— Mas senhor, esse dinheiro não dá para comprar nem mesmo a nossa comida — disse Takashi, tentando convencer seu chefe, de que aquela micharia que ele a pagava, não dava para nada.
Ela trabalhava em um pequeno supermercado que havia ali, naquele subúrbio.
Mesmo o pagamento sendo ridículo, ela não tinha muita escolha, já que eram poucos os lugares que aceitavam super-humanos, mesmo super-humanos que não possuíam mais poderes, como ela.
— Mas é claro que dá, — respondeu ele — apenas não gaste com besteiras.
Takashi se irritou por um momento. Mas respirou profundamente, para tentar manter a calma.
— Senhor isso nã-
— Chega! Acha que uma amaldiçoada como você, merece mais do que isso? — o chefe gritou.
— Deveria estar feliz de pelo menos aceitarmos que você trabalhe aqui, mesmo sendo o monstro que você é. Agora saia, saia de minha loja, imediatamente!
A noite já havia caído, e Takashi a observou quando foi expulsa da loja.
Após suspirar, ela murmurou: — Vamos embora.
— Hikari-san — uma voz feminina murmurou.
Takashi se virou para ver quem era.
A mulher continuou: — Pequena Hikari, tome isso.
A mulher, que aparentava ter cerca de quarenta anos, entregou uma cesta de comida para Takashi. Ela era a esposa do dono da loja.
Takashi se surpreendeu um pouco, e rapidamente, tentou recusar: — Não senhora! Eu não posso aceitar.
— Não. Eu insisto! — disse a mulher, ao entregar a cesta a força para Takashi.
Após um pequeno momento de silêncio, Takashi abaixou sua cabeça e disse: — Muito obrigada!
— Não precisa agradecer — respondeu a mulher.
— Você dá a vida por seu filho, eu observo isso todo dia, e mesmo você sendo... o que você é. Que tipo de pessoa eu seria se não ajudasse uma mãe igual a você?
Ela se virou para a fachada da loja, e começou a se afastar.
— Me desculpe pelo meu marido, você sabe como ele é grosso e impaciente.
— Muito obrigada novamente! — disse Takashi
A mulher respondeu com um aceno de sua mão.
Takashi saiu dali no momento seguinte, não conseguindo esconder aquela fagulha de felicidade que se acendeu em seu ser, e que continuou enquanto ela caminhava por aquele breu, ela estava quase cantarolando.
— A senhora está muito feliz, hein, Mãe? — disse Hikari aparecendo de repente, a assustando.
— Kyaa! — ela deixou escapar um grito fino.
— Menino... — Takashi resmungou, um pouco irritada.
— O que aquela senhora te deu? — Hikari questionou, antes de começar a fuçar a cesta que sua mãe estava carregando.
Sua mãe a puxou para longe dele, e após isso, seus lábios se curvaram em um sorriso, e ela falou: — Comida, muita comida!
— Nossa — ele indagou.
— Huhuhu.
Após esse instante, ela continuou: — Mas a pergunta que não quer calar... o que você está fazendo na rua uma hora dessa, Kiyoshi?
Ela questionou, mesmo sabendo a resposta que ele daria.
Hikari não exitou nem por um momento em responder: — Eu não poderia deixar a senhora ir embora sozinha, em um lugar tão perigoso quanto esse.
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O Nascimento dos heróis
Ficção CientíficaNum passado distante, uma guerra cataclísmica deflagrada por uma raça de seres superpoderosos marcou a história. Os horrores desse conflito deixaram profundas cicatrizes na população humana, que hoje abriga um abismo de ódio e rancor em relação aos...