DE VOLTA À VIDA

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Enquanto chorava, e aceitava a terrível sina a qual seguira, Zayan levantou-se, e notou algo que antes lhe passara despercebido. Era a outra parte do fruto de Fenir, caída ao lado do corpo do feiticeiro. Como que por instinto, e sem nem pensar, o homem do espaço pegou a coisa, e levou-a à boca do corpo queimado de Alice.

— Por favor! — gritou, dentre soluços. De alguma forma, enfiou a fruta goela abaixo da morta, com toda a força de seus músculos.

Alguns segundos passaram-se, e Zayan pensou que todas as suas esperanças haviam se perdido. Mas então, subitamente, um brilho emanou da boca da mulher. Seus olhos se abriram, e ao mesmo tempo, um clarão ofuscante ocorreu. Ele cobriu as vistas, e nada discerniu por bons segundos. Quando conseguiu focalizar o que se passava em sua frente, viu Alice, respirando ofegante no chão.

Ela se encontrava nua, mas sua pele estava intacta, e no lugar dos olhos castanhos, um brilho avermelhado emanava.

— Zayan? — indagou, olhando o companheiro.

Ele abriu largo sorriso de alegria, e abraçou-a enquanto chacoalhava. Alice retribuiu o gesto, insegura.

— Eu... morri?

— Sim — disse ele —, mas pude salvá-la, graças aos deuses, com a fruta do mundo inferior!

A soberana ficou incrédula diante daquela explicação, o que fez com que abraçasse Zayan com ainda mais força. Levantou-se, e colocando o perfeito rosto do homem dentre os dedos, beijou-o.

Foi como se todos os medos da cabeça do homem desaparecessem. Ele apertou ainda mais o beijo, sentindo-o lhe aquecer a alma.

Do alto da estacada, Levi viu a tudo, e não conseguiu conter as emoções ao ver a soberana viva. Tremia, ao mesmo tempo de alívio e felicidade.

Todos os homens que voltaram da batalha gritavam à saúde da rainha, e à força e resiliência de Zayan.

— Estamos juntos, meu amor — disse Alice. — E nossos inimigos, mortos. Reinaremos enquanto houver sol, lua e estrelas!

— Para todo o sempre. — Ele a beijou de novo, e de novo.

E a beijaria durante todos os anos felizes que passaram, lado a lado, como os soberanos daquele planeta.

Os duendes foram enxotados para longe, e sem a liderança de Walros, aos poucos minguaram, sendo forçados a viver nas profundezas das cavernas místicas.

Levi foi consagrado o mais corajoso e leal homem daquele reinado, e até o dia de sua morte, serviu ao rei e à rainha com todo o coração.

Num dia comum, após a esposa já dormir do lado de dentro da cabana, Zayan saiu para fora, e olhou o céu estrelado. Mesmo que muito bem com a esposa, e com aquele povo que tanto o agradava, ainda lhe pairava a dúvida: quem eram seus criadores? Onde eles estavam?

Talvez, ele nunca soubesse a resposta para essas perguntas. Ou então, os progenitores vinham em sua direção, buscando-o pelo infinito do espaço, no desejo de encontrá-lo e trazê-lo para casa. Entretanto, apenas os astros poderiam confirmar tal suposição.

FIM.

ZAYAN DO ESPAÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora