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Dᴏᴠᴇ POV
Sᴇᴛᴇᴍʙʀᴏ ᴅᴇ 2023
Mɪᴀᴍɪ, Fʟᴏ́ʀɪᴅᴀ

A verdade é que sou apenas um tradutor de silêncio, a vida tatuou-me nos olhos janelas em que me transcrevo e apago. O ditado é certo, não podemos nos curar no mesmo ambiente em que adoecemos; incontáveis vezes fui boa demais com pessoas que não mereciam, mas é aquilo o processo é longo, desistir agora não irá acelerar as coisas. Por trás de cada lâmina, corte e cicatriz. Existe uma pequena garota que sonhava com o amor e ser amada como todas as princesas dos contos de fada que apesar das dificuldades tinham seu "felizes para sempre". Mas hoje só resta vazio e dor, a dor de nunca ser amada e não conseguir se amar; sempre pensei em planos para minha vida, mas nenhum deles era tudo que sou hoje, uma grande nada.

Hoje só resta dor, vazio e vontade de desistir ou apenas vagar pelas ruas da cidade, as quais nunca são capazes de me preencher. Todos esses cortes e cicatriz nunca foram capazes de doer, mas que todas as dores que as pessoas me causaram. Afinal se ferir dói sempre menos, que ser ferida e dilacerada por simplesmente amar ou porque nunca será capaz de me amar novamente. A noite estava bonita, o vento forte adentrava aquele grande espaço, arrepiando a minha pele, mas ainda, era incrível. Na cidade não havia nada daquilo, a selva de pedra tomava conta de todo o espaço. Eu poderia me permitir desfrutar, nem que seja um pouco.

Era errado estar aliviada por aquele homem ser desmascarado?

Não suportava mais a nossa relação...

- Eu queria poder estar com você – Cam lamentou, mas o que ele não sabia era que ouvir sua voz me deixava melhor.

- Queria que estivesse aqui – a égua que me encarava há vários minutos, relinchou e parecia estar atenta a minha conversa.

- Onde você tá? – olhei para o animal, que me mexeu as orelhas. Seu nome estava gravado na porta de sua baia. Safira fofoqueira.

- No estábulo, tem uma égua e ela é muito linda, você precisa ver – levantei, indo até ela com certo receio. Toquei em sua crina e ela permaneceu a me encarar.

- Credo! Eu morro de medo... – me fez rir.

- Isso me faz recordar de uma bela história – provoquei.

- Não me lembre disso, até hoje sinto dores nas costas... - disse.

- Dov? – Claire surgiu na porteira. Ela esfregava as mãos freneticamente, denunciando que estava inquieta - Podemos conversar?

- Amiga, conversa com ela. Vocês são irmãs, ela merece se explicar ou ao menos pedir perdão – disse. Ele tinha razão.

- Vou desligar, eu te ligo amanhã - falei.

- Tudo bem e vê se pega leve. Te amo - proferiu.

- Também te amo – encerrei a ligação.

- Apesar de tudo isso, de ter descoberto que o cara que eu venerei é um ser mal caráter, saber que temos também um laço sanguíneo me deixa muito feliz. Mais que isso... Não que faça alguma diferença, você é a minha irmã e nada mudaria isso. Eu sei, sei que foi errado te esconder essa merda toda... Droga, deveríamos ter te contado, ter feito diferente. Eu sinto muito... – falou de uma vez, quase não respirava – Me perdoa?

We Go Down Together - Dofia (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora