Parte 16

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   Quando ele apareceu na minha porta com dois ingressos, uma folha de papel programando nosso fim de semana e um pote de Yaksoba do meu restaurante favorito, eu não acreditei. Caio. O homem mais imprevisível do mundo. Seu tênis agora era um Nike Dunk branco e azul claro. A coleção não acabava. Seus olhos brilhavam de ansiedade, medo e, acredito, expectativas também. Seu cabelo estava mais escuro do que eu me lembrava, e a calça cargo impressionantemente fazia jus às suas curvas.

"Vim com essa camisa branca menor pra caber em você na hora de dormir. Se você quiser, é claro."

Por mais que gostasse dele e sentisse borboletas no estômago toda vez que seus olhos me fitavam, era demais pra mim. Lucas sempre me fez sonhar muito alto, planejar coisas, ao invés de apenas estar ali comigo. Quando eu caí da altura dos nossos sonhos, quebrei a cara e o coração. Não quero passar por isso novamente.

Mesmo assim, deixo ele entrar, escolher um filme na TV e tomar um dos vinhos que comprei no mercado. Ele passa a mão calejada no meu ombro e me abraça de lado, ficamos ali, parados no tempo, aproveitando as horas do filme, sem dizer uma palavra. Não precisávamos. Nossa respiração conversava, nossos olhos gritavam, e as bocas salivavam pelo beijo do fim do filme.

Depois de manchar as taças e os lábios um do outro, sabíamos o que viria a seguir.

"Só quero se você quiser, se estiver pronto."

"Eu estou."

Não estava. Pensei em Lucas quando ele tirou a minha blusa, e quando lambeu meu abdômen.

"Acho que deveríamos dormir um pouco. O vinho não me caiu muito bem."

AMNÉSIAOnde histórias criam vida. Descubra agora