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"Todos nós somos humanos e, às vezes, fazemos coisas ruins." — É Assim Que Acaba


Kyara dava voltas dentro dos próprios pensamentos enquanto observava Richard separar as faturas do mês. Por azar, Samuel estava atrasado e tanto Karol quanto Bruno, continuavam em casa; portanto, só restavam os dois ali.

E por mais que Kyara achasse que deveria pedir desculpa ao funcionário pelos maus modos que teve com ele anteriormente, não conseguia. Não queria dar o braço a torcer e admitir que foi imatura e insegura. E mais do que isso, que aquele rapaz mexeu de um jeito assombroso com suas estruturas sempre tão sólidas.

Como podia ela, logo ela, ficar daquele modo por causa de um homem? Era ridículo! Não se considerava uma romântica, tampouco uma menina boba que não sabe reagir em frente a rapazes.

— Que tipo de bruxaria será essa? — Falou para si mesma, fitando-o. — Como ele consegue me deixar assim? Digo, isso não faz sentido! Que coisa idiota!

— O que acha, Kyara? — A voz de Richard a arrancou dos devaneios. Ele parou do lado oposto do balcão, absorto nos papéis que separava. — Ei, está me ouvindo?

— Lógico que eu estou ouvindo. — Reagiu ela, encabulada. — O que você quer?

— São essas faturas aqui. Veja, eu liguei para esses fornecedores ontem e pelo o que eu entendi eles irão....

— Bom dia?

Os dois ergueram a cabeça ao mesmo tempo e observaram o rapaz que adentrava a floricultura.

Kyara sentiu um descompasso no peito, contudo, a dor que a acometeu na barriga foi mais forte. Era aquele incômodo horroroso. Parecia difícil para respirar.
Ela precisou se apoiar melhor ao balcão.

— Pois não? — Richard perguntou, endireitando a postura instintivamente. E não que pudesse explicar, mas foi tomado por uma confusão de sentimentos ruins. Arrepiou-se e sentiu o estômago embrulhar. — O que deseja? — Prosseguiu, pálido.

— Eu vim falar com a senhorita Kyara. — O rapaz recém-chegado explicou, retirando os óculos escuros, revelando um par de olhos ainda mais intensos do que sua presença.

Ele olhou Richard de baixo para cima e sua expressão foi de puro desdém.

— Damian, não é? Eu me lembro de você. No outro dia veio pedir informação sobre o Pet Shop do Carrigan. — Kyara conseguiu dizer, ainda respirando com dificuldade. — Hoje veio fazer alguma encomenda?

— Na verdade, eu gostaria de... — Pigarreou, olhando em volta. — Pode ser meia dúzia de rosas vermelhas.

— Vou providenciar, só um momento.

— Está se sentindo bem? — Richard quis saber, buscando o olhar dela.

— S-sim... estou bem.

— Se recuperou totalmente daquela dor do outro dia? Lembro-me que até precisei pegar um pouco de água para você. — O advogado se intrometeu.

— Ah sim, verdade. Mas sim, sim, estou bem. E você? Afinal também não se sentiu bem.

— Novo em folha. — Damian rebateu sorrindo, muito embora seu sorriso tenha se fechado quando olhou para Richard. — Você não estava aqui da última vez que vim. É novato?

— Praticamente.

— Que bom pra você.

— O Richard me ajuda na administração. Aliás, Richard, esse é o Damian. Damian, meu colega de trabalho Richard Baroni.

A Menina Raposa - Vol 2Onde histórias criam vida. Descubra agora