" Quando encontrar o amor, deve agarrá-lo. Você o agarra com as mãos e faz o possível para não soltar. Não pode simplesmente se afastar dele e esperar que dure até que você esteja preparada." — Novembro, 9
Ruggero Pasquarelli
Abro os olhos bem devagar, primeiro o olho direito, depois o esquerdo. Encaro o teto e assimilo o lugar onde estou.
Por um segundo não entendo nada, mas daí, o perfume dela invade os meus sentidos e as memórias retornam.Viro o pescoço e encaro a mulher que está abraçada ao meu corpo, com o rosto apoiado em meu peito, respirando no mesmo ritmo que eu.
Um sorriso emerge no meu rosto.
Se alguém me contasse meses atrás que eu dormiria com uma mulher, mas não faria sexo com ela, eu com certeza daria uma boa gargalhada, porque aquele vazio que existia em mim não me permitia experimentar um momento de paz como esse sem segundas intenções.
Parecia que eu precisava sempre estar em movimento ou bêbado, caso contrário o caos me agarraria pelos tornozelos e me levaria para o inferno.
Só que agora...
Agora eu só quero ficar nessa cama enorme, abraçado a essa mulher, ouvindo sua respiração.
Apenas isso. E, ainda assim, é algo extraordinário.Se Arvid ouvisse os meus pensamentos diria algo sobre amor. E perguntaria o que aconteceu com o amigo lunático dele.
Bom, acho que esse sou eu de verdade.
Um homem de uma mulher só.
O homem dela. Só dela. E com todo o orgulho do mundo.Ainda sorrindo, estico o braço e pego a caixinha de música que comprei pra ela.
O bilhete com o pedido que fiz ainda está dentro, mas o que ganha a minha atenção é a letra L gravada na tampa. Sou rapidamente inundado por uma ternura anormal.Passo o dedo pela gravura, depois levanto a tampa.
É aquela música que eu amo.
— Eu amo essa música.
Viro a cabeça e observo Karol empurrar os cabelos pra trás e erguer o rosto pra mim. Ela sorri. Ela ama a música. A mesma música que eu amo. Agora eu amo ainda mais as duas. Ela e a canção.
— Bom dia, Raposa.
— Bom dia, Conde Corvo.
— Conde Corvo?
Ainda sorrindo, Karol se senta e se espreguiça, depois me encara. Quando ela estica a mão e toca no escapulário do meu pescoço, eu paraliso.
— Sonhei que éramos os donos oficiais desses escapulários. Que eu era a raposa e que você era o conde. E que nós dois tínhamos posto aquela cápsula do tempo dentro do labirinto das rosas.
Observo todo o seu rosto com atenção e depois abaixo o olhar, fitando a jóia de prata que não consigo viver mais sem.
— Mas como?
— Você acredita em outras vidas?
Reflito sobre a pergunta por que parece que eu já a ouvi antes. Ela ecoa na minha cabeça.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Menina Raposa - Vol 2
Romance"Samuel dos Anjos - um cupido totalmente fora dos eixos - recebeu uma missão: ajudar duas pessoas a resgatar um amor de outra vida. Nível de dificuldade? Dívidas herdadas de uma época onde o ódio venceu o amor. ...