O CAMINHO DE VOLTA À SUPERFÍCIE

39 6 60
                                    

Depois que Walros havia jogado Zayan dentro do subterrâneo misterioso, e o visto cair para suposta morte, pensava em retornar à sua vila. Entretanto, a cobra ainda mostrava-se agitada, e não queria deixá-lo.

— Ele não pode ter morrido — disse ela. — Não ainda! É um guerreiro muito forte para se deixar abalar por uma simples queda.

Walros, a princípio riu daquelas palavras, mas então lembrou-se dos muitos golpes a faca que tinha dado em Zayan. Sua mente tornou-se conturbada àquela imagem do corpo sangrento dele. Também recordou-se de seus homens a golpeá-lo no chão, e de sua volta praticamente intacto para enfrentá-lo, como se nada lhe houvesse acontecido. Não, ele não poderia mesmo estar morto; seria ilusão pensar assim.

Entretanto, o duende-mor não sabia o que encontrar abaixo da terra; precisava, por isso, certificar-se de segurança. Comunicou isso à cobra, convencendo-a de que tinham de ir até a vila atrás de reforços.

O animal, ainda sedento por vingança pela morte do amado pai, topou a proposta, apesar de impaciente. Então, naquela noite eles retornavam ao local do buraco onde o homem do espaço caíra, acompanhados por boa quantidade de homens.

Os duendes ficaram assustados com a magnitude daquele ser que Walros cavalgava, mas aos poucos acostumaram-se, e passaram a vê-lo como boa vantagem.

Walros teve de obrigar seus servos a entrarem no buraco primeiro, já que ele mesmo não o faria. Empurrou um pobre coitado a cacetadas para dentro da fissura, e este começou a escorregar.

Quando chegou lá embaixo, tremia de medo, a tocha que trazia bem bamba nas mãos. Mas logo acalmou-se, percebendo o caminho sinuoso e iluminado que ali havia, como também as fundas pegadas de Zayan e seus companheiros.

O duende então gritou para cima, dizendo o caminho estar liberado, e Walros adentrou, seguido por seus homens. Por muitos dias eles vagaram em meio às cavernas misteriosas, percebendo a grandeza do oásis que ali existia, e as estranhas criaturas habitando as florestas.

Walros, entretanto, demorou a ver Zayan, e só o fez no dia em que o homem do espaço subiu nas muralhas do castelo roxo. Na verdade, os duendes já tinham notado o imenso monumento, e exatamente por sua grandeza, adivinhavam que algo de importante ocorreria em redor dele.

O duende-mor, com suas tropas, apenas observou o guerreiro voltar com Alice e Levi. Estavam escondidos nas folhagens, camuflados pela cor esverdeada de suas peles. Walros resolveu esperar, e só depois segui-lo.

Quando Zayan chegou à vila dos Yamumanis, os duendes aguardavam o ataque do feiticeiro acontecer, para que se aproveitassem da oportunidade para atacar. Entretanto, como a defesa havia se dado de forma fenomenal, recuaram novamente para as sombras, até darem de encontro com Fenir.

Após falarem com o velho e o convencerem a ajudá-los, embrenharam-se novamente na floresta. Planejavam o que fariam, agora com ajuda de um homem misterioso e cheio de poderes.

Quando Fenir falava algo ao duende, este ficava maravilhado com a aura que encobria o velho, e ansiava por lutar a seu lado contra o cruel inimigo que tanto odiavam em comum. O fato de Zayan ainda encontrar-se vivo deixava o chefe dos duendes extremamente irritado, e cheio de pesadelos.

Mas, a despeito dos sentimentos desagradáveis, ainda assim Walros organizou seu exército. Treinou os duendes incansavelmente, e Fenir ajudou-o no processo. O feiticeiro, desta vez, enfeitiçou-os com forte magia das trevas. Tal procedimento custou-lhe muita energia, fazendo-o enfraquecer, mas deu aos duendes maior agilidade e força, além de insaciável sede de sangue.

ZAYAN DO ESPAÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora