Aos poucos fui abrindo meus olhos, ainda estava sem noção de nada, consegui sentir meu corpo pouco a pouco, me sentia meio tonto ainda, mas algo me estava estranho. Cadê minhas roupas? Percebi que eu estava com uma blusa de pijama que chegava até os joelhos, levei as mãos aos meus olhos e percebi que também estava sem a maquiagem nos olhos. Estranho, não me lembro de ter chegado em casa. Comecei a reparar ao meu redor, estava deitado em uma cama de casal com um lençol branco e um travesseiro xadrez, uma manta cor vinho bem grande me cobria. Haviam alguns tênis espalhados ao longo do quarto, umas camisetas penduradas no guarda roupas que tinha uma porta aberta onde pude reparar alguns perfumes, creme de pele, gel de cabelo. Pelas paredes pôsteres de futebol se espalhavam e ao lado da cama havia um criado mudo com alguns carros de brinquedo, aqueles de colecionador, e um porta retrato com uma foto. Gente, definitivamente este não é o meu quarto. Onde estou?
Passado a tontura, me sentei na cama e tomei a foto em minhas mãos. Observei por uns instantes, um garoto forte, moreno claro, belo sorriso. Era ele. Era o Rafael. Imediatamente veio flashes na minha mente e me lembrei de tudo, a chegada no colégio, a conversa na sala, no banheiro, recordei imediatamente o momento da saída e, as palavras que ele me dissera soprara em meus ouvidos como uma suave brisa: - Você terá que se acostumar com isso afinal é você que eu quero.
Não era possível, eu estava na casa do Rafael e provavelmente no quarto dele. Uma sensação de ansiedade fez meu coração acelerar, fiquei agoniado uns instantes tentando processar tudo aquilo quando a porta se abriu suavemente e, foi como um anjo celestial que Rafael apareceu com um copo de água na mão, estava vestido com uma camiseta bem cavada num tom azul celeste, uma bermuda branca e sandálias pretas, percebi que ele estava usando uma pulseira que trazia o símbolo do infinito e os cabelos como sempre milimetricamente organizados.
- Que bom que estás acordado, já estava ficando preocupado contigo. Disse Rafael com o mesmo sorriso lindo de sempre.
- É, não funciono bem sob pressão, acho que você percebeu isso. Disse a ele com uma feição indiferente.
- Sim, forcei a barra demais, disse Rafael. Me desculpe por isso. Mas é que foi tudo tão intenso e surpreendente que o calor do momento tomou meus impulsos e acabei machucando você, eu havia dito que não faria nada ruim contigo e olha o que acontece. Os olhos dele se desviaram para o chão e sua cabeça se curvou junto.
Tentei pensar em algo para dizer que não foi culpa dele mas não saiu nada. O silêncio tomou conta alguns segundos.
Ele veio caminhando até a cama, me entregou o copo com água e se sentou do meu lado.
Tomei um pouco da água e coloquei o copo no criado. Comecei a olhar para Rafael que logo pegou minha mão e a segurou com uma firme delicadeza. Em seguida já o perguntei:
- Onde exatamente eu estou? O que aconteceu ontem e como vim parar aqui?
Ele deu um suspiro profundo, seu semblante meio triste mudou para traços de atenção e as palavras começaram a sair, suaves como seda:
- Bem, quando você caiu, imediatamente eu te tomei nos braços, meus olhos se encheram de lágrimas e comecei a te chamar mas você não acordava. Algumas poucas pessoas tentaram me ajudar mas nada resolveram. Então decidi trazer você para minha casa já que estava mais perto e eu não sabia onde você morava.
Rafael ficou pensativo uns instantes, olhando para o nada, e eu comecei a me preocupar por meus pais que não sabiam onde eu estava, apesar de eles não se importarem comigo.
- E meus pais, sabem de algo? Perguntei.
- Sim, eu peguei seu celular ontem e mandei uma mensagem para sua mãe dizendo que você ia dormir na casa de um amigo para fazer umas tarefas. Ela pareceu não se importar muito porque não ligou nem respondeu a mensagem. Ao dizer isso ele fez uma expressão triste e inconformado, parecendo estar incomodado com algo.
- Não me estranha a falta de preocupação da minha família, disse a ele numa expressão de indiferença. Mas logo olhei nos olhos dele espantado e perguntei:
- Mas como assim ontem? Passei a noite aqui? e seus pais?
Ele me olhou com uma expressão despreocupada e bem relaxada:
- Relaxa, meus pais são da paz, além disso eu não pensei em consequências, só pensei no seu bem estar, e outra, quando cheguei em casa com você ontem meus pais haviam deixado um recado na secretária eletrônica dizendo que tinham ido viajar a trabalho, isso acontece muito, então não se preocupe, estamos "só nós dois" aqui em casa.
Quando ele disse isso, milhões de ideias não muito convenientes atacaram meus pensamentos e meu rosto corou instantaneamente, rapidamente desviei meu olhar para que ele não notasse mas foi em vão.
- Porque você ficou vermelho? Ele disse com um sorriso lerdo pegando no meu queixo e virando meu rosto fazendo nossos olhos se encontrarem.
- Não nada, respirei fundo e dei um sorriso de lado. É que nós dois sozinhos na casa, e eu acordo vestido assim no seu quarto, posso duvidar que ainda sou virgem. Me arrependi do que disse no momento em que fechei a boca. Que vergonha!
Rafael deu uma risada bem safada e me olhou com mais malícia ainda, colocando a mão na minha perna que estava descoberta por eu ter sentado e a camiseta ter subido, dei um pulo leve involuntariamente quando sua mão tocou minha pele, ele pareceu não ter se incomodado com isso:
- Calma, você está seladinho. Eu deitei você em minha cama e achei melhor deixar mais espaço para você descansar melhor, aproveitei que meus pais viajaram e deitei no quarto deles que é logo ao lado. Mas não consegui dormir direito, toda hora eu vinha ver se você estava bem.
Cada vez que Rafael falava comigo parecia que um por cento do meu coração ia se iluminando, eu me sentia tão completo.
- Bom, eu preparei um café da manhã lá na cozinha para nós, disse ele pegando minha mão e levantando da cama, fui instantaneamente junto com ele.
Quando fiquei em pé ele me abraçou e me deu um beijo na testa, seus lábios eram tão macios e quentes, retribui com um beijo em seu rosto, mas logo esse clima diminuiria. Era hora de analisar todo o ocorrido naquelas vinte e quatro horas entre a gente:
- Rafael espere, eu disse em um tom mais sério, precisamos conversar sobre esses acontecimentos prematuros que ocorreram com a gente de ontem para hoje. Estou confuso e em dúvida com muitas coisas. É hora da realidade e das verdades.
Ele me olhou bem fundo nos olhos, pude sentir a tristeza que o invadiu no momento que eu disse as palavras e imediatamente ele me soltou e foi caminhando para a cozinha com os olhos cheio de lágrimas. O segui.
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AmOr NãO CoNvEnCiOnAl (Romance Gay)
Любовные романы"Olhos castanhos que por uns instantes me hipnotizaram. Gelei de cima em baixo e o coração acelerou. - Olá, sou o Rafael, estudo na sala ao lado." Esta obra se trata de um rascunho que estou fazendo de acordo com as ideias que vão vindo em minha me...