Capítulo 23: Sombras do Passado; Parte 2

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— Mas senhor, esse dinheiro não dá para comprar nem mesmo a nossa comida — disse Takashi, tentando convencer seu chefe, de que aquela micharia que ele a pagava, não dava para nada.

Ela trabalhava em um pequeno supermercado que havia ali, naquele subúrbio.

Mesmo o pagamento sendo ridículo, ela não tinha muita escolha, já que eram poucos os lugares que aceitavam super-humanos, mesmo super-humanos que não possuíam mais poderes, como ela.

— Mas é claro que dá, — respondeu ele — apenas não gaste com besteiras.

Takashi se irritou por um momento. Mas respirou profundamente, para tentar manter a calma.

— Senhor isso nã-

— Chega! Acha que uma amaldiçoada como você, merece mais do que isso? — o chefe gritou.

— Deveria estar feliz de pelo menos aceitarmos que você trabalhe aqui, mesmo sendo o monstro que você é. Agora saia, saia de minha loja, imediatamente!

A noite já havia caído, e Takashi a observou quando foi expulsa da loja.

Após suspirar, ela murmurou: — Vamos embora.

— Hikari-san — uma voz feminina murmurou.

Takashi se virou para ver quem era.

A mulher continuou: — Pequena Hikari, tome isso.

A mulher, que aparentava ter cerca de quarenta anos, entregou uma cesta de comida para Takashi. Ela era a esposa do dono da loja.

Takashi se surpreendeu um pouco, e rapidamente, tentou recusar: — Não senhora! Eu não posso aceitar.

— Não. Eu insisto! — disse a mulher, ao entregar a cesta a força para Takashi.

Após um pequeno momento de silêncio, Takashi abaixou sua cabeça e disse: — Muito obrigada!

— Não precisa agradecer — respondeu a mulher.

— Você dá a vida por seu filho, eu observo isso todo dia, e mesmo você sendo... o que você é. Que tipo de pessoa eu seria se não ajudasse uma mãe igual a você?

Ela se virou para a fachada da loja, e começou a se afastar.

— Me desculpe pelo meu marido, você sabe como ele é grosso e impaciente.

— Muito obrigada novamente! — disse Takashi

A mulher respondeu com um aceno de sua mão.

Takashi saiu dali no momento seguinte, não conseguindo esconder aquela fagulha de felicidade que se acendeu em seu ser, e que continuou enquanto ela caminhava por aquele breu, ela estava quase cantarolando.

— A senhora está muito feliz, hein, Mãe? — disse Hikari aparecendo de repente, a assustando.

— Kyaa! — ela deixou escapar um grito fino.

— Menino... — Takashi resmungou, um pouco irritada.

— O que aquela senhora te deu? — Hikari questionou, antes de começar a fuçar a cesta que sua mãe estava carregando.

Sua mãe a puxou para longe dele, e após isso, seus lábios se curvaram em um sorriso, e ela falou: — Comida, muita comida!

— Nossa — ele indagou.

— Huhuhu.

Após esse instante, ela continuou: — Mas a pergunta que não quer calar... o que você está fazendo na rua uma hora dessa, Kiyoshi?

Ela questionou, mesmo sabendo a resposta que ele daria.

Hikari não exitou nem por um momento em responder: — Eu não poderia deixar a senhora ir embora sozinha, em um lugar tão perigoso quanto esse.

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