POV. Jim Soileau
Depois de longos dez anos na cadeia eu finalmente estava livre. Livre e de volta a ação. Pronto para transformar a cidade em Horror show absoluto.
- E aí, Jim? – King chegou me cumprimentando como nos velhos tempos.
- E aí, King? Reuniu toda a galera? – Perguntei empolgado me sentindo com 20 anos de novo.
- Quase... Faltam às garotas... – Me respondeu meio receoso, com medo da minha reação.
Eu podia ler seu rosto como um jogo de cartas desde que nos conhecemos em L.A., aos 16 anos, num show do Guns N' Roses. O filho da puta mais filho da puta que eu tive a honra de conhecer na minha vida fodida de merda.
- Que garotas? Como assim, cara? – Eu gritei meio exaltado, batendo meu punho contra o balcão do Parada 110.
- Ah, você sabe... As garotas... – Ele viu minha expressão e percebeu que já havia passado da hora dele ir direto ao ponto. Eu não era muito paciente. – A West Coast e a... Bem, e a Beladona.
Senti algo estranho dentro de mim por ouvir o nome dela novamente, depois de ter ficado tantos anos longe da civilização. Beladona. Minha princesa abençoada com beleza e raiva. Lizzy era tão venenosa... Ainda me lembro de quando éramos crianças...
Flashback
- Jim, você não presta mesmo! – Ela gritava rindo totalmente bêbada.
Nós dois estávamos num quarto do MERMAID MOTEL, o motel mais barato e imundo lá de Coney Island. Ela vestia minha jaqueta de couro e tinha as bochechas rosadas e ingênuas enquanto dedilhava as tatuagens nos meus braços. Foi uma longa noite de aventuras com os Angels.
- Mas você gosta assim! - Soprei em seu ouvido a frase que ela gostava de ouvir todas as vezes que eu puxava o seu cabelo e vi os pelos de sua nuca se eriçarem.
- Eu te amo pra sempre, Daddy! – Me disse dançando com seu cigarro acesso fazendo fumaça enquanto suas mãos estavam pra cima. – E te amar é realmente difícil!
- Me amar nunca será o suficiente, minha Carmenzita. – Eu disse me levantando a agarrando pela cintura, maravilhado em tê-la em meu abraço.
- Você sabe que sempre será o líder da minha seita! – Falou nas pontas dos pés me abraçando e me dando beijos pelo rosto.
- E você sempre será minha cantora de Jazz favorita. - Sussurrei para ela e Lizzy deixou escapar um gemido quando eu desci a mão até sua bunda.
E lá íamos nós para o fogo cruzado.
Flashback
Eu conseguia satisfaze-la sempre. Ela adorava a minha ultraviolência na cama. Delirava quando eu a amarrava e as minhas mãos iam para o seu pescoço. Quanto mais selvagem melhor. Aquela era a minha garota. Nós vivíamos o lado sombrio do sonho americano.
Ainda não conseguia entender o que aconteceu, mesmo depois do isolamento profundo. Como tudo o que havíamos construído simplesmente desmoronou fora de controle diante de meus olhos e eu nem sequer notei? Não pude enxergar sob o véu de ilusões que o amor coloca diante da realidade.
Fiz tudo o que estava em meu alcance e o que não estava para salvá-la de sua mente destruída. Ela me disse que me amaria para sempre e me abandonou naquele quarto de motel da noite para o dia. Roubou meu isqueiro, todo o meu dinheiro e fugiu na calada da noite sem nem ao menos se despedir, deixar um bilhete ou qualquer porra do gênero. Me traiu pelas costas, como se eu fosse um rato imundo. Ainda doía ouvir o nome dela. Mesmo depois de tantos anos a dor não passava.
- Cara, você está bem? – Questionou King me tirando de meus devaneios.
- Onde ela está? – Foi à única coisa que murmurei.
- Eu não sei direito... Olha, Jim, esquece ela, vai ser melhor pra você. - King comentou pousando a mão amigavelmente em meu ombro.
Eu o fuzilei com o olhar e ele rapidamente se afastou. Foi uma a audácia dizer uma coisa daquelas. Eu só não dei um tiro em sua testa naquele mesmo momento, pois ele era meu melhor amigo e um dos meus.
Eu sempre protegia os meus. Minha gang era a minha gente. A família que eu escolhi a dedo para dividir todos os prazeres do sonho americano. Nesta família só estava faltando a "mamãe".
- Não posso esquecê-la. Não consigo. Ela foi à única que eu realmente amei.
- Eu entendo, amigo, eu entendo... – Ele me disse meio distante.
- O que foi, King?
- A Beladona... Agora ela é uma cantora de muito sucesso que atende por Lana Del Rey...
- Eu sei. Ouvia as músicas dela num radinho de pilha lá na cadeia. – Eu respondi de maneira irônica.
- Calma... Me deixa terminar. – O tom dele era repleto de aflição. – Eu vi ela há algum tempo atrás.
- O que? Onde? – Perguntei exasperado.
- Em Coney Island. Ela estava lá passeando com um cara e... Parecia que eles estavam juntos. - King falou cabisbaixo.
Meu coração perdeu uma batida com aquela noticia e de repente eu não conseguia mais respirar. Simples assim. Estava no meu primeiro tiroteio novamente e a sensação do pânico me enjoava.
- Não pode ser... – Eu sussurrei petrificado.
- Pelo que dizem nos jornais eles já estão juntos há algum tempo e...
- QUEM É ELE? – Eu berrei descontrolado fazendo King se arregalar os olhos. - QUEM É O FILHO DA PUTA?
- Krist Novoselic. Ele toca numa banda ou tocava... SEI LÁ! – Ele falava tão rápido e com tanto pavor que era difícil entender. - Parece que o vocalista da banda em que ele tocava se matou.
- Eu vou achar esse tal de Kirst e VOU EXPLODIR A CABEÇA DELE! – Eu disse com puro ódio em minha voz. – Ela é minha. Só minha. A MINHA BELADONA E DE MAIS NINGUÉM! EU NÃO DIVIDO OS MEUS BRINQUEDOS, PORRA!
Depois de meu acesso de raiva, se formou um silêncio mortal no Parada 110. A nossa gangue completa estava reunida novamente lá. A formação original e novos membros. Todos menos ela e sua amiga. Mas elas iriam voltar... Nem que fosse a ultima coisa que eu fizesse nessa vida, pegaria de volta o presente que me foi enviado pelos céus.
- Se preparem. Abasteçam as motos e tomem quantas cervejas conseguirem, os Angels estão de volta! – Gritei erguendo minha lata de cerveja num brinde e todos me acompanharam. – E dessa vez com força total!
Eu me sentia em chamas. Eu e todos ao meu redor emanávamos uma fúria perigosa. O velho espírito selvagem dos Angels. A estrada gritando nossos nomes lá fora.
- Um dia Angels para sempre, para sempre Angels! – Todos nós entonamos nosso grito de guerra.
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Bad Desire
FanfictionDois homens surgem na vida de Lana. Um novo amor, baixista de uma banda de muito sucesso e um velho amor, líder da Gangue de motoqueiros mais temida dos Estados Unidos. Gangue esta que Lana e sua amiga já fizeram parte na adolescência. Mas existe u...