O INICIAR DE UM CONFRONTO

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Levi e Alice haviam corrido muito do local da luta. A mando da rainha, suas guerreiras já tinham se distanciado, e sumido na floresta. Os dois esperaram pela volta de Zayan, mas este nunca aparecia do meio da mata para lhes saudar. A rainha logo ficou preocupada.

- Não podemos deixá-lo à mercê de sua própria sorte - disse ela. - Temos de voltar e resgatá-lo.

- Como seu oficial e protetor, devo alertá-la do perigo que corres ao fazê-lo. Zayan disse para irmos embora.

- Você é covarde, Levi!

O homem sentiu as palavras rasgarem seu peito como vidro. Sua respiração ficou acelerada, e o orgulho acabou vencendo a luta interna. Sem dizer mais nada, começou a andar na direção de onde vinham os ruídos do embate entre o homem do espaço e Walros.

Alice deu um sorriso singelo, e seguiu-o.

Assim que chegaram à clareira em que o combate tinha ocorrido, encontraram o corpo de Bento. Ele ainda tinha os olhos abertos voltados para o lado, e o corpo trucidado cheio de sangue.

Alice ajoelhou-se diante do guerreiro morto, lamentando-se. Não acreditava que isso pudesse ter acontecido. Gostava de Bento, um de seus mais leais súditos.

Mas logo que as lágrimas secaram em suas bochechas, a rainha encarou Levi, e disse-lhe:

- Precisamos encontrá-lo! Não devemos permitir que acabe como Bento!

Levi assentiu, e começou a buscar rastros pelo solo. Encontrou as pegadas fundas de Zayan, que davam a um grande buraco na terra. As folhas que o cobriam haviam sido remexidas, indicando que algum corpo passara por elas.

- Talvez por aqui, rainha - disse Levi. - Mas a profundidade é muita.

- Acenda uma tocha! Zayan tem de estar aí!

Levi obedeceu, e logo tinha a vara incandescente nos dedos. Ele desceu primeiro, escorregando com cautela pela passagem. Alice veio logo atrás, o rosto fechado em determinação.

Chegaram ao fim do túnel, e encontravam-se no primeiro local em que Zayan havia caído. As tochas estranhamente colocadas nas paredes estendiam-se adiante.

Os dois se entreolharam e prosseguiram caminho, percebendo os rastros do guerreiro que ali andara. Alice sabia que ele estava vivo; tinha de estar.

Não demorou muito que encontrassem o oásis, resplandecendo com sua vegetação brilhosa. Ficaram impressionados, mas mantiveram-se no curso do aliado perdido.

Chegaram até a árvore em que ele se sentara para descansar, e beberam do mesmo lago. Logo, perceberam junto dos rastros de Zayan pequenos pés, que levavam até uma vila distante.

Podiam notar a movimentação que nela acontecia, tomando consciência dos seres que ali viviam, espantados com suas formas humanas mais estranhas ainda que a dos duendes. Levi apertou o passo, e logo viu o fogo da fogueira, que jogava grandes quantidades de fumaça no ar.

- Rainha! - exclamou ele, apontando para a pira. - É ele!

Arregalando os olhos, a soberana o viu, trespassado de flechas, adormecido sobre as madeiras que chamuscavam. Era Zayan, prestes a ser devorado pelas chamas famintas.

Os dois não perderam tempo; Levi armou-se do graveto mais grosso que encontrou, e Alice seguiu-o logo atrás, suando de ansiedade. Levava consigo uma fina faca de ossos, que apesar de pequena, serviria bem.

Os seres logo notaram a movimentação que vinha da floresta. Ouviram-se gritos de aviso e muita bagunça; cada indivíduo correu para as cabanas, saindo delas munidos de arcos, flechas e espadas de pedra. Uma batalha estava prestes a acontecer, e Zayan começou a gemer, acordando do sono terrível de sangue que lhe ofuscava os sentidos.

ZAYAN DO ESPAÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora