Pensamentos... O Pior Inimigo

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As palavras que Rafael me disse, os gestos e o carinho que tivera comigo, será que eram verdades? Ele estava sendo honesto em tudo que me disse? Ou Será que era apenas mais uma palhaçada daquela turma de otários? Aconteceu tudo tão rápido! E Eu nem sou bonito para alguém se interessar de cara por mim, olha como eu me visto. Acho que  isolar-me dessa forma me tornou uma pessoa muito suscetível.
Um disparate de hipóteses acertavam minha cabeça e enquanto o professor tentava dar a sua aula para a turma de ogros Eu fazia um esforço maior para prestar atenção na aula, mas o acontecido ficava rodando em minha cabeça o tempo todo e acabei desistindo de assistir aula naquele dia. Resolvi abaixar a cabeça na carteira e tentar relaxar um pouco pois já estava ficando exasperado com tudo aquilo.
A falta de autoestima é algo perigoso. Você nunca sabe onde está andando, não confia em ninguém, não se sente bem consigo mesmo.
Eu criei hipóteses demais e estava me tornando o meu próprio sabotador.

De repente a luz no fim do túnel, o sinal do fim da aula finalmente tocou.
Todos se levantaram como loucos e saíram gritando, como sempre, e o professor, com um suspiro de alívio profundo deixou a sala em seguida.

Acordei daquela aflição de pensamentos e fiquei por um tempo na sala escutando o alvoroço dos alunos lá fora e, instantaneamente, veio na cabeça "finalmente hora de ir embora", bom nem tanto assim.

Juntei meus materiais, respirei fundo, peguei todos aqueles pensamentos e tentei arquiva-los em uma parte inacessível da minha mente, mas insistiam em me acompanhar, então desisti e segui rumo a porta.
No momento que pisei o pé porta a fora dei de cara com Rafael que parecia ansioso a minha espera.
Franzi a testa um pouco confuso já que os "ditos amigos" dele já estavam lá fora e disse ainda surpreso:
- Ué , ainda por aqui, não deveria estar lá fora com seus amigos não? (no fundo não era isso que eu queria dizer mas, eu precisava evitar certos sentimentos, pelo menos por enquanto)
Ele me olhou com um olhar meio desanimado como se tivesse ficado chateado com a pergunta, mas logo colocou aquele sorriso adorável no rosto e me respondeu

-Sim, até deveria, se eu não tivesse conhecido você, mas como conheci, eu tenho que estar aqui te esperando - disse ele piscando um olho.

Me arrepiei todo escutando isso, coração disparou, não é todo dia que alguém fala isso para mim, aliás nem raramente e nem nunca. Aquilo estava sendo surreal.
Pude sentir a confiança aumentar um pouco mais dentro de mim. Ele não estaria perdendo tanto tempo, me esperando, vindo atrás de mim, apenas para fazer graça aos colegas, seria uma sina muito grande minha se fosse isso. Queria beijá-lo ali mesmo, sem pudor, sem receio, apesar de nunca ter feito isso antes. Não sei que sentimento foi esse que se difundiu dentro de mim, nunca tive experiência com sentimentos, pelo menos não bons, e isso fez com que os pensamentos pessimistas voltassem em minha mente e, um pouco grosseiro, mas sem querer, eu disse:

-Rafael, você não acha que vai ficar um pouco ridículo andando comigo por aí não? Repara bem em mim, Olha como sou estranho, ninguém aqui gosta de mim, não tenho amigos, todo mundo me olha torto como se eu não merecesse estar nesse mundo, você pode até ser crucificado comigo, não quero isso para você, seria injusto - lágrimas já se formavam em meus olhos. O nervosismo que eu estava sentindo pelo momento estava me deixando irritado, não queria ser grosso com ele, mas era inevitável, é como se fosse um modo de defesa que eu criei depois de ser tão rejeitado pelas pessoas.
As lágrimas caíram enquanto minha respiração ficava pesada fazendo com que eu fechasse meus olhos.
Pude ouvir ele  suspirando profundamente, mas mantive meus olhos fechados. Ele então se aproximou mais de mim, pegou uma de minhas mãos e levantou meu queixo com a outra fazendo eu olhá-lo e sem receio disse
- Eduardo, preciso que você entenda, o que me atraiu em você é justamente você ser assim como é, eu sonhava com você antes mesmo de te conhecer, e agora que você está aqui não quero perder tempo escondendo nada - novamente um suspiro pesado vindo dele. Os corredores ainda estavam cheios, e os olhares em nossa direção eram avassaladores, e para não me intimidar, voltei meus olhos aos dele que continuou
- Não foi uma coincidência eu ter sido transferido para este colégio. Foi um pedido meu para meus pais. De alguma forma eu senti que neste ano era aqui que eu deveria estar. Do momento que você entrou por aquele portão e me olhou, eu pude entender o porquê eu deveria estar aqui. Você vai ser o motivo para eu continuar - pude perceber o sorriso em seu rosto ao dizer isso.
Mas minha mente ainda me traia com pensamentos negativos e simplesmente insisti

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