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"𝐃𝐞 𝐫𝐞𝐩𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐧ã𝐨 é 𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐚 𝐠𝐫𝐚𝐯𝐢𝐝𝐚𝐝𝐞 𝐪𝐮𝐞 𝐭𝐞 𝐩𝐫𝐞𝐧𝐝𝐞 à 𝐭𝐞𝐫𝐫𝐚, é 𝐞𝐥𝐚 𝐞 𝐯𝐨𝐜ê 𝐟𝐚𝐫𝐢𝐚 𝐪𝐮𝐚𝐥𝐪𝐮𝐞𝐫 𝐜𝐨𝐢𝐬𝐚, 𝐬𝐞𝐫𝐢𝐚 𝐪𝐮𝐚𝐥𝐪𝐮𝐞𝐫 𝐜𝐨𝐢𝐬𝐚 𝐬ó 𝐩𝐫𝐚 𝐞𝐬𝐭𝐚𝐫 𝐚𝐨 𝐥𝐚𝐝𝐨 𝐝𝐞𝐥𝐚: 𝐮𝐦 𝐩𝐚𝐢, 𝐮𝐦 𝐚𝐦𝐢𝐠𝐨, 𝐮𝐦 𝐢𝐫𝐦ã𝐨, 𝐮𝐦 𝐩𝐫𝐨𝐭𝐞𝐭𝐨𝐫."- 𝐒𝐭𝐞𝐩𝐡𝐞𝐧𝐢𝐞 𝐌𝐞𝐲𝐞𝐫


Aquele dia anoiteceu rápido demais, Karol pensou enquanto ajudava Samuel a fechar a floricultura.

Kyara ainda estava enfurnada em sua sala; já Richard havia sido liberado.

— Você parece mais alegre hoje. — Samuel comentou, olhando-a de soslaio.

Karol se agachou para ajeitar um vaso grande de rosas e se viu sorrindo.

Ela ainda não tinha superado toda a emoção que experimentou na loja de Margô.

— Hoje eu tive uma experiência insana, Samuel. Você nem imagina o quanto eu estou contente por perceber que sempre estive no caminho certo, que as minhas crenças não eram loucuras da minha cabeça.

— E eu posso saber que experiência foi essa?

Limpando as mãos na blusa que usava, Karol se levantou.

— É complicado de explicar. Mas digamos que eu tive um sonho. Um sonho hiper-realista. O tipo de sonho que te faz duvidar do que é real e do que é fantasia.

— Certo....

— E aí eu me acordei meio alvoroçada, sabe? Eu ainda conseguia sentir dentro de mim todas as coisas que senti enquanto sonhava, só que não dava para encaixar, porque, bom, não tinha como provar que foi verdade.

Samuel franziu o cenho.

— E agora você consegue provar?

— Sim! Digo, depende. Na verdade, eu provei pra mim mesma. — Rindo, ela retornou às memórias do que havia acontecido. — No meu sonho eu dançava com um cavalheiro. Parecia um daqueles bailes antigos, compreende? E aí eu me acordei com uma música em mente, só que eu não fazia ideia qual era. Só que daí, imagina, eu dei de cara com essa canção hoje, lá no antiquário da Margô!

— Antiquário da Margô?

— Sim, é uma senhora incrível que eu conheci hoje quando fui deixar uma encomenda.

— Ah, entendi.

— Enfim, a música se chama Partenope e, aparentemente, era a minha canção com essa cavalheiro. — A empolgação na voz dela era palpável. — E pode até parecer insano, mas eu sei que vivi em outra época, que conheci esse homem e que essa era a nossa trilha sonora, como dizem hoje em dia. — Sorriu, pensativa. — E ter essa certeza calibrou as minhas esperanças. Aumentou a minha fé.

Samuel foi incapaz de esconder o sorriso de satisfação que tomou seu rosto angelical.

— Que coisa, não é mesmo?

— Pois é. É o tipo de coisa de que não se esquece.

— E.... bom, o que pretende fazer com isso?

Karol arqueou as sobrancelhas e deu de ombros; não fazia a menor ideia.

— Eu não sei. Só sei que agora eu tenho certeza de que a vida é infinita. E não importa se morrermos aqui, porque a alma é eterna, Samuel. Entende? Isso vai além de qualquer coisa. E se todos tiverem essa certeza, poderão compreender que nunca é tarde para fazer o certo, para melhorar e buscar ajuda. Sempre é tempo de recomeçar, porque não temos fim.

A Menina Raposa - Vol 2Onde histórias criam vida. Descubra agora