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"𝐄𝐮 𝐚𝐜𝐫𝐞𝐝𝐢𝐭𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐨𝐮 𝐮𝐦 𝐪𝐮𝐚𝐝𝐫𝐨 𝐚𝐛𝐚𝐧𝐝𝐨𝐧𝐚𝐝𝐨 𝐩𝐨𝐫 𝐚𝐥𝐠𝐮é𝐦 𝐪𝐮𝐞 𝐧𝐮𝐧𝐜𝐚 𝐝𝐞𝐬𝐞𝐣𝐨𝐮 𝐬𝐞𝐫 𝐩𝐢𝐧𝐭𝐨𝐫. 𝐀𝐥𝐠𝐮é𝐦 𝐪𝐮𝐞 𝐦𝐞 𝐩𝐞𝐠𝐨𝐮 𝐪𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐞𝐮 𝐞𝐫𝐚 𝐮𝐦𝐚 𝐭𝐞𝐥𝐚 𝐛𝐫𝐚𝐧𝐜𝐚 𝐞, 𝐞𝐦 𝐯𝐞𝐳 𝐝𝐞 𝐦𝐞 𝐩𝐢𝐧𝐭𝐚𝐫 𝐜𝐨𝐦 𝐚 𝐬𝐮𝐚𝐯𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐝𝐨𝐬 𝐩𝐢𝐧𝐜é𝐢𝐬, 𝐦𝐞 𝐟𝐞𝐫𝐢𝐮 𝐜𝐨𝐦 𝐨 𝐥𝐚𝐝𝐨 𝐩𝐨𝐧𝐭𝐢𝐚𝐠𝐮𝐝𝐨. 𝐏𝐞𝐫𝐟𝐮𝐫𝐨𝐮 𝐯𝐞𝐳𝐞𝐬 𝐬𝐞𝐦 𝐜𝐨𝐧𝐭𝐚 𝐚𝐭é 𝐞𝐮 𝐬𝐞𝐫 𝐮𝐦 𝐛𝐮𝐫𝐚𝐜𝐨 𝐠𝐫𝐚𝐧𝐝𝐞 𝐞𝐦 𝐯𝐞𝐳 𝐝𝐞 𝐮𝐦𝐚 𝐨𝐛𝐫𝐚 𝐝𝐞 𝐚𝐫𝐭𝐞." — 𝐒𝐨𝐟𝐢𝐚 𝐒𝐢𝐥𝐯𝐚


Karol aceitou o convite de Simon para esperar na sala enquanto Ruggero vestia uma roupa adequada para a corrida. Contudo, por mais gentil que o dono do Pet Shop estivesse sendo ela não podia negar que sentia um ligeiro calafrio sempre que seus olhos cruzavam com os dele.

— Se quiser pode se sentar. Quer uma água ou um café?

Ela abanou a cabeça e cruzou os braços.

— Eu estou bem, obrigada.

Simon assentiu e tomou uma ligeira distância. Assim como a companhia dele a deixava desconfortável, a dela também parecia deixa-lo meio inquieto.

— Vai ser bom pra ele sair um pouco. — O rapaz comentou sem olhá-la diretamente. — O Ruggero acordou meio pra baixo hoje.

— Eu imagino.

— Não sei se ele te contou sobre...

— O alcoolismo. — Karol disse e na mesma hora Simon abanou a cabeça em concordância. — Sim, ele me falou. Inclusive, eu nem fazia ideia. Fiquei com isso na cabeça a noite inteira, não consegui nem dormir.

— Nem ele.

— Ah. — Ela mordeu o lado de dentro da bochecha e abaixou o olhar.

Havia sido impossível se esquecer do que Ruggero havia dito sobre sua genuína vontade de morrer. Era horrível ver alguém desejando tão fortemente algo que o arrancasse desse mundo.

Só um desespero muito profundo que se converteu em um vazio imensurável era capaz de disparar um desejo tão perigoso.
O fato era que ninguém acordava um belo dia e decidia que queria morrer. Nunca é assim. E geralmente essas pessoas querem matar aquilo que dói e não exatamente toda a sua vida. Só que estão dentro de uma tempestade tão feroz que sequer se dão conta disso.

E quando ela ouviu Ruggero proferindo aquelas palavras.... Deus do céu! A menina não saberia explicar o motivo, mas isso lhe despertou uma dor no coração, uma agonia que nada era capaz de sanar.

Karol simplesmente não conseguia conceber a ideia de vê-lo morto.

E nem se conheciam direito....

— Vamos?!

— Seu pezão coube nos meus tênis? — Simon gracejou para Ruggero assim que o rapaz apareceu na sala com uma regata preta e calção cinza; além de meias brancas que iam até metade da canela.

A Menina Raposa - Vol 2Onde histórias criam vida. Descubra agora