - Lolla perguntou, olhando desconfortavelmente para o lugar. A neblina se decaia cada vez mais pelo nossos rosto. O frio torturava cada vez mais nossas peles. Parecia mais fácil esquecer de tudo...

Tem alguém aí? - Volume 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora