Amor Corrosivo - Tom Riddle

Ciclos

— Você sabe o quanto nossas manhãs são importantes para mim, não é? - Questiona o lorde, acariciando o rosto magro de sua esposa.

Lavínia sempre foi magra, o que a incomodava de certa forma, contudo, desde que ela iniciou o tratamento de sua doença, a ruiva vem perdendo ainda mais peso.

— Prefiro quando você não me acorda. - Eles gargalham. — Acho que podíamos conversar sobre aquilo. - Tom suspira, balançando a cabeça negativamente.

Era notável o quão abatida Smell estava. Ela se despedia de seus amados há cada dia. As vezes com pequenas frases, gestos ou ações carinhosas. Tom sabia disso, e ele odiava conversar sobre.

— Não quero conversar sobre isso, querida. - Sua mão acaricia a cintura dela, puxando-a para mais perto.

— É algo inevitável para mim, Tom. - Ele suspira outra vez. — Não quero que as coisas terminem desta maneira. - Ele a encarou seriamente.

— Lavinia, as coisas não vão terminar entre nós. - Ela sorri com a ingenuidade dele. — Eu encontrei duas curas. - O sorriso dela desaparece.

— O que? - Ela senta sobre seus joelhos em frente a ele. — Como assim? - Questiona muito surpresa.

— Elonka procurou minha proteção em troca da cura para a sua doença. - Lavínia parece assustada. — Mas há um porém... - Ele suspira. — O efeito colateral desta cura vai excluir suas memórias... Todas elas. - Ele parece triste. — Tenho plena consciência de que prefiro que viva ao lembrar de mim, mas está é sua escolha. - Os olhos dela se enchem de lágrimas.

— Tom... - Aproxima-se dele, selando seus lábios lentamente. — Eu não sei o que dizer. - Tem seu corpo abraçado por ele. — E quanto a segunda cura? - Recorda-se desta.

Ele suspira, colocando-se de pé de forma apreensiva, enquanto tenta ignorar o contato visual com ela.

— É complicado, Lavínia. - Murmura de forma séria. — É uma magia antiga das trevas. Consiste em partir sua alma em um ou mais pedaços para que viva eternamente. - Ela sorri, perguntando a complicação. — É um ritual terrível, você jamais aceitaria. - Ela ainda parece confusa. — Você precisa matar alguém. - Eles se encaram em silêncio.

Tom a queria viva e lembrando-se principalmente dele, o que tornava a segunda cura a melhor escolha a se fazer. Contudo, fragmentar a alma de sua amada não parecia uma boa ideia, principalmente pelo fato do bom coração da mesma.

Ao contrário de Lavínia, que jamais conseguiria matar alguém obtendo consciência de sua ação. Este era o problema aqui.

Esquecer-se de Tom, ou de si mesma?
Preferir a mente ao coração?

A mesa de jantar todos pareciam muito quietos. A luz das velas iluminava toda a tensão que havia ali. Isso acontece desde o descobrimento da doença de Smell.

Embora todos tentem esconder a sua frustração com isso, ainda é evidente quando observam o rosto exausto dela, ou sua magreza anormal. Estava nítido nos olhos da mesma, a vida que os deixava, de forma lenta, mas ela nunca parava.

— Novidades? - Questiona a mulher, quebrando o silêncio extremamente desconfortável que havia ali.

— Na verdade não muitas. - Murmura sua mãe, raciocinando a pergunta por alguns segundos antes de responder.

— Eu conheci uma pessoa. - A melhor amiga surpreende. — Fui a Londres está manhã e por acaso esbarrei com um novo amigo. - Todos mantinham sua atenção sobre ela. — Encontrarei-me com ele na sexta. - Sorri, orgulhosa.

— Merlin! - Indaga Lavínia. — Eu vou querer conhecê-lo. - Sugere em um tom brincalhão, sendo observada seriamente pelo lorde. — Isso é perfeito. - Gargalha bebendo um gole de água.

Todas as refeições costumavam ser desconfortáveis, principalmente pelo fato do prato de Smell se manter vazio pois ela não conseguia comer, o que entristecia sua família.

Tom a observava beber água. Ele odiava aquilo, lembrando-se sempre de que ela detestava tomar água no jantar. Ainda sim, ela insiste em permanecer ali, em família, fingindo normalidade.

Contudo, ele já contou a ela sobre as curas. Por que ela ainda passa por este momento constrangedor?

Por que ainda parece que ela está tentando se despedir?