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Estava uma noite fria, mas o brilho das estrelas e da lua a bater na água calma do lado faziam com que o ambiente fosse mais bonito. Estava sentada dentro da tenda com uma manta quente à minha volta enquanto fazia pequenos desenhos num dos meus cadernos. Como não estava vento ouvia-se bem a música que saia do meu celular Life is Beautiful- Lil Peep, muitas vezes eu cantarolava alguma parte da música que ficava no meu ouvido.

Eu gostava de estar sozinha, era relaxante e dava-me tempo para pensar no que fazer. Eu realmente tenho uma dependência muito grande nos rapazes, isso é verdade. Desde o primeiro ano do ensino médio quando eu me juntei ao clube de voleibol de Nekoma, era a assistente deles. Foi lá que conheci Kuroo e Kenma e nos tornamos amigos, nessa altura a minha vida em casa já estava horrível. O meu pai tinha morrido quando no meu aniversário de 4 anos. Foi o pior dia da minha vida.

*Flashback on*

Eu tinha feito uma festinha com os meus amigos do infantário e a brincar com eles tinha atirado uma bola por cima da rede e foi parar no meio da estrada. Eu tinha saído de casa a correr para a ir buscar mas o meu pai tinha ido atrás de mim e me puxado para trás e ele que foi buscar a bola.

Até que... Quando ele já vinha a caminhar na minha direção com a pequena bola na mão quando derepente ouvesse uma buzina alto e um camião a alta velocidade o levou. Ele tinha sido atropelado por um camião bem á minha frente. Eu nessa altura era nova demais para perceber o que tinha acontecido.

O corpo do meu pai estendido no chão completamente desconfigurado, sangue por todo o lado e uma bola com sangue que rolou até os meus pés.

Eu gritei, o mais alto possível, para que me ouvissem, todo o meu corpo tremia e lágrimas escorriam pela minha face e eu corri até o corpo do meu pai já gelado. Ouvi a porta da frente abrir e o grito da minha mãe. Eu abraçava o corpo de meu pai e o meu corpo já estava completamente vermelho por causa do sangue. Senti minha mãe me puxar pelo braço e me atirar para a estrada se agarrando ao corpo de seu marido já morto.

E lá estava uma criança de 4 anos completamente traumatizada, uma criança que precisava de um abraço e foi esquecida. A única pessoa que recebeu carinho foi a minha mãe, já eu, uma criança com 4 anos fui abandonada. Minha mãe me culpava todos os dias pela morte de meu pai, minha família me tratava abaixo de cão. Era tudo horrível.

Com apenas 7 anos tentei o meu primeiro suicídio, com 9 anos comecei a me automutilar, com 12 anos descobri a droga andei chapada por dois anos até ter uma overdose e quase morri. Mas infelizmente não tinha morrido. Durante 11 anos eu pedia para morrer todos os dias, queria ter sido eu em vez de meu pai. A minha vida não tinha sentido desde os meus 4 anos, era como se a minha vida fosse um vazio.

Minha mãe me batia constantemente, então para ninguém desconfiar ela tinha me inscrito no vôlei para que as marcas do meu corpo fossem ignoradas por acharem que era dos meus treinos. O vôlei era uma das únicas coisas que eu fazia que me faziam sentir viva de novo, vôlei e arte. Mas arte era a minha obsessão e eu sabia disso. Sabia como a arte sempre fora a forma de eu demonstrar todos os sentimentos que não podia exprimir por palavras.

Eu pintava meu corpo, fazia desenhos pelos cortes nos meus pulsos, pelas marcas de unhas na minha pele, pelas queimaduras do isqueiro nas minhas pernas, pelos hematomas feitos por minha mãe. Tudo isso se tornava a base de algum desenho meu.

Até que com 15 anos entrei em Nekoma, não havia time de vôlei feminino então decidi me juntar ao masculino sendo a assistente. Eu andava na mesma sala que  um dos jogadores do time então ao falar com ele um rapaz do segundo ano se aproximou e foi ai que conheci Kuroo Tetsuro, que me apresentou todo o time e Kozume Kenma.

After Hours- Suna RintauroOnde histórias criam vida. Descubra agora