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"No fim, devemos sempre fazer aquilo que acreditamos ser certo, mesmo que seja difícil."
— A Última Música


Bruno discou o número que havia no cartão que Samuel lhe entregou na noite anterior e esperou chamar.

Era estranho, mas sentiu um ligeiro nervoso.

No quarto toque uma voz doce e extremamente familiar atendeu.

Por um segundo o dono da floricultura pensou que fosse soltar o celular que tinha em mão, tamanho o choque que a voz o causou.

— Alô? — A mulher disse, e como ele não respondeu, ela prosseguiu: — Quem é? Oi?

— Er... e-eu... b-bom dia.

Um súbito silêncio se instalou do outro lado, contudo, logo ela retomou.

— Bom dia. Quem fala?

— A senhora deixou o seu.... é.... o seu número. Digo, deixou o seu cartão aqui. Eu sou o....

— O dono das rosas. — Ela se adiantou, a voz embargando automaticamente. — O senhor não sabe como aguardei a sua ligação e como pensei em suas rosas. Elas são perfeitas!

— A senhora gostou mesmo?

— Claro! E, por favor, não me ache intrometida, mas eu gostaria de saber todo o seu processo de cuidados com as flores, porque tem que ter algo a mais. Não é possível que seja uma coisa comum. Aquelas rosas têm alma.

Bruno sorriu e se endireitou na cama.

— Eu apenas amo imensamente o que faço, senhora.

— Ah, por favor, pode me chamar apenas de Antonella.

— Antonella.

— Isso... — Um suspiro baixo se fez audível. — É.... será que poderíamos... bom, er....

— O que acha de nos encontrarmos na Catedral amanhã pela manhã? Irei resolver algumas coisas com o Padre, daí poderemos conversar um pouco sobre as flores.

— Fantástico! Eu adorei a ideia. Claro.

— Certo... apenas... me diga quais são suas rosas favoritas. Faço questão de lhe presentear com algumas.

— Isso não é necessário.

— Eu faço questão.

— Bruno, é que eu....

— Se disser que não quer, vai me magoar. Ninguém pode recusar uma flor. — Ele gracejou, arrancando uma risadinha dela. — E então, esse sorriso é um sim?

— Tudo bem.... é um sim.

— Ótimo. Irei preparar um lindo buquê!

— Eu fico muito grata.

— Vai ser o mais frondoso que já fiz.

— Bom, mas eu nem falei de quais flores gosto!

Bruno riu e assentiu mesmo que ela não pudesse ver.

— Acho que me precipitei um bocado. Mas, por favor, me diga.

— Então, é uma rosa um pouco diferente, ela é obtida através de um enxerto...

— Hum, a união de tecidos de duas plantas diferentes.

— Isso. É a rosa coral.

— Ah, a rosa coral! Uau! Ela é belíssima! A senhora sabia que ela expressa o romance, a vivacidade e, acima de tudo, a alegria? É uma rosa muito especial.

A Menina Raposa - Vol 2Onde histórias criam vida. Descubra agora