Parte 12

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- "Não acredito!" Ele disse enquanto tentava não rir.- "Eu juro!" Falei como se a crença dele fosse minha dependência emocional. "Ele simplesmente me largou lá e disse 'se vira, garoto'. MAS EU SÓ TINHA 13 ANOS!" Ele riu. Comigo. Rimos juntos. E isso poderia ser um ótimo sinal em um primeiro encontro. Mas não era. Eu fazia parte desse encontro. Depois do riso, tudo poderia ser fatal, como num jogo de granada. Qualquer passo em falso e eu explodiria. Game Over. Again.- "Acho que nunca ri tanto. Haha, meu Deus. Preciso de água." Enquanto ele sorria, eu percebia as dobrinhas em seus lábios. Eram quase que milimetricamente perfeitas, combinavam com as pequenas rugas do lado de seus olhos. Tudo em perfeita harmonia como uma sinfonia de Beethoven, ou uma pintura do Van Gogh. Merda.- "Não acredito que já temos que ir. Eu poderia ficar aqui por um bom tempo. Com você." Ele falou enquanto me olhava nos olhos. Não gostei, desviei o olhar. Me senti intimidado. Reagi:- "Você tem trabalho amanhã, não? Faltar nos primeiros dias causa péssima impressão. Experiência própria." Eu tinha faltado dois dias, alegando dores fortes de cabeça. Mentira. Foram as primeiras folgas do Lucas, e eu só queria aproveitar do lado dele.- "Na verdade, a única impressão que me importa agora é a sua." Já de pé, ele se aproximou de mim. Tocou uma mecha do meu cabelo e tentou ajeitá-la, sem sucesso. Meu cabelo encaracolado não se rendia tão fácil. Diferente de mim. - "É uma pena que eu não pague seu salário." Cortei, sem pressa dessa vez.

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