Dark Paradise

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Lana me levou para um lugar mais afastado daquela loucura toda. Estávamos numa espécie de caverna bem próxima a praia.

- Tudo bem. – Disse para mim mesmo. – Começa do inicio. Quero saber tudo.

- Bom... Eu conheci Jim quando tinha dezessete anos. Eu estava num bar chamado Parada 110 com Adeline quando o vi... Ele parecia até um milionário, quando ele falava era como um filme. Dei um jeito de chamar a atenção dele e ele me notou, é claro. Começamos a sair e ele me apresentou a esse mundo. Eu era jovem, egoísta e não queria nem saber o que era certo ou o que fazia bem para mim. Era o paraíso na terra, simplesmente me encantei, eu só queria perder minha inocência de uma vez por todas. Assim entrei para a gangue "Angels".

- A gangue mais temida dos EUA? Vi nos jornais que saiam furtando e destruindo tudo nas madrugadas.

- É verdade. – Ela confessou. - Fazíamos qualquer coisa que precisávamos. Roubávamos para comprar drogas para Ade vender e com o dinheiro das drogas nos mantínhamos. Nós comprávamos comida e alugávamos quartos de Motel para ficarmos durante o dia, a noite sairmos à solta pelos EUA. Íamos a festas, bebedeiras... Enfim... A vida imitava a arte.

- Foi esse Jim seu primeiro e único namorado? – Perguntei sentindo o ciúme chegando como um tapa no meu rosto.

- Foi. Ele fazia eu me sentir como uma mulher mesmo não sendo. Deu-me uma coroa de flores e disse que eu era a Rainha de Coney Island. Eu era uma idiota... Comecei a fazer tudo o que ele mandava. Ele era louco, obsessivo e ciumento. Depois de um tempo se tornou agressivo... Tive que deixa-lo, pois queria ser livre. Então numa noite eu e Adeline juntamos nossas coisas, roubamos um dinheiro, um carro e fugimos. Roubei o isqueiro antes de partir... É a única lembrança que tenho daquele tempo e... Dele.

- E você gostava daquela vida?

- Era maravilhoso. Nós dançávamos como se ninguém estivesse nos olhando e nós vivíamos como queríamos, para nos divertir e ter prazer. - Os olhos dela faiscavam.

Ficamos em completo silêncio. Ela estava me encarando esperando eu dizer alguma coisa, mas eu não conseguia dizer nada. Eu estava olhando para o teto da caverna absorvendo tudo o que ela tinha me contado.

- Você não o ama mais? – Foi tudo que consegui perguntar.

- Não. Creio que nunca o amei. Eu só sentia um desejo péssimo por ele. Você sabe que tudo que é perigoso me atrai... Sempre foi assim. Eu gosto de caras mais velhos...

- E isso não é nenhuma surpresa para mim. - Eu não conseguia olha-la ao falar. - Quer saber? Não me importa nada disso. Posso ser o que você quiser... Se para ficar junto de você eu tenho que virar um motoqueiro selvagem, eu viro! - Eu dizia parecendo um completo lunático.

- Não precisa virar um motoqueiro selvagem. – Ela brincou.

- Ah, você entendeu a mensagem. – Nós dois rimos. - Então está tudo bem entre nós?

- Sim.

- E agora somos um casal? - Não pude deixar de indagar.

- Não força a barra, Daddy! – Exclamou ficando de pé. Ela me chamou de "Daddy" e eu me senti estranho. Era a primeira vez que ela me chamava de algum apelido e tenho que admitir que até que gostei.

- Então nós vamos para a "festa dos gangsteres"? - Eu fiz aspas com as mãos.

- Só se você quiser...

- Eu quero. – Não consegui conter a animação. 

Confesso que fiquei curioso em saber mais sobre o estilo de vida daquela gente, era uma liberdade que eu gostaria de experimentar uma vez na vida.

Bad DesireOnde histórias criam vida. Descubra agora