O Lobo E O Cordeiro

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Olhos castanhos que por uns instantes me hipnotizaram. Gelei de cima a baixo e o coração acelerou. Os meus olhos se fixaram intensamente nos dele. Não sei explicar o que aconteceu mas, por um longo instante não consegui desviar meu olhar para outro lado; e nem ele o fez.

- Olá , sou o Rafael, disse ele com um sorriso um tanto diferente de um sorriso apenas simpático - Fui transferido pra este colégio esse ano e estou estudando na sala ao lado - continuou ele sem perder aquele sorriso diferente

Seus olhos eram encantadores, sua pele em um tom moreno claro fazia contraste com seu cabelo escuro que usava arrupiado de uma forma simétrica. Tentando sair do transe momentâneo respondi de forma desajeitada em um tom baixo:

-Oi, hum Sou Eduardo, e, é, bem, estudo nessa sala - respondi meio sem saber que direção tomar.

Sei que foi estúpida essa colocação, bem óbvio que eu estudava ali, mas com meu nervosismo não saiu argumento melhor.
Ele continuou me olhando por uns instantes e sorrindo, e antes que o silêncio ficasse perturbador foi logo dizendo:

- Então você curte essa parada meio dark é ?

Eu fiquei confuso com a pergunta, e seu sorriso que não sumia ainda me mantinha em meio transe o que me fez respondê-lo em um tom um pouco ignorante:

- Sim, por que? Você tem algo contra também? Se veio aqui tirar onda com a minha cara a mando daquele grupo, peço que se retire.

Ele, me olhando com uma cara de espanto que se desfez em um sorriso de desculpas respondeu:

- Não, longe de mim ter algo contra. Acredite, não estou aqui a mando de ninguém. Na verdade esse estilo me desperta muito a atenção. Só queria saber se tem motivo para se vestir assim ou é só modinha mesmo...

Consegui finalmente desviar o olhar, quando ele começou a me olhar mais atento.
Me esforcei para encontrar uma resposta convincente e que não parecesse estúpida, mas, acabei percebendo que nem eu sabia o real motivo para eu me vestir daquela forma.
Tinha alguns palpites, eu gostava de ser diferente dos outros, queria chamar a atenção dos meus pais que já me desprezavam bastante, mas nenhuma se encaixava na situação daquele momento então o que saiu da minha boca foi:

-Meu estilo varia de acordo com meu humor, hoje não acordei bem, como vem acontecendo a vários dias, decidi me vestir assim para evitar que pessoas viessem fingir que se importavam comigo, perguntando se eu estava bem e tal. E parece ter funcionado.

Novamente sorrindo ele me olhou e disse:

- É, pelo que pude observar desde a entrada, funcionou quase que cem por cento.

Fiquei confuso com a colocação dele, aquele frio percorreu minha barriga quando ele disse isso.

- Como assim quase? Estava me observando por que? Franzi a testa e questionei confuso.

Com um olhar de satisfação e uma voz com um toque de empolgação ele falou:

- Bem, quando você entrou pelo portão da escola eu estava lá, você estava tão distraído que nem notou. Bom, acho que não era bem distração. Eu escutei os alunos zombarem de você, acredite eu ia me juntar a eles, mas quando você se virou para trás, nossos olhos se encontraram momentaneamente, você certamente não percebeu ou não se lembra, e algo em você me chamou a atenção. Fiquei intrigado com aquilo e resolvi fazer parte da parcela mínima que não zoou com você, então fiquei na minha. Por isso que quase funcionou sua tática de afastar pessoas, pois aqui estou eu, querendo saber como você está.

Falando isso ele fez uma cara um pouco triste. Acho que estou tão acostumado a afastar as pessoas de mim que não percebi a grosseria em minhas palavras. Dessa vez tinha que fazer diferente. Ele estava sendo a primeira pessoa em eras a falar comigo por espontânea vontade.

Fiquei pensativo por um instante, logo deduzi que se ele estava no portão, e o portão da escola era o lugar que os "populares " gostavam de fazer suas vítimas, provavelmente Rafael era um deles.
Droga, quando penso que vou ter pelo menos um amigo em minha vida, dura instantes e se desfaz. Mas também não posso criar possibilidades de nada, nem conheço esse garoto, pensei. Mas o que será que chamou a atenção dele em mim?

Com vergonha de perguntar isso, escapou de minha boca sem querer:

- Então você faz parte da turma dos brutamontes populares?

Ele me olhou meio espantado mas logo sorriu novamente, (o sorriso dele era divino, tinha as covinhas certinha nos cantos da boca, os lábios eram vermelhos e bem desenhados, um convite de me beije), e respondeu:

- Tecnicamente não. Quero dizer, eu converso com alguns deles mas as atitudes que eles mantêm para com os outros não me agradam muito. Pelo menos não agora que conheci você.

Ao escutar essa frase final um calor subiu pelo meu corpo, pude sentir que estava ficando vermelho de vergonha e o coração acelerou novamente. Não sabia qual a intenção dele en dizer aquilo mas concerteza conseguiu me deixar sem graça. Meio sem jeito levantei da carteira sem falar nada e fui em direção a porta da sala. Precisava sair dali antes que eu entrasse em colapso, eu não estava acostumado com situações assim. Quando levantei percebi que ele me olhou de cima a baixo.
Eu não fazia o tipo atlético de pessoa. Na verdade eu não me achava bonito e nem atraente. Um e setenta e cinci de altura uns setenta e cinco de peso, pele clara, olhos e cabelos castanho escuro. Meu corpo tinha curvas suficientes que quase me fazia parecer uma garota.
Eu fingi que não percebi a olhada que ele me deu e continuei minha "longa" caminhada até a porta (porque em momentos de nervoso tudo parece demorar) mas, rapidamente fui interrompido por um toque em minha cintura e uma voz com um tom sedutor que disse:

- Aonde você vai Edu? Não precisa ficar com vergonha de mim, por favor. Só preciso conhecer você.
WTF?!?!?!?!
Sorte que não tinha ninguém na sala ainda. O que estava acontecendo?

Respirei profundamente e me virei, tentando parecer o mais natural possível para que ele não notasse meu nervosismo e falei:

- Bom, é vou ao banheiro, pelo que parece faltam poucos minutos para o intervalo acabar e querendo ou não eu preciso sair dessa sala um pouco respondi coçando minha nunca para disfarçar o nervoso (nessas horas o banheiro parece sempre ser o melhor amigo).

- Vou com você então, estava mesmo querendo dar uma olhada no espelho, disse ele sem perder aquele sorriso.
Olhei pra ele completamente perdido sem entender qual era a dele e não falei mais nada, apenas segui o caminho até o banheiro, e um turbilhão de pesamentos começaram a surgir na minha cabeça, eu teria que me controlar ou ia acabar dando bandeira demais. Eu não sabia quais eram as intenções dele comigo, até porque eu era virgem então, se ele estivesse dando em cima de mim eu jamais notaria.
Mas logo eu que odeio tanto essa história de pegação e só sexo, será que era isso que ele queria? Será que ele era mais um dos idiotas que pensavam só em curtição? Ou será que é tudo imaginação da minha cabeça e talvez ele nem seja gay? Talvez fosse piada daquele grupo idiota pra acabar com a minha vida.
Parei na porta do banheiro e tentei me acalmar, tirei essas dúvidas todas que martela am minha cabeça incessantemente. Entrei.

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