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"Ele tentou não olhar para ela, como se fosse o sol. Mas, como o sol, ele a viu mesmo sem olhar para ela." —Anna Kariênina

Ruggero tinha um sorriso tranquilo nos lábios enquanto segurava Karol pela cintura, observando-a guiar a moto pela rodovia movimentada.

O ronco baixo do motor se misturava aos ruídos do entorno. Contudo, no coração dele ribombava milhares de sentimentos, fazendo com que os batimentos ressoassem atrás de suas orelhas.

Ainda não havia digerido o fato de Damian ir até a floricultura. E se Karol só o tinha conhecido naquele dia, então a mulher de quem o irmão tanto falava se tratava de Kyara. Portanto, isso queria dizer que os dois filhos de Javier se apaixonaram pelas filhas da vítima mais recente do próprio pai.

Parecia até uma piada macabra do destino.

— Chegamos! — Karol guinchou, entusiasmada. A voz dela saiu abafada por causa do capacete. — Que tal me apertar menos? Eu preciso respirar. — Brincou, dando um tapinha no braço de Ruggero que rodeava seu corpo.

Ele riu, soltando-a, então desceu da moto e retirou o capacete.

— Em minha defesa, eu nunca andei com uma pessoa que corria tanto. Chegou um momento que pensei que ia sair voando.

— Medroso!

— É sério! Mas daí, bom, eu me lembrei de que estava junto de uma fada linda, então fazia sentido voar com ela.

Karol revirou os olhos enquanto tirava o capacete, contudo, não pôde deixar de rir.

— Se você tivesse me chamado de anjo, eu juro que passava com a moto por cima de você.

— Porque acha que eu falei fada?! — Retrucou ele, pegando-a no colo para ajudá-la a descer mais rápido.

— Seu babaca!

— Você acha?

— Ah, eu tenho certeza! Além do mais.... — As palavras foram silenciadas com um beijo que Ruggero depositou em seus lábios.

Karol se debateu um pouco, mas ele a apoiou na moto, intensificando o carinho, entrelaçando suas línguas com uma paixão cada vez mais óbvia. E quanto mais se beijavam, mais o mundo em volta parecia não existir.

Quando ele conseguiu soltá-la, ambos respiravam com dificuldade.

Um sorriso sarcástico tomava os lábios dele.

— Você estava dizendo algo?

Karol passou as mãos pelos cabelos e soltou o ar com força.

— Não pode fazer isso!

— Mesmo?

— Mesmo.

— Mas a gente veio dar uma volta juntos e....

— E aí você acha que pode sair me beijando no meio da rua que nem um maluco?

Ele titubeou fechando o sorriso.

— Desculpa...

A menina umedeceu os lábios com a língua e pigarreou, olhando em volta.

— Bom, também não precisa ficar com essa cara de quem caiu do caminhão de mudança, ?

— Você praticamente me atirou no meio da rua tal qual quem joga um cachorrinho inocente de um caminhão de mudanças.

Por mais que tentasse se manter séria, ela acabou rindo.

— Meu Deus como você é dramático!

— Eu?! Foi você que me usou e me descartou!

— Mas foi você quem me beijou!

A Menina Raposa - Vol 2Onde histórias criam vida. Descubra agora