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"Estou perdido sem você. Sou uma pessoa sem alma, um errante sem lar, um pássaro solitário voando para lugar nenhum. Sou todas essas coisas e não sou nada." — Uma Carta de Amor.

Kyara Sevilla

Cheguei à floricultura com emoções controversas em meu peito.
Algo parecia ter se transformado dentro de mim, eu só não sabia o que era ainda.

Ver Damian e conversar com ele me tirou um peso que eu nem sabia que carregava.
E me doeu vê-lo daquela forma, contudo, falei o que precisava ser falado.

Agora as escolhas estão apenas nas mãos dele.

— Oi, chegou agora? — Richard indagou ao me ver parada à porta.

Chovia tanto.

— Unrrum. Eu fui... falar com o Damian.

Noto seu maxilar tencionar, mas Richard disfarça.

— Foi?

— Sim. Eu precisava agradecer. Você sabe o que ele fez pela minha irmã. Além do mais, eu...

— Kyara, você não me deve explicações. Relaxa.

— Não, Richard. Espera. — O segui até os fundos da floricultura. Ele fingia arrumar os vasos novos, mas eu sabia que o tinha magoado e precisava corrigir o equívoco. — Eu não fui atrás dele por causa de qualquer coisa sentimental. Aliás, deixei bem claro o que sinto quanto a ele.

Sutilmente ele me olha de soslaio.

— E o que você sente?

— Pelo Damian? Nada. Talvez pena. E eu sei que é um sentimento péssimo de se ter por alguém, mas ele é um homem complicado, orgulhoso. Parece que gosta de alimentar o que tem de ruim dentro de si e não repara o quanto é danoso pra ele mesmo.

— Bom, só ele pode melhorar isso.

— Sim, eu sei. — Respondo, observando-o ir até o balcão. Ainda me evitando. — E eu expliquei que nada entre nós é viável, que eu não sinto nada por ele. Falei também que as coisas poderiam melhorar pra ele, mas que pra isso ele precisava querer. Porque ninguém merece viver na escuridão pra sempre.

— Certo.

— E eu também entendi que eu precisava disso. Desde a primeira vez em que eu o vi, eu me senti péssima. Damian me deixava esquisita, mal. Mas agora... agora eu me sinto leve. Acho que se a minha irmã tinha razão, então ele e eu precisávamos encerrar isso, quebrar esse elo.

— Como assim?

— A Karol sempre fala que esse negócio de vidas passadas existe, mas eu nunca dei bola. Porém, não tem como negar que a repulsa que eu senti pelo Damian era algo além da lógica. Tinha algo. Algo pesado, ruim, que nos ligava um ao outro. E seja lá o que fosse, hoje eu me livrei disso. Hoje eu pude olhá-lo nos olhos e desculpá-lo. E isso me fez bem. Isso me deixou de coração leve.

Um tanto relutante, Richard vai se aproximando de mim.

— Então acabou?

A Menina Raposa - Vol 2Onde histórias criam vida. Descubra agora