A ESCOLHA DE ZAYAN

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 À medida em que avançava ao lado de Fenir, a desconfiança de Walros crescia. O poder do feiticeiro fazia-o reconsiderar a respeito de ter-se aliado a ele. O cajado, com aqueles olhos brilhantes, dava calafrios ao duende-mor. Na verdade, um desejo intenso por apoderar-se do objeto nascia na alma do chefe. Entretanto, ele nada disse a nenhum de seus homens, mantendo suas intenções dentro do coração mesquinho.

Por outro lado, Fenir mantinha-se focado no que fazia. Ele suspeitava de Walros, mas sua extrema confiança em si mesmo e na magia que possuía o deixava desarmado perante possíveis investidas do companheiro. Além do mais, após perder todos os escravos nas profundezas da terra, sua vontade de viver minguara. A única coisa que dava prazer ao feiticeiro naquele momento era ver a morte diante de seus olhos envelhecidos e vermelhos.

Queria saborear o instante em que os duendes enfeitiçados e trolls colocassem na boca um corpo de algum pobre desgraçado! Apenas isso o impelia à frente, e também a promessa daquilo que guardava entre as vestes. Era algo raro, de extremo valor; um pequeno bagaço amarelado. Consistia-se, é claro, na fruta sagrada, a qual salvara-lhe há tantos anos atrás. Fenir sabia que, se a comesse naquele momento, devido a grande quantidade de poder que já tinha no sangue, morreria. A magia em excesso o faria explodir em muitos pedaços; porém, antes que isso acontecesse, poderia dar-lhe extremo êxtase, coisa que há anos ele não sentia.

Dessa forma, a imensa comitiva prosseguiu, até finalmente avistarem a próxima vila. Era tarde, e os súditos de Alice passeavam de um lado a outro, ocupados em seus afazeres. Para os olhos dos dois líderes malignos, aqueles seres não passavam de meras vítimas, as quais atacariam no menos tardar.

Armaram acampamento atrás de alta colina, escondendo-se assim dos olhos dos moradores. Entretanto, os sons de armas sendo afiadas e forjadas à marteladas estridentes não puderam ser disfarçados. O povoado da vila, ao notá-los, encheram-se de dúvidas, e um pouco de medo, mas nada que provocasse que saíssem para ver do que se tratava. Continuaram tranquilos, imaginando ser aquilo sons estranhos da natureza, sempre lhes pregando peças.

No momento em que Walros e Fenir chegavam, os três aventureiros moviam-se dentre as árvores. Zayan estreitou os olhos ao ver o exército, o sangue borbulhando em seus músculos, louco para a batalha! Ele queria mostrar aos desgraçados quem mandava naquele planeta, e o faria naquela noite.

Alice e Levi tinham os rostos encobertos por escuridão. À vista daquela quantidade de inimigos, desanimaram, podendo prever apenas desgraça. Zayan, porém, consolou-os, dizendo-lhes que a única coisa que precisavam fazer era ter calma, e segui-lo em combate. Após bons momentos conversando com o homem do espaço, e enchendo-se de esperanças, os três por fim moveram-se na direção da vila.

Agachados e bem escondidos no mato, não foram reparados pelas tropas dos terríveis chefes. Dessa forma, alcançaram a paliçada, e gritaram aos homens de dentro. Estes, muito curiosos e em dúvida, abriram os portões, animando-se ao verem a figura da rainha.

Mas Alice foi extremamente concisa, informando-lhes com bastante objetividade o que acontecia do lado de fora dos portões. Quando terminou a narrativa da sina horrenda que os esperava, o chefe da vila estava muito abalado. Era um homem magrinho e de muito bom-humor em dias comuns, mas depois daquilo, começou a tremer, e foi recolher-se à sua cabana. Após algum tempo, por terem-lhe notado a falta, os moradores entraram para procurá-lo, e viram-no morto, com uma faca entre os dedos. Matara-se, sem condições de ter a responsabilidade de liderar batalha de tamanha importância. Ao saber da notícia, Zayan abriu um sorriso, foi à praça pública e gritou:

— Hoje, o dia em que o chefe de vós os abandonou, Zayan do espaço surge para alegrá-los! Ele vos saúda, e lamenta a terrível sina de seu líder. Entretanto, a morte não deve impedir-nos de continuar a lutar pelos vivos. O inimigo espreita do lado de fora, pronto para trucidar-nos, e não irá se deixar abater por um suicídio dos nossos! Eu, Zayan do espaço, me ofereço como seu novo líder, se assim aceitarem, para levá-los à glória e furor da batalha! Que dizem?

ZAYAN DO ESPAÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora