COMPANHEIRO CAPTURADO

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As tropas de Ykan iam com muita rapidez dentre a vegetação. Tinham rastreadores hábeis, todos com narizes similares ao de ursos. Já haviam percorrido grandes distâncias, quando Amurake e seus servos os notaram.

Ambos os povos eram inimigos, assim como os duendes em relação a Alice e seus súditos. Assim que se viram, uma briga ferrenha iniciou-se, com flechas e espadas indo de um lado a outro. O ar empesteou-se com cheiro de sangue, e naquele instante, os três humanos viram a cena.

Zayan agachava-se ao lado de Alice, enquanto Levi encontrava-se um pouco mais à frente, do lado de uma árvore grossa.

A mente de Levi enchia-se das inspirações que o homem do espaço lhe provocara. Desde que o vira matar tantos inimigos sozinho, idealizava repetir a façanha, e testar as próprias capacidades. Lhe encantava aos olhos ver aquele monte de desgraçados lutando pela sobrevivência, e os corpos e miolos que respingavam no campo de batalha.

Por isso, sem nada dizer, foi na direção do conflito, segurando um galho como porrete.

— Volte aqui, Levi! — sussurrou Alice. Entretanto, seus esforços foram inúteis, pois o súdito já quase se misturava aos inimigos.

Foi então que Zayan ergueu-se, andando a passos largos para interceptar o companheiro. Não podia deixá-lo se matar daquela forma. Mas Levi já estava distante, rugindo para os inimigos.

Os homens de Amurake e Ykan de repente pararam de se digladiar, encarando perplexos a figura daquele humano que andava na direção deles. Então, subitamente, a bagunça reiniciou-se, com investidas terríveis partindo na direção do guerreiro.

Levi lutou bravamente, derrubando monstrinhos de ambas as espécies; neste processo, Zayan quase o alcançava, mas então foi barrado pelos servos de Amurake. Estes rosnaram para ele, caindo numa chuva de cortes mortíferos.

Para defender-se, o homem do espaço teve de retirar a atenção que dava a Levi, concentrando-se apenas nos braços peludos dos adversários. Munido ainda das flechas, tirou a vida de muitos deles, os quais inutilmente, mas cheios de coragem, buscavam subir em suas costas para perfurá-las.

Quando terminou de matar o último diante de seus olhos, levantou o pescoço, e nada mais viu à frente. Havia apenas cadáveres, e os sons ironicamente agradáveis da natureza. Alice soltou um grito atrás dele, e o estrangeiro olhou-a aos prantos no chão.

— Primeiro Bento, agora Levi!

Zayan agachou-se ao lado dela, colocando a mão em seu ombro.

— Não se preocupe, soberana — disse ele. — Irei atrás dele, e sem falta o resgatarei. Continue buscando a saída deste local, e terei contigo dentro em breve.

— De jeito nenhum! Iremos juntos! Levi é um de meus soldados, portanto, também de minha responsabilidade.

Zayan cogitou insistir novamente, mas ao ver os olhos negros e resolutos da rainha, decidiu-se por aceitar as circunstâncias. Ainda assim, se ela morresse, se sentiria extremamente culpado.

O que aconteceu enquanto Zayan estava resistindo aos muitos malditos que o golpeavam foi que Amurake vencera a batalha. As forças tecnológicas de suas armas superavam às de Ykan e seus servos, subjugando-os assim a mortes sangrentas e terríveis.

No último momento Ykan fugira, buscando refúgio em uma de suas vilas, e Amurake também voltara para a sua. Mas, desta vez, trazia consigo o corpo desmaiado de um estranho ser, grande e forte. Vira-o lutar, e sabia que ele seria útil para suas plantações. Talvez, pudesse mesmo descobrir uma maneira de procriar aquela espécie, e triplicar as produções agrícolas.

Ou então, se isso não fosse possível, serviria um grande ensopado com o guerreiro, do qual todo o seu povo se fartaria, trazendo assim ótima recompensa para o combate tão árduo que enfrentaram com esmero.

ZAYAN DO ESPAÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora