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"A vida não precisa ser perfeita para ter um amor extraordinário." — A Culpa é das Estrelas


Margô entrelaçou o braço ao braço da nora assim que desceram do carro.

A dona do antiquário havia achado mais prudente ir direto para casa após o mal-estar que Antonella teve na igreja, contudo, a mãe de Ruggero não estava disposta a sair daquele bairro sem conhecer a floricultura Meraki. E em especial, Bruno Sevilla.

— Bom dia, posso ajuda-las? — Um rapazinho loiro atrás do balcão indagou, abrindo um sorriso amável.

— Querido, nós gostaríamos de falar com o senhor Bruno. É possível?

— É que eu adoraria parabeniza-lo pelo trabalho que faz com as flores. — Antonella emendou. — Vi as rosas que ele deixou na igreja e fiquei tão emocionada. São as mais lindas que já tive o prazer de ver.

— Eu sinto muito, mas o senhor Bruno não está se sentindo bem. Hoje ele não virá para cá.

— De verdade?

— Sim. Novamente, sinto muito. Mas é que ele não acordou muito bem. Há alguns anos sofreu um acidente e ainda precisa lidar com dias complicados por causa das sequelas.

Antonella foi tomada por uma grande tristeza, mas se lembrava do que o Padre havia dito sobre o estado de Bruno. Então, seria infantilidade não entender. Contudo, a ansiedade a tomava.

— Acha que seria abuso deixar o meu telefone? Eu gostaria mesmo de conhece-lo e de dizer que quero colaborar com o trabalho dele na igreja. Pretendo custear o máximo de flores possíveis para a Catedral e para os eventos que forem feitos em prol das causas sociais que auxiliam.

— Mas isso seria maravilhoso! — O rapaz guinchou alegre, juntando as mãos como numa prece. — A senhora não sabe o quão bonito é esse gesto. Se todos olhassem uns para os outros com mais afeto e menos ego, o mundo estaria diferente.

Tomada por uma onda de felicidade ao ouvir aquilo, Margô sorriu para ele.

— Exatamente, meu querido. Eu penso igual a você. E é lindo ver um rapaz tão jovem com uma mente tão consciente.

Sorrindo, ele assentiu.

— Agradeço pelas palavras, senhora.

— Chame-me de Margô, por favor, meu rapaz.

— Então pode me chamar de Samuel.

— Samuel. Que lindo nome.

Uma luz parecia vibrar em torno dele, como se algo além das explicações humanas fosse capaz de destaca-lo naquele cenário.

Um arrepio tomou o corpo de Margô. Um arrepio bom, como uma brisa suave.

— Se me permitirem, quero que levem essas flores. — Samuel se esticou e tirou de um jarro duas rosas brancas, entregando uma para cada senhora. — E voltem assim que puderem. Garanto que o senhor Bruno adorará conhece-las e ficará imensamente contente pelo apoio.

Antonella deixou seu olhar recair sobre a flor, então aproximou o nariz das pétalas e inalou o perfume adocicado dela.

Por um breve segundo experimentou uma sensação aterradora de paz. Mas não só paz. Foi como viajar no tempo e encontrar uma versão dela que estava absolutamente plena no centro de um grande amor. Poderia até jurar que havia um cavalheiro ao seu lado lhe sorrindo com tanto, tanto afeto que lhe aquecia o peito apaixonado.

Quando voltou a si, notou que uma lágrima escorria por sua bochecha.

Intrigada, Margô afagou seu cotovelo.

A Menina Raposa - Vol 2Onde histórias criam vida. Descubra agora