Eu estava com ódio. Um ódio enorme que me destruía como ácido, me cozinhava a boca, fazia meu coração bater como um tambor, subia até minha garganta e não me deixava respirar. Sentia-me traído como nunca em toda a minha vida. Aquela vagabunda tinha um filho com ele? Onde estava àquela maldita criança?
De repente imagens dele a tocando vieram em minha mente e me atingiram como um pé de cabra bem na cabeça. Eu senti nojo de mim mesmo e dela. Por que ela escreveu coisas tão bonitas sobre ele? Por que ela nunca disse nada daquilo para mim? Perguntas sem resposta vinham e iam à minha cabeça me deixando tonto. Eu queria mata-la.
- Krist, você está aí? – Ela bateu na porta do banheiro.
Ouvir a voz dela foi à gota d'água...
Eu abri a porta brutalmente e ela se assustou.
- Nossa, eu pensei que você tinha morrido aí dentro... – Falou rindo.
- CALA ESSA BOCA, SUA VAGABUNDA! – Eu gritei a pegando pelos pulsos com força.
- O que tá fazendo? – Ela perguntou parecendo apavorada. – Me solta! Você ficou louco?
- LOUCO? EU SOU O LOUCO? – Eu a joguei contra a parede e a essa altura ela já chorava.
- PELO AMOR DE DEUS, KRIST, O QUE TÁ ACONTECENDO? – Debatia-se desesperada.
- Me diz você o que está acontecendo! – Peguei o diário no chão do banheiro. – ME EXPLICA ISSO! – Eu joguei o caderninho roxo em sua direção. Ele caiu próximo a suas pernas encolhidas. Ela olhou para ele como se estivesse vendo um fantasma. – ME DIZ, SUA VADIA! – Eu gritei e ela se encolheu ainda mais.
- Fica calmo, por favor... – Ela tremia da cabeça aos pés.
- LANA, É MELHOR VOCÊ FALAR! – Eu disse me afastando dela com medo de acabar fazendo uma besteira. Uma besteira que eu me arrependeria para o resto da vida.
- Calma, eu vou falar... – Respondeu com cautela tentando se recompor, porém não conseguia se mover.
- QUE HISTÓRIA É ESSA DE FILHO? VOCÊ TEVE UM FILHO COM AQUELE BASTARDO? – Gritei e senti que meu rosto queimava. Alias, tudo em mim queimava, eu tinha certeza de que estava em chamas ou no mínimo muito vermelho.
- Não, Krist, não é nada disso que você está pensando...
- COMO NÃO? PARA DE SER UMA PUTA MENTIROSA E ME DIZ A VERDADE!
- SIM. EU FIQUEI GRÁVIDA, MAS NÃO CHEGUEI A TER AQUELA CRIANÇA! – Ela gritou. – JIM NEM SEQUER SOUBE DISSO. NÃO COMPLETEI NEM SEQUER DOIS DE GRAVIDEZ E ABORTEI!
Aborto? Como ela pode ter feito uma coisa daquelas... A mulher que eu amava era um monstro... Eu a levantei do chão pelos cabelos e dei um tapa no rosto dela. Ela gritava e esperneava segurando a minha mão que estava prendendo seus cabelos tentando soltar-se.
– EU SEI QUE VOCÊ NÃO É ESSE HOMEM. – Ela berrou.
Essa ultima frase dela me acertou em cheio.
Eu realmente não era aquele homem. O que eu estava fazendo ia contra tudo o que eu acreditava. Eu estava batendo em uma mulher... Estava batendo na mulher que eu amava. De repente eu senti que o monstro era eu...
- POR FAVOR, ME SOLTA, MEU AMOR! – Ela implorava com a maquiagem escorrendo de seus olhos junto com as lágrimas a deixando com o rosto manchado.
Eu finalmente caí em mim e a soltei. Ela caiu no chão num baque surdo aos meus pés. Olhei para ela e vi o que eu tinha feito. Estava com o rosto vermelho, os pulsos estavam marcados.
- Lana, meu amor, me perdoa... – Eu me aproximei dela e a peguei no colo com todo o meu carinho a levando para o banheiro. – Me perdoa, me perdoa... – Ficava repetindo e ela não dizia nada, apenas chorava.
Eu tirava a roupa dela com cuidado enquanto a banheira enchia. Ela entrou na água quente e ficou lá. Eu estava ao seu lado, fora da banheira, sentado no chão.
- Krist... – Ela falou num fio de voz quando percebeu que eu chorava em silencio. As lagrimas simplesmente escorriam pelo meu rosto sem controle. – Não chora, eu vou ficar bem, eu prometo.
- Me perdoa, por favor, meu amor...
- Eu perdoo.
- Mas você ama mais ele...
- Ele é passado, Krist. Meu presente e meu futuro é você. - Ela pareceu desconcertada enquanto dizia isso.
~ ♥♠♣♦ ~
Estávamos deitados no colchão no chão (que era a nossa cama por enquanto). Lana estava deitada em meu peito com minha camiseta que ficava larga nela enquanto eu fazia carinho em seu cabelo.
- Lana... – Eu a chamei depois de um tempo em silencio. – Você teria um filho comigo? – Perguntei e ela levantou a cabeça bruscamente para me encarar.
- Krist... Eu sinceramente não sei, não me vejo como mãe. Acho que já me acostumei em não ter uma família.
- Você se arrependeu daquele aborto?
- Não. – Respondeu de modo tão frio que quase me cortou. – Foi o melhor para aquela criança. Agora ela está num lugar onde tudo é bom, um "não lugar". Eu pensei que Jesus tomaria conta dela melhor do que eu e Jim jamais tomaríamos. Pense bem, o que poderia vir de bom de uma criança criada por nós?
"Nós"... Ela e ele. Afastei aquele pensamento o mais rápido que pude.
- Não vamos mais falar sobre isso, okay? Vamos esquecer! – Ela continuou sorrindo e me beijou. Eu concordei, mas eu nunca iria esquecer. - Eu acho que estou viciada em você... – Ela sussurrou no meu ouvido com aquela voz rouca que eu conhecia muito bem.
Eu sabia onde aquilo iria dar...
- Um viciado nunca sabe que é viciado. – Eu entrei no jogo dela passando as mãos por suas costas por debaixo da camisa sentido a pele dela se arrepiar. Era tão bom toca-la... Tudo ficava bem novamente quando nos tocávamos.

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Bad Desire
FanfictionDois homens surgem na vida de Lana. Um novo amor, baixista de uma banda de muito sucesso e um velho amor, líder da Gangue de motoqueiros mais temida dos Estados Unidos. Gangue esta que Lana e sua amiga já fizeram parte na adolescência. Mas existe u...