MORTO?

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Ele permaneceu naquele estado, talvez completamente perdido, talvez não. Suas células modificadas moviam seus núcleos, metabolizando em alta velocidade. As mitocôndrias fariam a diferença; criadas em laboratórios por seres inteligentes, podiam regenerar tecidos. Zayan não era imortal, mas certamente não morria com a facilidade de um homem comum.

Dentro do cérebro trucidado, os neurônios começaram a voltar, produzindo sinapses, e flashes de memórias vinham à mente do guerreiro caído. Imagens a respeito de um mundo agora extremamente distante. Na verdade, ele não possuía nenhuma memória deste lugar, mas sabia que tinha vindo dele.

Enxergava os rostos daqueles que o criaram, e escreveram em seu código genético a missão que possuía...

Zayan despertou, arregalando os olhos injetados de sangue. Tentou respirar, quase tossindo os pulmões para fora. Puxou a lança que lhe fincava o corpo, e estancou a hemorragia com a força de seus dedos.

Sentia a dor varrer-lhe cada metro quadrado do corpo, e os cortes eram fendas avermelhadas, desbeiçadas para fora. Com muita sede, o homem do espaço caminhou pela floresta, até encontrar um riacho para dele beber.

Sentou-se ao tronco de uma árvore, e então sua mente começou a rebobinar o que acontecera. Primeiro, ele via apenas a sanguinolência da batalha, com os inimigos gritando e matando seus companheiros. Apenas após alguns momentos de confusão, é que Zayan começou a compreender o que ocorrera.

Sim, seus amigos haviam sido capturados, e os duendes de Walros por pouco não o tinham destruído. Ele precisava resgatá-los. Cogitou voltar para a vila e chamar reforços, mas então ponderou que isso lhe gastaria muito tempo; tempo o suficiente para que muitos fossem torturados e mortos, além de todas as coisas terríveis que poderiam acontecer com os que permanecessem escravos.

Precisava levantar-se agora, e foi o que fez. A sensação era como se seus músculos estivessem sendo rasgados, botando para fora grandes quantidades de sangue. Mancando muito, Zayan fez o caminho de volta até a clareira do ataque, e, observando as pegadas e rastros de sangue, começou a segui-los. Antes, porém, muniu-se de uma longa lança, obtida dentre os mortos.

Caminhou por horas, tendo diante de si apenas os instintos de perseguição. A cada nova passada, suas células aumentavam as capacidades regenerativas, e seu corpo voltava ao normal. Depois de um tempo, havia apenas sangue seco em suas feridas, o que foi resolvido por um banho rápido num lago.

Quando a noite caiu, o homem do espaço encontrava-se numa colina alta, que descia até uma vila. Havia várias fogueiras no local, lançando fumaça no vento. Era para lá que os rastros conduziam. Seus companheiros de combate encontravam-se ali, em extremo sofrimento.

Não podia perder mais um segundo sequer. Com um salto, saiu escorregando colina abaixo, até alcançar a estacada do assentamento de duendes.

Com a lança entre os dentes, começou a escalar, pronto para pular lá dentro, e enfrentar o que quer que o esperasse.

ZAYAN DO ESPAÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora