Ainda estava me sentindo muito atordoado pelo que havia acontecido com o meu pai. Não conseguia parar de chorar e nem de pensar nas palavras que meu pai havia me falado. Como elas pesavam em minha consciência. Não sei se me sentia culpado por tudo que eu disse a ele; talvez as minhas palavras tivessem provocado todo esse tormento, talvez não fosse nem a hora e nem a forma certa de contar que eu era Gay, e que estava com Rafael. Tudo isso foram situações demais para meu pai entender. Pensar assim só fez me sentir pior do que eu já estava, comecei a pesar a consciência por tudo que tinha acontecido. Mas não sou, não tenho culpa de ter nascido Gay, as pessoas dizem que isso é uma escolha. Escolha o cacete. Quem, em sã consciência escolheria passar por todo esse preconceito, enfrentar violência tanto física quanto verbal, sofrimento psicológico? Sempre tive o pensamento de que "Quem não é gay nunca saberá de verdade o significado dessa palavra". Fiquei olhando para a paisagem em movimento fora do carro. As pessoas andando tranquilamente pelas ruas, sorrindo, aparentemente felizes. Como é estranho isso, elas nem poderiam imaginar o sufoco que eu estava sentindo, e nem eu conseguiria imaginar o motivo da alegria delas. É tudo tão individual que parece que não importa quantas pessoas temos ao nosso lado, sempre estaremos sozinhos. Suspirei profundamente e senti o toque suave da mão de Rafael sobre a minha. Ele já estava calmo, mas sua expressão era séria, aparentemente com traços de raiva. Não havíamos conversado mais nada desde que saímos. O único som era nossa respiração, o vento e o movimento do lado de fora.
- Você está bem meu amor? perguntou Rafa, com a voz mais suave e um pouco de hesitação.
Apenas balancei minha cabeça positivamente como resposta. Não cheguei a olhar pra Ele.
Rafa sabe, quando respondo assim é porquê não quero estender o assunto. O bom é que ele me compreende. A presença dele ali do meu lado me acalmava mais. Me sentia protegido, amado da forma que sou.
-Não se preocupe, disse Ele apertando minha mão, enquanto estivermos juntos farei coisas boas acontecerem para nós.
Ele falando isso fez um sorriso aparecer timidamente no canto de minha boca. Meu coração voltou a bater calmamente e uma faísca de felicidade foi acendendo dentro de mim. Percebi pelo caminho que Rafa não estava nos levando para a casa dele. Comecei a ficar apreensivo.
- Não estamos indo para sua casa? Perguntei curioso a ele.
-Não não. Quero te levar em um lugar legal pra você colocar suas ideias no lugar. Tenho uma proposta a lhe fazer. Quero que seja em um lugar bacana. Rafa me falou sorrindo; ele parecia animado com o que estava fazendo. Eu, por outro lado fiquei um pouco surpreso e ansioso para saber que proposta era essa. Do pouco que conhecia Rafael já havia percebido que ele era imprevisível. Quando você menos espera Ele te surpreende. Eu via isso como algo bom nEle, acho que Ele também gostava de ser assim.
Algum tempo depois, já estávamos nos afastando um pouco da cidade, mas em seguida, logo adiante surgiu diante de nós um bosque. Aparentemente era bem grande, tinha bastante árvores, plantas diversas, flores. Só de olhar para aquele lugar já me senti um pouco em paz. Eu nem tinha conhecimento daquele lugar ali na nossa cidade, e isso porquê eu já morava ali faziam longos anos. O carro foi chegando mais perto e mais perto do lugar, até que Rafa estacionou e parou o carro.
- Surpresa. Disse ele me olhando e sorrindo. O olhei, e ele parecia mais animado do que eu. acabei rindo da expressão de criança feliz que ele fazia. Rafael tinha uma aura tão positiva, que eu podia sentir a vibração de energia positiva que ele transmitia. Ficar perto dele sempre me deixava bem, em paz.
Descemos do carro, e ainda continuei curioso- Então, porque me trouxe aqui? Perguntei em dúvida.
- Quero que você esqueça o que aconteceu, pelo menos um momento. Faltamos aula para aproveitar o dia e é isso que vamos fazer, aproveitar o dia, Rafael falou todo empolgado segurando minha mão e me conduzindo a entrada do bosque.
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AmOr NãO CoNvEnCiOnAl (Romance Gay)
Romance"Olhos castanhos que por uns instantes me hipnotizaram. Gelei de cima em baixo e o coração acelerou. - Olá, sou o Rafael, estudo na sala ao lado." Esta obra se trata de um rascunho que estou fazendo de acordo com as ideias que vão vindo em minha me...