Born To Die

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POV Jim Soileau

Lizzy estava segurando uma criança no colo. Uma linda menininha idêntica a ela, porém com os meus olhos. Era minha filha. Eu podia sentir um amor incondicional de pai me aquecendo o peito e me tornando um homem melhor e decente. Quando a linda garotinha me viu se aproximar estendeu os bracinhos em minha direção e me chamou de papai.

- Olha como é uma família linda... – Eu ouvi uma voz ao longe dizendo, mas não reconheci a quem pertencia. Era uma voz muito parecida com a da Lizzy, porém estava destorcida e mais sombria do que o habitual. – Pena que Lizzy estragou tudo... Você nunca nem sequer saberia...

E de repente eu vi Lizzy apunhalando uma faca na menininha. Ela tinha matado minha filha e estava rindo com o sangue dela nas mãos.


BD ainda dormia quando acordei. O colar caríssimo de ouro que eu havia roubado para ela, a cruz dourada delicada que significava minha proteção, estava brilhando novamente em seu pescoço como tinha que ser. 

Foi um sonho estranho... Um pesadelo. Acordei coberto de suor e inquieto. O que aquele sonho quis dizer? Será que...? Não podia ser verdade... Mas já era tarde de mais... A dúvida estava plantada na minha mente e era impossível parar de pensar naquilo. O mais horrível de tudo é que eu nunca saberia com certeza.

Como não consegui mais dormir naquela noite resolvi me levantar. Me vesti e pensei em dar uma volta para esfriar a cabeça, mas algo me deteve quando estava saindo pela porta... A mochila de Lizzy jogada sobre a cadeira.

Eu não era o tipo de homem que mexia na bolça de uma dama... Ah, não... Eu era um cavaleiro nato... Mas minha intuição me dizia que eu precisava ver algo... E normalmente minha intuição era bem apurada e nunca me deixava na mão.

Abri sua mochila e a primeira coisa que eu vi foi meu isqueiro prateado... O mesmo que ela havia roubado antes de fugir com nossas iniciais gravadas. L. J. Eu sorri pegando o objeto, meu amuleto sagrado agora finalmente retornava para as mãos do verdadeiro dono. Eu amava aquele isqueiro... A chama azul dele me atraía, me dava esperança no meio daquela confusão toda da estrada. Lizzy o pegou para se lembrar de mim e o havia guardado durante todos aqueles anos... Isso significava que ela realmente pensava em mim, me via na chama azul da esperança. 

Guardei o isqueiro novamente no bolço de trás da minha calça Jeans (no lugar onde ele sempre ficava) e continuei minha busca nas coisas dela até encontrar algo estranho... Um caderninho roxo com a capa rabiscada. 

Ele estava meio que "escondido" ali no meio de suas roupas. Eu me lembrava vagamente dele... Lizzy costumava escrever nele tarde da madrugada na nossa casinha em West Coast, mas nunca me deixava ver e sempre o escondia bem. 

Agora ele finalmente estava em minhas mãos... Peguei aquele caderninho e comecei a folhear... Ao que tudo indicava era uma espécie de diário. Aparentemente não havia nada de mais, estava quase fechando e devolvendo para sua mochila quando uma página me chamou atenção...

"Hoje eu não sei mais o que fazer. Eu te amo tanto que poderia te matar, seu filho da puta desgraçado. Eu te amo. Te amo demais. Amo mais do que pensei que alguém poderia amar outra pessoa. Te amo tanto que dói. Você me salvou quando eu não poderia mais ser salva. Eu te amo, mas não posso mais ficar com você se eu quiser ser livre. Sempre serei sua, meu amor, sabe disso, não sabe?"

Aquele trecho era pra mim, com certeza. Pela data dava para ver que havia sido escrito duas noites antes dela me deixar... Ela estava treinando para dizer adeus. Ela ia deixar um bilhete, mas algo a fez mudar de ideia e sumir sem se despedir. Eu adoraria saber o que...

Bad DesireOnde histórias criam vida. Descubra agora