Aranhas Radioativas e Kryptonita

72 5 0
                                    

Encostado no portal da entrada da cozinha o observei. Rafael estava sentado com um copo de chá na mão e sobre a mesa havia pães, doces, frutas, a chaleira, uma garrafa com café e alguns guardanapos. A cozinha era ampla, branca, com um grande armário atrás de Rafael, o piso era um porcelanato espelhado bem bonito, haviam alguns pequenos vasos com flores rosas, vermelhas e amarelas na janela que ficava acima da pia. Rafael viu que eu estava calado apenas o observando. Quando deixei de reparar o ambiente, pousei meu olhar sobre ele e percebi que ele já estava me olhando. Corei instantaneamente.

- Não seria mais confortável me olhar sentado, Edu? Ele me perguntou tentando quebrar o clima tenso. Percebi que a tristeza dele havia passado, bem rápido por sinal. Dei um leve sorriso como resposta a ele, puxei a cadeira e me acomodei de forma que eu ficasse de frente para ele. A mesa não era muito grande, o tamanho suficiente para ele alcançar minha mão.

- Quer que eu te sirva? Preparei tudo para você, quero que aproveite, deve comer bem, ainda mais pelo susto de ontem, Rafael falava enquanto colocava o chá em uma xícara de porcelana branca bem delicada. 

-Obrigado, você é muito gentil, respondi tentando não encará-lo.

Me servi de um pão de queijo e um doce, não estava com muita fome, sem contar a vergonha que estava sentido por estar tomando café da manhã com um garoto que eu nem conhecia direito. Achei melhor esperar ele terminar o café comigo em paz, sem puxar nenhuma conversa. Na minha mente um milhão de dúvidas piscavam em luzes fortes e brilhantes, mas preferi não pesar o ambiente naquele momento.

Reparei que Rafael já estava bem relaxado novamente, e enquanto comia não tirarava os olhos de mim, com um sorriso tão meigo, mas a vergonha não me deixava admirá-lo da mesma forma, eu o olhava de relances e ficava mais vermelho ainda quando percebia que ele nem piscava.

............................

- Você fica uma gracinha assim, com vergonha, dá vontade de ...... Ele não terminou a frase. Já terminou de comer? Disse Rafael se levantando com a xícara dele mão e levando a pia.

-Já terminei sim, estava ótimo, obrigado por ter preparado isso para mim. Não é todo dia que alguém me faz isso. Respondi dando um suspiro profundo e olhando para ele.

- Mas você não comeu quase nada, falei que era pra você comer bem, Edu. Não se preocupe por você estar tomando café da manhã com um garoto que você mal conhece, como já te falei eu não te farei mal, você é e será muito importante para mim de agora em diante , Ele disse vindo em minha direção e pegando na minha mão direita.

Senti um frio na barriga ao ouvir as suas palavras junto com o toque de sua mão. Estranho, como ele disse exatamente o que eu havia pensado?

Com o toque de sua mão Eu ignorei tudo ao nosso redor, os pais dele, os meus, a casa, a escola. Era como se  estivéssemos suspensos no ar  sem nada ao redor, somente eu e ele. Era uma sensação incomum e gostosa. Quando ele soltou a minha mão para se sentar ao meu lado foi como se eu estivesse caído no chão e rapidamente lembrei das coisas que a pouco eu estava ignorando. Me senti um pouco tonto, que loucura!

-Então Edu, pode me dizer o que está sentindo agora? Percebo seu coração acelerado, sua respiração está um pouco ofegante, eu fiz algo? Rafael me perguntou na maior tranquilidade possível, me deixando pasmo.

Como eu ia explicar a ele o que acabara de sentir? O pior é que ele me perguntou como se já soubesse a resposta, ao deduzir isso comecei a perder os sentidos .... NÃO É POSSÍVEL!

...................

Milhões de coisas rondaram minha mente antes de eu dizer algo, mas tive que desconsiderar tudo se eu quisesse dar uma resposta normal.

- Bem, eu .... Fiquei olhando ao redor da cozinha tentando não encontrar os olhos de Rafael .... eu senti como se .... Ah, foi tipo .... Porque você está fazendo isso comigo? Perguntei grosseiramente a ele. Meu humor mudou radicalmente em questão de segundos, me arrependi de falar com ele assim mas foi inevitável.

- Nossa, me desculpe Edu, só havia pensado que você estava passando mal novamente, você estava pálido, não foi minha intenção te irritar, disse Rafael pegando na minha mão novamente e dessa vez com um beijo nela, e novamemte a sensação veio tomando toda minha mente, eu e ele flutuando. Que pena, não deveria ter falado assim com ele.

Ao soltar de nossas mãos voltei a realidade, ele se levantou indo pegar um pouco mais de chá para mim. Comecei a observar o nada e descartei tudo que eu estava pensando, ele só queria saber se eu estava me sentindo bem. Que idiota que eu sou. Dei um suspiro profundo e voltei meus olhos a Rafael:

- Porquê eu? Perguntei a ele com uma expressão de desentendido. Quero dizer, o que você pretende comigo, mal nos conhecemos e olha onde já estamos, normalmente estaríamos ainda na fase dos olhares, você provavelmente me pedindo para me vestir e me comportar como uma pessoa comum, tentando ser o mais discreto possível, eu igual um bobo fazendo tudo que você pedisse.... Eu ia falando coisa atrás de coisa em um desespero incontrolável, mas o dedo delicadamente colocado em meus lábios, por Rafael, me calou.

Ele segurou meu queixo gentilmente fazendo nossos olhares se encontrarem e sem rodeios ele me falou:

- Já faz um tempo que eu espero por você, senhor Eduardo.

AmOr NãO CoNvEnCiOnAl (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora