"Bem-vindo de volta, Ventura". Meu chefe era um cara gordo, careca, barrigudo e tentava ser engraçado a qualquer custo. Enquanto me cumprimentava, dizia o quanto a minha voz estava mais grossa, o que era "Improvável para alguém como você, hahaha". Patético.Eu havia tirado licença provisória do meu incrível trabalho como recepcionista da Arc, agência de modelos. Consegui esse emprego por pura sorte. Ou azar, depende do ponto de vista. Tentei uma vaga como modelo. Não consegui. Na verdade, teria conseguido se fizesse como todos os outros: desse em cima da velha Maria. A senhora que selecionava os garotos. Ela era tarada. Não o fiz. Então, na esperança de que eu mudasse de ideia, ela me contratou como recepcionista. Uau, quantas conquistas. Não funcionou. Depois de um ano e meio ela morreu de infecção hospitalar. Que Deus a tenha. Nunca beijei sua dentadura.Eu ganhava bem. Muito mais do que é de se esperar de um trabalho como o meu. Ninguém tinha do que reclamar. Eu era um menino de ouro. Não falava sobre os meus problemas, tentava ser o mais simpático possível com todo mundo, não deixava passar nem uma reunião. A maioria das pessoas achou super estranho quando tirei licença. Afinal, o que sabiam? Desci até a portaria e assumi, de novo, meu posto de "secretário bonitão".- Oi? Meu nome é Caio. Caio Borges. Você sabe me dizer onde fica, an, o lugar onde eu tenho que ir?- Oi, Caio. Bem, esse é o meu trabalho. E eu seria completamente inútil se não soubesse que você provavelmente precisa subir até o 3° andar, virar a primeira esquerda, entrar pela segunda porta branca e chegar na sala de seleções. É seu primeiro teste?- Obrigado. E, ah, é sim. Obrigado por perguntar!- De nada.

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AMNÉSIA
RomansaEm um mundo onde os ponteiros do coração se partiram no término de seu romance com Lucas, Nicolas vagueia à beira do colapso emocional. Três anos de autodescoberta se estendem diante dele, uma jornada para costurar as lacunas abertas por essa doloro...